Os “direitos históricos” da “Amigos do Coliseu do Porto”, a associação sem fins lucrativos que gere o Coliseu portuense, deverão ser mantidos, garantiu esta terça-feira Rui Moreira, mas a Câmara do Porto (que integra a associação e a que Moreira preside) está a ultimar uma “solução jurídica” que lhe permita passar a poder “intervir e investir” no coliseu portuense — “o que neste momento não pode acontecer, por razões estritamente legais”, lembrou o presidente do município esta quarta-feira, em conferência de imprensa.

O objetivo da câmara passa por ajudar a financiar obras urgentes, que deverão custar mais de seis milhões de euros. Garantindo que tem um acordo com o Governo para o financiamento dos trabalhos de requalificação, Rui Moreira explicou que falta a associação gestora dar o seu aval à proposta, em Assembleia Geral. Tudo indica, contudo, que a proposta venha a ser aprovada. A maior representante privada na associação “Amigos do Coliseu do Porto”, a Ageas Portugal, pretende ainda investir 900 mil euros num patrocínio de três anos (que poderá ser renovado por mais três anos, pelo mesmo valor). Este inclui a mudança do nome do espaço para Coliseu Porto Ageas.

O Coliseu precisa de obras que o mantenham de pé por longos anos. A Câmara do Porto fará o que for preciso para que se mantenha de pé, mantendo a sua função, o seu charme e a sua glória”, disse Rui Moreira.

Dia 9 de Abril, em Assembleia Geral, a associação “Amigos do Coliseu do Porto” irá tomar uma decisão quanto ao novo modelo de gestão do espaço (necessário para que possa existir investimento público na requalificação da sala) e quanto ao patrocínio e contrato de naming da Ageas Portugal (herdeira da AXA, que, lembrou Moreira, “em tempos imaginou vender o edifício e agora corrige a história”). Além desta seguradora e do município do Porto, integram ainda a associação a Secretaria de Estado da Cultura e a Área Metropolitana do Porto. O presidente da câmara portuense adiantou que já conversou com as duas entidades e que estas “estão igualmente disponíveis para fazerem parte — cada uma na sua medida e possibilidades futuras — desta solução”.

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Não é possível, nem no Porto nem em qualquer outra parte do mundo, viabilizar no setor cultural investimentos como os que aqui são necessários, e que podemos calcular acima dos 6 milhões de euros. A menos que haja investimento público. Esse investimento público, que a Câmara do Porto quer fazer e que a Câmara do Porto pode fazer, não deve contudo ser insustentável e não contar, na parte em que é expectável que conte, com investimento privado”, apontou o presidente do município do Porto.

O novo modelo de gestão pressupõe “um trespasse que garanta os direitos históricos da associação, dos seus recursos humanos, da sua direção, mas que endosse ao Município a responsabilidade de intervir e gerir”, referiu Rui Moreira, referindo que se trata de “conciliar vontades: a vontade da Câmara em investir parte do que é necessário e o interesse privado da Ageas, fazendo o que tão bem sabe fazer, que é rentabilizar os seus investimentos, com responsabilidade social e cultural”.

“Gostaria de poder anunciar aqui que temos, na Câmara, já todos os instrumentos de gestão necessários para o fazer. Ainda não temos. Mas, como sou um otimista, como acredito muito no nosso trabalho, como não gosto de desistir, como sei que temos razão, conto ter esse instrumento muito brevemente”, referiu ainda Rui Moreira

Eduardo Paz Barroso, presidente da “Amigos do Coliseu do Porto”, referiu que o modelo de gestão do espaço “esgotou-se”. A associação gestora “é capaz de gerir, e continuará a fazê-lo, mas não é capaz — e isso compreende-se — de gerar recursos para fazer obras estruturais”. As mudanças são “um desafiado adiadado há anos, e que por isso está a atingir o limite”, referiu o presidente do Coliseu, congratulando-se ainda pela resposta dos quatro associados: “Felizmente, todos estão de acordo: a Câmara do Porto, a Área Metropolitana e o Ministério da Cultura, reforçados hoje pelo valor do maior associado privado do Coliseu, que é a Ageas. Há vontade política e cabe à direcção encontrar o melhor caminho”.