O representante das Nações Unidas para a Guiné Bissau, embaixador José Viegas Filho, defendeu esta segunda-feira uma representação “mais robusta” da comunidade lusófona em Bissau e um “adensamento das relações” diplomáticas bilaterais com os países membros.

“Não temos Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em Bissau, temos uma representante, mas gostaríamos de ter um posto mais robusto porque daria à CPLP uma projeção mais adequada e uma consistência maior” para uma política conjunta “a favor da lusofonia”, defendeu José Viegas Filho.

O representante especial do secretário geral das Nações Unidas e chefe do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau falava aos jornalistas, na cidade de Santa Maria, ilha do Sal, à saída de uma audiência com o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva. No encontro, realizado à margem da cimeira dos chefes de Estado e de Governo da organização, serviu, segundo José Viegas Filho, para cumprimentar Cabo Verde pela assunção, por dois anos, da presidência rotativa da CPLP e para o sensibilizar para a questão da Guiné-Bissau.

“Falei com o primeiro-ministro nesse sentido uma vez que Cabo Verde vai assumir a presidência da CPLP. A CPLP tem uma voz no grupo dos cinco, mas ela não se faz presente localmente. Seria muito bom que se fizesse presente em Bissau para participar nas discussões”, reforçou.

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O representante das Nações Unidas sustentou também a necessidade de os países lusófonos, individualmente, terem representações diplomáticas em Bissau. “Os países lusófonos devem individualmente ter representações próprias em Bissau. Temos uma representação própria de Angola, mas não temos de Moçambique, temos do Brasil, mas não temos de São Tomé e Príncipe ou Cabo Verde. Poderíamos talvez pensar num adensamento das relações diplomáticas entre os outros países lusófonos e a Guiné-Bissau”, afirmou.

José Viegas Filho sublinhou a importância de as eleições legislativas na Guiné Bissau se realizarem na data prevista, a 18 de novembro, adiantando que delas depende a ajuda internacional ao país. “Acredito que vamos ver as eleições serem realizadas nessa data e isso revigorará o país e facilitará a ajuda da comunidade internacional à Guiné-Bissau. Esse é um dos objetivos que tenho como representante das Nações Unidas, fomentar a ajuda internacional”, disse.

Segundo José Viegas Filho, a realização de eleições “dará a credibilidade necessária às decisões do Governo” e provocará “mais simpatia da comunidade internacional”. “Sendo a Guiné-Bissau um país que necessita da ajuda externa para complementar os esforços localmente, a realização das eleições é um instrumento essencial para contar com a boa vontade da comunidade internacional”, reforçou.

Os chefes de Estado e de Governo da CPLP reúnem-se terça e quarta-feira, na cidade de Santa Maria, na ilha cabo-verdiana do Sal, numa cimeira que marca a passagem da presidência da organização do Brasil para Cabo Verde.