A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) promove, até ao final de maio, a pintura de murais em várias cidades do país, para inspirar e envolver os portugueses no apoio à seleção nacional de futebol no Mundial 2018. O projeto decorre no âmbito do movimento “Conquista o Sonho”, lançado pela Federação, com o campeonato na Rússia, que decorrerá de 14 de junho a 15 de julho, a dar o mote.

A primeira parede está a ser pintada na Covilhã, cidade onde a equipa das “quinas” estagiou para o Mundial da África do Sul. O autor é Pedro Campiche, conhecido no meio artístico como AKA Corleone. Durante o próximo mês está previsto a iniciativa passar por cidades de norte e sul do país, com intervenções de artistas urbanos nacionais de renome, como Samina ou Add Fuel. A próxima ação está marcada para 08 de maio, em Portimão.

Em cima da grua, AKA Corleone, com a camisola da equipa nacional vestida, já tem o esboço desenhado na parede de 17 metros de altura por 12 metros de largura e vai preenchendo com cores vivas um jogador a hastear uma bandeira, Camões a erguer um cachecol, Dom Afonso Henriques junto aos restantes adeptos e uma caravela a navegar no sentido do futebolista.

“Esta parede remete, de certa forma, para a época dos Descobrimentos. Olhei para a seleção como os novos conquistadores, juntando elementos da história de Portugal e aludindo a um espírito português que está a apoiar a equipa no Mundial”, explicou esta quinta-feira, em declarações à agência Lusa, AKA Corleone. Na peça de arte urbana, que passa a ser a de maior dimensão na Covilhã, está escrito “Conquista o Sonho” e as palavras “Portugal” e “acredita”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“São palavras que podem ser ditas por quem está a ver um jogo no café ou no estádio”, explica o artista, que destaca a aceitação que a arte urbana tem junto da maioria das pessoas e o impacto que causa, não deixando “ninguém indiferente”. Durante o processo AKA Corleone tem usado a camisola da seleção para que fique, propositadamente, com os salpicos das cores da parede. No final, gostava que ela se destinasse a uma causa nobre.

A curadoria do projeto, “quase um festival de arte urbana a nível nacional”, está a cargo de Lara Seixo Rodrigues, da Mistaker Maker, desafiada pela FPF a passar a mensagem, com referências associadas “à portugalidade”.

“A mensagem vai muito além do futebol. Tem a ver com uma forma de vida. Toda a gente se pode identificar com este mote. Queremos transmitir que o ato de conquistar um sonho implica uma ação, uma ambição. Não que seja algo fácil ou imediato e o Cristiano Ronaldo serve-nos de exemplo do que é necessário para se ser o melhor, ele é o exemplo de que a sorte dá muito trabalho”, realça a responsável pela operacionalização da ideia da FPF, em declarações à agência Lusa. Enquanto AKA Corleone pinta, quem passa perto da Garagem de São João, emblemático edifício na Covilhã, olha, para, comenta, pergunta o que está a ser feito.

É o caso de José Pinho, covilhanense de 77 anos, que se deteve junto dos elementos da equipa, para lhes dar os parabéns. “Parei porque é uma coisa bonita. Lembra-me o que fez o Scolari, que teve o condão de aproximar as pessoas e as fazer trazer as bandeiras para a rua. O futebol é o nosso desporto número um, não é o ópio do povo, é o nosso desporto mais popular e jogadores como o Ronaldo podem ser exemplos de como, vindo de baixo, com trabalho e dedicação, se pode chegar ao topo. Para isso é preciso ter cabeça, depois o físico e a técnica”, realça o empresário.

Para Esperança Figueiredo, 67 anos, moradora nas proximidades, o mural “vem valorizar a zona”. No Mundial 2018, Portugal integra o grupo B, no qual terá como adversárias a Espanha, o Irão, de Carlos Queiroz, e Marrocos.