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O mundo de Rafa, onde falhar oportunidades dá direito a desconto(s): a crónica do Estoril-Benfica

Este artigo tem mais de 5 anos

Benfica foi ao Estoril e voltou a vencer aos 90+2' (2-1). O golo foi de Salvio mas podia ter sido de Rafa, aquele jogador de características únicas que desafia a ténue linha entre ser herói ou vilão.

Salvio entrou a 20 minutos do fim e resolveu nos descontos com um cabeceamento na área à ponta de lança
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Salvio entrou a 20 minutos do fim e resolveu nos descontos com um cabeceamento na área à ponta de lança

MÁRIO CRUZ/LUSA

Salvio entrou a 20 minutos do fim e resolveu nos descontos com um cabeceamento na área à ponta de lança

MÁRIO CRUZ/LUSA

Há dois grandes momentos que marcam este Estoril-Benfica e tudo o que aconteceu ao longo dos 90 minutos de jogo. E o primeiro já tem uma semana, sem que isso belisque em nada a sua atualidade.

https://observador.pt/2018/04/21/estoril-benfica-encarnados-tentam-voltar-ao-primeiro-lugar-do-campeonato-a-condicao/

No terreno do sempre complicado Portimonense, uma das equipas que melhor e mais interessante futebol apresenta nesta Primeira Liga, o Estoril quebrou uma série de oito encontros sem vencer (dois empates, seis derrotas) com um golo de Halliche e, no final, a imagem que ficou foi a dos adeptos que se deslocaram ao Algarve, alguns que viram o jogo em tronco nu, a baterem com a mão no peito de forma emocionada elogiando o espírito guerreiro da equipa. Os canarinhos, mesmo ficando ainda na zona de despromoção, voltaram a acreditar. No dia seguinte, o clássico acabou por ser decidido ao minuto 90 com um golo do mexicano Herrera que tirou a liderança ao Benfica e, no final, a imagem que ficou foi a dos adeptos que encheram a Luz a aplaudir na mesma o esforço da equipa no duelo com o FC Porto. As águias, mesmo ficando agora a depender de terceiros, continuavam a acreditar.

Na antecâmara do encontro, as conferências de imprensa contaram com os dois técnicos ao ataque. “Até posso passar por maluco, mas não mudo a minha ideia de jogo. Só vamos estar num bloco mais baixo se formos obrigados, vou continuar a defender a minha ideia de jogo, a provocar isso nos meus atletas e faço disso a minha imagem e a do Estoril”, atirou Ivo Vieira. Objetivo? Continuar a somar pontos para acabar fora da despromoção no final das últimas quatro jornadas. “Antes da derrota com o FC Porto tivemos nove vitórias seguidas. Alguém questionou as minhas substituições? Esta semana fiz 48 anos e não 18, não brinquem comigo! (…) Não andámos esta semana aos pinotes nem a tomar calmantes, logo no primeiro dia trabalhámos de forma afincada. Os meus jogadores disseram-me que estão prontos para o que aí vem e isto ainda não acabou!”, destacou Rui Vitória. Objetivo? Continua a somar vitórias na esperança de acabar em primeiro no final das últimas quatro jornadas.

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Ficha de jogo

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Estoril-Benfica, 1-2

31.ª jornada da Primeira Liga

Estádio António Coimbra da Mota, no Estoril

Árbitro: Hugo Miguel (AF Lisboa)

Estoril: Renan; Fernando Fonseca, Halliche, Dankler, Ailton; Duarte Valente, Gonçalo Santos (Bruno Gomes, 43′); Allano (Matheus Savio, 66′), Lucas Evangelista, Ewandro e Eduardo (Matheus Índio, 77′)

Suplentes não utilizados: Moreira, Pedro Monteiro, Joel Ferreira e Jorman

Treinador: Ivo Vieira

Benfica: Bruno Varela; André Almeida, Rúben Dias, Jardel, Grimaldo; Fejsa, Pizzi (Seferovic, 80′), Zivkovic; Rafa, Cervi (Salvio, 71′) e Raúl Jiménez (Samaris, 90+6′)

Suplentes não utilizados: Svilar, Luisão, João Carvalho e Diogo Gonçalves

Treinador: Rui Vitória

Golos: Rafa (9′), Halliche (63′) e Salvio (90+2′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Ailton (23′), Allano (51′), André Almeida (72′), Eduardo (74′), Duarte Valente (86′), Salvio (90+3′) e Bruno Varela (90+6′)

No entanto, só um poderia levar a melhor. Pelo que o Estoril não fez na primeira parte, merecia perder; pelo que fez na segunda metade, a derrota acaba por ser um castigo pesado, ainda para mais nas circunstâncias em que foi. Para o Benfica, foi mais um sábado como o de Setúbal, há duas semanas: ganhou avanço, foi perdendo oportunidades mas não desaproveitou os descontos e saiu da Amoreira com um triunfo por 2-1 que o coloca na liderança da Liga à condição pelo menos durante 48 horas, altura em que o FC Porto entra em campo no Dragão frente ao V. Setúbal. “Com todo o respeito pelo adversário, isto foi uma goleada por 2-1”, atirou Rui Vitória no final do jogo.

[clique nas imagens para ver os melhores momentos do Estoril-Benfica em vídeo]

O Benfica adiantou-se no marcador logo na primeira oportunidade que teve, com Zivkovic a ler bem o jogo no corredor central, a lançar Rafa no espaço entre o central Halliche e o lateral Ailton e o internacional português a rematar cruzado para o 1-0 logo aos nove minutos do encontro. E confirmou-se aquilo que parece ser uma regra e se explica também pela ideia de jogo na Luz ou jogando fora: o avançado só marca na condição de visitante.

A meio da primeira parte, o mesmo Rafa tentou a sorte de fora da área, ao lado (25′), mas o Estoril não mostrava nenhum sinal de reação, até por ter mantido um erro crasso em termos estruturais que permitiu aos encarnados controlarem por completo o encontro como queriam: sem pressão na saída de bola pelos centrais ou na primeira fase de construção do corredor central, com Fejsa ou Pizzi, os canarinhos foram sempre um conjunto partido, que dava uns sinais de ameaça (sem entrar na área de Bruno Varela) através de iniciativas dos dois melhores jogadores em termos técnicos (Lucas Evangelista e Allano) e pouco mais.

No entanto, verdade seja dita, se o Estoril fez uma primeira parte muito, muito abaixo do esperado, o Benfica também não fez uma daquelas exibições de encher o olho, longe disso: o conjunto de Rui Vitória foi autoritário, seguro e muito competente na forma como conseguiu gerir os tempos e ritmos de jogo, mas andou abaixo em termos de qualidade de produção ofensiva comparando com a maioria dos nove encontros consecutivos que conseguiu vencer antes da derrota no clássico. Exemplo disso foi uma bola de Raúl Jiménez aos 41′, em que o mexicano conseguiu ganhar a bola ao central Dankler, saiu num lance de 3×2 mas embrulhou-se com a bola e acabou por desperdiçar a superioridade numérica que tinha para causar perigo junto à baliza de Renan. Antes, o substituto de Jonas tinha pedido grande penalidade num lance em que foi atingido na cara por Ailton com o braço.

O segundo tempo começou de forma diferente. Diferente ao ponto de, nos primeiros cinco minutos, o Estoril ter desperdiçado uma ocasião flagrante (Allano, após cruzamento de Lucas Evangelista da esquerda, falhou um cabeceamento à entrada da pequena área) e marcado um golo que foi invalidado por fora de jogo a Allano (50′). Diferente ao ponto de, nos primeiros dez minutos, o Estoril ter rondado os 70% de posse. Diferente ao ponto de, ao longo desses 45 minutos mais descontos, ter sido frequente haver perigo sempre que entrava no último terço.

O jogo partiu de vez e os solavancos que Zivkovic conseguia dar a partir do meio-campo quebravam por completo a primeira barreira defensiva dos canarinhos, que ficavam expostos e muitas vezes com o mesmo número de unidades defensivas perante as transições atacantes dos encarnados. Rafa foi sempre a unidade em foco, pelo mérito que tinha de explorar a profundidade em velocidade nas costas da defesa contrária e pelo demérito de ter desperdiçado oportunidades atrás de oportunidades, com destaque também para o guarda-redes Renan. Mais uma vez, o internacional português, um dos maiores investimentos de sempre do clube da Luz que, enquanto unidade ofensiva, tem características únicas, desafiou aquela ténue linha entre ser um herói ou o vilão. Até porque, pelo meio, Halliche marcou um golo igualzinho ao que tinha marcado em Portimão após um livre (63′).

O Estoril também teve o seu momento que poderia mudar tudo, mas o remate de Lucas Evangelista bateu no poste. Assim como Jiménez teve mais uma chance flagrante, antes de Rafa falhar a recarga. Mais uma vez, tal e qual como em Setúbal, o empate que colocaria as contas pelo título praticamente em xeque acabou por transformar-se num mate ao adversário: após um cruzamento de Grimaldo na esquerda, Salvio surgiu na área como um ponta de lança e desviou de cabeça para o poste mais distante, apontando o 2-1 aos 90+2′ que acabou por dar mais uma vitória com muito sofrimento à mistura de uma equipa apostada em levar a decisão do Campeonato até ao último minuto da última jornada. Que é como quem diz, até aos descontos. E Rafa, que tinha feito o lançamento lateral a correr para o lateral espanhol, respirou fundo e caiu no relvado, esgotado pelos 90 minutos com a corda toda.

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