A história de Bruno Mars é uma espécie de conto de fadas. É-o tanto, aliás, que suscita uma dúvida: terá acontecido tudo tal qual ele conta ou a história foi-se romantizando ao longo do tempo? Já diz o ditado que “quem conta um conto, acrescenta um ponto”. A criança que aos 4 anos já era popular por imitar Elvis Presley; o jovem que viveu um período da adolescência como sem-abrigo; a super-estrela musical, com direito a um planeta (Mars) só seu. Que ninguém leve a mal se dissermos que parece um enredo bom demais para ser verdade.

Este domingo, dia 24 de junho, Bruno Mars vai cantar e dançar para milhares de pessoas no festival Rock in Rio Lisboa. Mas saberão todos os que lá estiveram a mexer as ancas (e variadíssimas outras partes do corpo) ao som de “Uptown Funk”, “The Lazy Song”, “That’s What I Like”, “24K Magic” e “Treasure” quem é o homem por detrás do artista, Peter Gene Hernandez, de 32 anos? E como chegou até aqui?

A infância a imitar Elvis

Filho de Peter Gene Hernandez, um percussionista porto-riquenho que trocou Brooklyn pelo Havai nos anos 1970, e Bernadette Bayot, cantora filipina e dançarina de hula (um estilo de dança importado para o Havai pelos imigrantes da Polinésia que lá viviam), Bruno Mars nasceu como Peter Gene Hernandez (nem mais, o mesmo nome que o pai). Se o apelido artístico só o arranjaria mais tarde (Hernandez era “demasiado latino” para um haviano que queria singrar a cantar em inglês nos Estados Unidos, contaria em entrevistas), “Bruno” foi alcunha escolhida pelo pai, que o achava parecido com o wrestler Bruno Sammartino.

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A atração pelos holofotes remonta à infância: com apenas 4 anos, Bruno Mars já atuava na banda de doo-wop da família, liderada pelo pai, que incluía ainda a mãe, alguns tios e os seus irmão e irmã mais velhos. Ainda que não fosse o único músico talentoso da família — o tal irmão mais velho, Eric, é hoje baterista dos “The Hooligans”, banda que acompanha Bruno –, Mars já dava nas vistas: com apenas quatro anos, teve uma participação no filme “Honeymoon in Las Vegas” a imitar Elvis Presley e foi entrevistado pela MTV. É a isto que se chama começar cedo.

As atuações em vários clubes e bares havaianos permitiam à família viver bem. Até Bruno Mars fazer 11 anos, moravam todos numa grande casa em Kāhala, um movimentado bairro da capital do Havai, Honolulu. O pai chegou a ter a módica quantia de sete Cadillacs mas os luxos de Bruno eram outros: “Tinha um quarto do tamanho das salas de estar da maior parte das pessoas”, contou à revista Rolling Stone um amigo da família, Bobby Brooks Wilson. Contou mais: “Tinha um pequeno kit de bateria, uma pequena guitarra, um pequeno piano. Costumava levar-me lá a dizer: Bobby, olha! Sei tocar isto!”

Lembro-me que, à época, eu e as minhas irmãs ficávamos um bocado envergonhados quando ele [o pai] nos levava à escola no seu grande Cadillac. Ninguém tinha Cadillacs no Havai, naquela altura. Mas o meu pai aparecia-nos com o seu ‘Cady’ que parecia um barco, vestido com roupas brilhantes e nós íamos a correr tão rápido quanto possível para o carro”, lembrou Mars à revista Latina, no início do ano passado.

Bruno Mars também recordaria esses tempos de atuações na Love Notes (o nome dado à banda familiar, que em português poderia traduzir-se como “Notas de Amor”) em entrevista à revista GQ: “Era como se me transformasse no Batman. Ia para a escola e os miúdos chamavam-me Peter, jogavam baseball e kickball [espécie de baseball jogado com uma bola de futebol e com os pés a substituírem os bastões] comigo. E de repente: ok, malta, tenho de ir. Punha um macacão de lantejoulas e de repente era o Bruno, o mais novo imitador do Elvis do mundo!”

À CBS News, disse que a experiência a atuar tão novo foi como passar por uma espécie de “Escola do Rock” (filme de 2003, protagonizado por Jack Black): “Era um estilo de vida muito intenso, muito vivo.” Em resumo: “Venho desta escola: sapatos de couro, anel no dedo mindinho, cabelo processado — showtime.”

“Dormíamos em carros, numa casa abandonada…”

Quando Bruno Mars tinha entre 11 e 12 anos, tudo começou a mudar. Os pais decidiram divorciar-se, as suas irmãs mais novas (tem quatro) foram viver com a mãe e Bruno foi viver com o pai. Aí, viveu um período difícil. Por um lado, a banda acabou: “Era uma banda familiar. Portanto, a dinâmica mudou.” Os pais venderam a casa em que Bruno Mars morava (e na qual tinha um quarto imponente) e o pai “perdeu todos os negócios” que tinha.

Basicamente, passámos de viver num bom bairro a viver como sem abrigos. Mas o meu pai, com a sua paixão, não desistiu, tentou e acabou por conseguir mesmo agendar uns concertos em hotéis. E era o maior a encontrar estes pequenos sítios para nós ficarmos, em que não era de todo suposto ficarmos”, contou o músico, em entrevista à Rolling Stone.

À CBS News, o músico contou que chegou a dormir com o pai “numa limousine de 1984”, nos “bancos de trás de um carro”, no “cimo de edifícios” e numa casa abandonada que ficava perto de um parque zoológico de pássaros em que o pai trabalhara, e que já tinha fechado as portas. Dormiram lá durante dois anos. “Não havia casa de banho, tínhamos de atravessar o parque para chegarmos a um sítio que tinha casa de banho, às vezes a meio da noite. Dormíamos na mesma cama”.

“Sim, fomos para as favelas do Hawaii. E foi difícil adaptarmo-nos. Mas percebi que não trocava isso por nada”, contou numa entrevista. Em outra conversa, explicou melhor: “Tínhamos tudo o que precisávamos, na verdade. Tínhamo-nos uns aos outros e nunca senti que fosse o fim do mundo. Não temos eletricidade hoje? “Ok, está tudo bem, é temporário”. Talvez venha daí a minha mentalidade na música: sei que tudo se resolve, se estiver em dificuldades, só preciso que me deem um tempo para resolver”, resumiu.

A partida para Hollywood deu-se antes mesmo de ser maior de idade. Bruno Mars tinha 17 anos quando acabou o ensino secundário ma escola pública Presidente Theodore Roosevelt, em Honolulu, e rumou a Los Angeles onde já vivia uma das suas irmãs, Jaime Kailani. O objetivo era singrar na música e os últimos anos tinham contribuído para que continuasse a ganhar experiência: durante o ensino secundário, aliou a concertos dados com elementos da sua família (já não todos, devido ao divórcio dos pais) em espaços como o hotel Ilikai a atuações com uma banda que formou com amigos do liceu, The School Boys. Mars, contudo, continuava a ser apenas um intérprete, tocando covers de grandes êxitos do pop-rock. As primeiras canções estruturadas (elas já existiam desde que com quatro anos ensaiou um tema chamado “I Love You, Mom”, em que cantava: “Ser uma super estrela como cantor é a minha primeira escolha”) surgiriam já em Los Angeles.

Kevin Winter/Getty Images for NARAS

O sonho americano: as dificuldades

Começar com pouco e conquistar o mundo: eis o “sonho americano”, o imaginário que leva locais e imigrantes vindos de quase todos os pontos do mundo a rumar aos Estados Unidos da América. Bruno Mars cumpriu todas as etapas: viveu sem fortuna mas tinha de sobra vontade de trabalhar para encontrar o sucesso. E encontrou-o em doses cavalares, não sem antes experimentar as dificuldades passadas por qualquer outro cidadão que se aventurasse sozinho (e tão novo) na indústria musical americana.

(Se a descrição lhe parece romântica e pouco fidedigna, é porque as memórias que Bruno Mars diz ter desses tempos não o/a convence. Se for cético ou cética, o melhor é passar diretamente para os grandes sucessos do cantor em solo americano)

Foi em Los Angeles que Bruno adotou o apelido Mars, por nenhum motivo em especial. Achou-lhe piada e como as editoras não queriam que soasse demasiado latino, o melhor talvez fosse ter um apelido de outro planeta, já que o termo significa “Marte”. Ser muito confiante (alguns críticos trocam esta palavra por “arrogante”), ter tido sucesso musical e sucesso com raparigas desde muito cedo também contribuiu para que Bruno achasse que podia ser “de outro planeta”.

O primeiro ano e meio em Los Angeles não foi o mais fácil. Sobretudo se comparado com os anos seguintes, em que começou a granjear sucesso como músico. No início, Bruno vivia com a irmã e, para contribuir para a renda, foi somando alguns trabalhos ocasionais. Um dos mais curiosos foi como DJ: “Não conseguia pagar a renda. Fui tendo sempre trabalhos como músico no Hawaii e o meu telefone já não recebia chamadas. E foi aí que a realidade me bateu de frente. Comecei a atuar como DJ. Foi algo tolo.”

Disse a uma pessoa que podia ser DJ porque disseram-me que pagavam 75 dólares em dinheiro ‘debaixo da mesa’. Só que eu não sabia ser DJ. Perdi esse trabalho muito rapidamente”, contou à revista americana Entertainment Weekly.

Bruno Mars chegou a assinar com a editora Motown — mas o contrato seria terminado um ano depois sem qualquer edição. Quando não estava no estúdio, Bruno Mars estava “a tocar para multidões de dez a 20 pessoas em bares da avenida Ventura Boulevard com a sua banda de covers, Sex Panther”, relatou em 2011 a revista Forbes. E Mars era “demasiado novo”. “Nunca tinha gravado, não tinha grande experiência de gravações, só de produção. Nunca tinha escrito uma canção a sério antes. Tinha muito a aprender”, disse em 2010 à revista Rap-Up.

O dinheiro começava a escassear, mais ainda depois do fim do contrato com a editora. E Bruno Mars teve dúvidas, pensou em desistir. “O coração caiu-me aos pés. Percebi que as coisas não acontecem como nos filmes, que não assinas com uma editora e começas automaticamente a escrever êxitos e a viajar pelo mundo em digressão. Tem que se entrar num cenário destes já se sabendo exatamente quem se é.”

Não culpo a Motown. Simplesmente, ainda não estava pronto nessa altura. As pessoas também não sabiam, ainda sabem, de que cor sou, exatamente. Pensavam: ele não é suficientemente negro, não é suficientemente branco, tem um apelido latino mas não fala espanhol. E perguntavam: a quem é que estamos a vender esta música? Fazes música urbana? Música pop? Que tipo de música é que fazes?”

Bruno Mars ainda não sabia mas houve uma chamada de telemóvel que impediu que fosse hoje apenas um músico popular no Havai e não alguém que ganhou onze prémios Grammy, bateu três recordes do Guinness e teve mais de meia dúzia de singles a chegar a número um dos mais ouvidos dos EUA. A chamada foi de Philip Lawrence, músico que Bruno Mars conheceu na Motown (Lawrence também tinha contrato com a histórica editora) e que o convidou para formar um trio de composição e produção musical com Ari Levine. Juntos, viriam a criar um grupo chamado Smeezingtons. E foi com esse projeto que Bruno Mars começou a chegar aos ouvidos de todos.

O sonho americano: as conquistas

Com o trio Smeezingtons, Bruno Mars começou lentamente a ganhar notoriedade. Mas a decisão de formar o grupo demorou e só dois anos depois de ter saído da Motown Records é que Bruno Mars assinaria o contrato que mudou a sua vida. Foi com a grande editora Atlantic Records, a que chegou através do parceiro Philip Lawrence, que o apresentou a um olheiro da editora, Aaron Bay-Schuck.

Foi nesse grupo que Bruno Mars deixou de ser apenas intérprete e aprendeu a compor. O trio compunha os momentos instrumentais das canções, assim como refrões e coros, deixando alguns espaços em branco para cantores e rappers poderem completar. “Right Round”, que escreveram para o rapper Flo Rida (em 2008), foi o primeiro grande êxito: tornou-se o single mais ouvido nos EUA. Mas o grupo produziu também o tema “Fuck You”, para Cee Lo Green.

Kevin C. Cox/Getty Images

O percurso a solo começava a tornar-se o passo mais lógico a dar de seguida. Certo dia, Bruno Mars dirigiu-se aos escritórios da Atlantic, editora com que tinha contrato. Queria mostrar que também podia compor futuros êxitos a solo e mostrou duas canções inéditas que acreditava serem boas aos executivos da editora: “Nothin’ on You” e “Billionaire”. A primeira seria gravada e editada pelo rapper e cantor B. o. B, a segunda por Travie McCoy. Para as duas, Bruno Mars, co-autor, seria convidado a cantar.

Ninguém vende melhor uma canção do que a pessoa que a escreveu. Pus a minha emoção dentro da demo que gravei e graças a Deus eles [responsáveis da Atlantic] ouviram e deram-me uma oportunidade. Aprendi de forma dura que nesta profissão temos de fazer tudo por nós mesmos”, disse o cantor ao jornal USA Today.

Bruno Mars estava lançado. E do que veio a seguir já o público está mais a par. 2010 foi o ano em que o cantor se lançou em definitivo: o primeiro EP, It’s Better If You Don’t Understand, editado em maio, seria uma espécie de tubo de ensaio para o primeiro álbum. Lançado em outubro, Doo-Wops & Hooligans chegaria a número três do ranking de vendas americano, fruto de um conjunto muito sólido de canções que incluía alguns dos êxitos que Bruno Mars ainda hoje canta ao vivo: “Just the Way You Are”, “Grenade”, “The Lazy Song” e “Marry You”, por exemplo.

A fórmula já estava encontrada, uma mistura de músicas cheias de funk e groove, inspiradas pela sonoridade de James Brown, Michael Jackson e Prince mas também pela produção moderna de magos da pop como Timbaland e Pharrel Williams, com baladas românticas cheias de mel. As últimas começariam a ser preteridas gradualmente, em favor dos temas mais dançáveis. Talvez um efeito do sucesso de “Uptown Funk”, a música que Bruno Mars e Mark Ronson fizeram juntos, que o último editou e que se tornou um dos maiores sucessos deste século.

Para mim, a música é querer sentir-me bem, querer dançar. E querer que o público sinta o mesmo. Não é cantar sobre crescer no Havai e ‘os meus problemas para me enquadrar com o mundo’. Ninguém quer ouvir isso. Nem eu quero, e isso é a minha história de vida!”, disse certa vez.

Noutra ocasião, o cantor explicou as suas influências: “Os artistas para os quais olho são o Michael [Jackson], o Prince, o James Brown. Olha-se para eles e percebe-se que eles levam a sério todos os detalhes relativos à arte que fazem. Importam-se muito com o que vestem, com a maneira como se mexem [em palco], com os sentimentos que provocam no público.” As acusações de que faz música retro, demasiado semelhante à que foi feita por essas referências, é algo que vem regularmente à baila. Mas Bruno Mars não percebe as acusações: “Muitas pessoas são rápidas a dizer: aquela canção parece-se com isto. Ou então: ele está a tentar soar a isto. Bom, podem estar certos de que estou! É por isso que estamos todos aqui, todos nós crescemos a idolatrar outros músicos. É assim que funciona, é assim que a música é criada.”

O perfecionismo do músico é outro dos aspetos mais marcantes da sua arte. Bruno Mars toca múltiplos instrumentos e é capaz de passar meses a trabalhar na mesma canção, sempre à procura da fórmula perfeita. É por isso que 24k Magic, o seu disco mais recente, demorou quatro anos a sair. “Uma eternidade na indústria pop”, lembrava (acertadamente) a Rolling Stone aquando do lançamento. “Nunca vi alguém tão meticuloso na minha vida inteira”, disse Ari Levine, que trabalhou alguns anos com Bruno Mars no trio Smeezingtons. “Até quando remodelámos o nosso estúdio, se algo estivesse um centímetro fora do sítio, isso deixava-o verdadeiramente louco. É uma neurose que fica na fronteira” da loucura, disse Levine. “Mas da melhor maneira possível”, acrescentou.

A detenção por posse de cocaína: “Fiz algo muito estúpido”

Uma das ironias no percurso de Bruno Mars é que o cantor viveu um dos piores momentos da sua vida no ano imediatamente anterior a atingir o estrelato. Quando Bruno Mars tinha 24 anos, foi detido na casa de banho de um casino em Las Vegas. Foi obrigado a fazer serviço comunitário e a frequentar formações educacionais para não ser condenado.

À revista GQ, Bruno Mars disse que estava “bastante intoxicado e verdadeiramente” bêbado nessa noite, pelo que “tudo aquilo é uma grande névoa. E todos os dias tento esquecer” o sucedido. À CBS News também falou desse momento: “Fiz algo muito estúpido. Estava em Las Vegas, tinha 24 anos e tinha bebido bem mais do que deveria. E foi tão cedo na minha carreira que digo sempre que aquilo tinha de ter acontecido [naquela altura]. Porque foi o choque de realidade de que precisava. Prometi a mesmo que nunca mais ninguém leria uma notícia daquelas.”

Qual foi a lição? Escravizaste-te durante anos a fio. Preparaste-te durante toda a tua vida. Isto é tudo aquilo que sabes fazer. És um miúdo a experimentar viver na porra da cidade do pecado [Las Vegas] e a lição foi essa: tudo pode ser-te retirado, colocar-te num lugar esquisito, envergonhar-te”, apontou.

Um Rock in Rio esgotado e a ferver

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê um domingo de céu pouco nublado em Lisboa, com temperaturas mínimas a rondar os 19 graus e a temperaturas máximas a rondar os 28ºC. A noite, porém, deverá estar bem quente no Parque da Bela Vista: o dia em que Bruno Mars atua é o único esgotado até à escrita deste artigo (dia 21 de junho).

No regresso de Bruno Mars à capital portuguesa, pouco mais de um ano depois do último concerto (foi em abril de 2017 e decorreu na Altice Arena, antigo Pavilhão Atlântico), o músico e cantor havaiano terá um público de convertidos. A brasileira Anitta e a americana Demi Lovato são outros dos destaques do segundo dia do festival.

Porém, Bruno Mars, não sendo consensual — viu-se na última cerimónia dos prémios Grammy, em que a sua vitória na categoria de “Melhor Álbum do Ano”, em detrimento de DAMN., do rapper Kendrick Lamar, motivou críticas de músicos e fãs –, é o que mais próximo está de conciliar uma popularidade planetária com algum crédito da crítica. “Too hot”, chamem a polícia e os bombeiros, “police and fireman”, Bruno Mars e os seus Hooligans não deixam festa por aquecer. “Hot damn”, vem aí dança da boa.