Era uma espécie de inevitabilidade que se tornou ainda mais inevitável quando surgiu a informação do nome que estaria presente na conferência de imprensa desta terça-feira da Seleção Nacional, em Kratovo, João Mário. O médio formado na Academia que se tornou na transferência mais cara de sempre do Sporting em 2016 (40 milhões de euros mais cinco por objetivos). O amigo próximo de William Carvalho com quem jogou vários anos nos leões. O elemento que tornou mais fácil a adaptação de Gelson Martins, que viu crescer na equipa principal ao longo da sua última temporada em Alvalade, e de Bruno Fernandes.

Da mesma forma como consegue ler o jogo como poucos, o jogador do Inter fintou qualquer ponta de polémica que poderia surgir após a rescisão do trio verde e branco. Garantiu que o grupo continua blindado ao ruído exterior. Fez o que era esperado, passando ao lado da óbvia instabilidade que uma decisão deste género assume em qualquer elementos. E chutou para canto.

“Como já foi falado por muitas pessoas, inclusive pelo selecionador, os assuntos paralelos não entram no nosso grupo. Temos um jogo importante com a Espanha e o grupo está focado nisso”, garantiu. “Afeta zero. Como disse, são assuntos paralelos. Portugal vai jogar uma competição muito importante como é o Mundial, temos treinado de forma maravilhosa e estamos focados no jogo, até pelo grande adversário que teremos pela frente”, reforçou. Ainda assim, acabou por ter uma tirada curiosa que resume um pouco os primeiros seis meses da temporada, no Inter. “Seria o melhor o Campeonato de Espanha ou de Inglaterra para eles? Bem, italiano, fora de questão… Todo o grupo está focado no que é importante. Para a maioria dos jogadores, este é o primeiro Mundial e só por isso existe uma grande motivação entre todos”.

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“O meio-campo é uma zona com bastante concorrência e muita qualidade na nossa Seleção. Quem jogar tem toda a confiança. Não é vantagem em relação aos outros estar cá há mais tempo, o Manel e o Bruno também são excelentes jogadores e, jogue quem jogar, temos de estar preparados para dar a melhor resposta. Bruno Fernandes? É ótimo quando se disputa o lugar com excelentes jogadores como ele, que fez uma época fantástica no Sporting e também um grande jogo no último particular que fizemos. Jogue quem jogar, o importante é Portugal; para nós, é bom que seja assim para irmos evoluindo com qualidade”, destacou, antes de voltar a apontar o foco à importância de ter um bom grupo: “Foi a chave no último Europeu e tem sido a chave na preparação deste. Temos um espírito ótimo, grande entreajuda e essa pode ser também a chave”.

Chego cá bem fisicamente. A passagem por Inglaterra ajudou-me muito, depois dos primeiros seis meses complicados que tive esta época. Foi uma decisão pensada para chegar melhor ao Mundial e estou contente com a opção que tomei”, frisou, num resumo à época entre Inter e West Ham.

Em relação à Espanha, e respondendo a várias perguntas também dos órgãos espanhóis (também eles “surpresos” com as rescisões de contrato de ontem, ao ponto de terem questionado apenas uma vez sobre o estado de espírito de Cristiano Ronaldo numa altura em que se fala também sobre uma possível saída de Madrid), João Mário destacou Iniesta e Isco como os jogadores que mais enchem o olho, secundarizou possíveis questões disciplinares com Diego Costa, assegurou que a equipa está preparada para qualquer que seja a escolha de Lopetegui para o ataque (Costa, Rodrigo ou Aspas) mas deixou também destacado um outro ponto: por muita qualidade que Portugal possa ter, a Roja continua a ser mais favorita.

“Sabemos que a Espanha gosta de ter bola e não é fácil roubarmos a posse à Espanha. É uma característica forte deles, mas precisamos de ter a frescura e a capacidade de ter bola para ganhar. É assim que estamos a preparar o jogo, tudo faremos para ter alguma bola e atacarmos melhor. A Espanha é uma seleção muito boa, o Ramos é um excelente jogador mas espero que seja o Cristiano a ganhar para ajudar Portugal. Também temos as nossas armas. Início? Existe muita ansiedade mas o nervosismo é pouco porque há muita experiência neste grupo para lidar com estas situações”, resumiu.

“O Cristiano é muito forte psicologicamente, quer fazer um grande Mundial e nada lhe vai retirar esse foco. É atualmente o melhor do mundo, a estrela principal da prova e faltam adjetivos até para descrevê-lo. Ainda assim, não podemos colocar ao mesmo nível Portugal e Espanha porque eles partem com maior favoritismo, pela história e pelas conquistas. Colocarmos a nossa Seleção ao mesmo nível era presunção mas tudo iremos fazer para ganhar os nossos jogos”, concluiu.