Uma boa ideia, capaz de gerar fortunas para quem a teve (e concretizou), não tem, necessariamente, que ser algo que tenha utilidade. A história da inovação está recheada de casos de invenções inúteis que deram milhões aos seus criadores e marcaram gerações. Conheça algumas das mais curiosas (e se conhecer outras, deixe-as na lista dos comentários).

Quem não quereria uma pedra como animal de estimação?

Quando se fala em ideias para produtos absolutamente inúteis, mas lucrativos, a primeira imagem que surge é a “Pedra de Estimação” (Pet Rock) que fez do publicitário norte-americano Gary Dahl um milionário, nos anos 70.

A ideia surgiu quando Gary, certo dia, ouvia os amigos queixarem-se dos animais de estimação, fosse pelo trabalho que davam ou pelo desgosto que causam quando deixam de estar entre nós. Quando lhe sai, da boca para fora, a ideia de que o melhor animal de estimação seria uma pedra, os amigos riram-se, mas Gary — repetimos, um publicitário — percebeu o potencial viral que a ideia podia ter (mesmo em 1975).

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Foi para casa e escreveu um manual de instruções com 32 páginas — “Como cuidar e treinar a sua Pet Rock” — cheio de piadas sobre como a pedra não precisava de ser alimentada, não carecia de muito passeio, era obediente e durava para sempre. As pedras, macias, eram importadas do México e chegavam ao… consumidor numa cama de palha dentro de uma caixa de cartão com buraquinhos para “respirar”.

Uma "Pet Rock" ligada por USB

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Alguém tentou, mais recentemente, fazer uma reedição moderna deste fenómeno da cultura pop norte-americana — com a USB Pet Rock, uma pedra que trazia um cabo USB mas que não consumia qualquer eletricidade. Era só ligar a um computador e ela fazia… coisa nenhuma.

Graças a um fenómeno de marketing que ainda hoje é estudado, a moda pegou e, em poucos meses, Gary Dahl vendeu 1,5 milhões de pedras — custavam 3,95 dólares e o lucro, para o criador, rondava os 3 dólares em cada pedra. É fazer as contas. É certo que a febre se esfumou logo a seguir ao Natal de 1975 (mais ainda depois do Dia de São Valentim de 1976) e as vendas caíram a pique. Mas só nesses primeiros meses da “febre” o publicitário lucrou qualquer coisa como 4,5 milhões de dólares.

Dahl reformou-se, abriu um bar na Califórnia mas acabou por viver o resto da vida sem protagonismos, enquanto evitava lidar com “um bando de maluquinhos” que, segundo o próprio, o tentaram “incomodar”. “Às vezes olho para trás e penso se a minha vida não teria sido mais simples se não tivesse feito aquilo”, lamentou, numa rara entrevista ao The Milwaukee Journal.

Ainda escreveu um livro — “Publicidade para totós” –, publicado em 2007, e morreu em 2015, com 78 anos.

Gary Dahl vendeu um milhão e meio de pedras de estimação, na década de 70, por 3,95 dólares. Imagem: The New York Times

Uma app de smartphone inútil (muito, muito cara)

Três palavras: I AM RICH (Eu Sou Rico). Este era o nome de uma app que esteve pouco mais de 24 horas à venda na App Store da Apple, em 2008, nos primórdios dos iPhone e dos telemóveis inteligentes. As duas principais características da app eram o preço — 999 dólares nos EUA e 799 euros na Europa (os máximos possíveis na App Store) — e a funcionalidade. Qual? Nenhuma.

O criador, Armin Heinrich, um alemão, desenhou uma aplicação que, quando iniciada, fazia surgir um rubi vermelho no ecrã. Ao tocar no rubi, no ecrã surgia uma mensagem simples, sempre a mesma: I am rich, I deserv [sic] it, I am good, healthy & successful. Tradução: “Eu sou rico. Eu mereço sê-lo. Eu sou bom, saudável e bem sucedido”. Apenas isto.

Ao cabo das escassas horas em que esteve disponível (e não é fácil compreender como é que passou, inicialmente, no crivo normalmente apertado da App Store), a Apple decidiu retirar a aplicação para smartphone da loja. E quantas pessoas compraram? Oito, seis nos EUA, um alemão e um francês. E teriam sido mais se a app não tivesse sido eliminada, garantiu, na altura, o autor ao La Times.

Tenho a certeza de que mais pessoas gostariam de comprar — mas estão impedidos de o fazer. Não faço ideia porque é que eles [a Apple] fez isto [remover a app]. Não vejo qual é a violação das regras de comercialização de apps na App Store. A app é uma obra de arte com um mantra secreto. É só isso”, afirmou Armin Heinrich, quando a app foi eliminada.

O raciocínio do autor é que, desde sempre, muitas pessoas gostam de gastar fortunas em coisas “inúteis”, como quadros com um rabisco e uma assinatura de um artista, ou roupas de alta costura caríssimas mas completamente desconfortáveis. Se alguém quer pagar mil dólares para ler um mantra, porque é que a Apple deve impedi-lo? Seja qual for a explicação, foi essa a decisão tomada pela “empresa da maçã”. Porém, antes de ser eliminada, a app rendeu 7.600 dólares (ao câmbio de hoje, cerca de 6.500 euros), dos quais a Apple recebeu os seus habituais 30%.

Notícias posteriores indicaram que Heinrich reembolsou dois dos compradores — pelo menos um dos quais porque, alegadamente, comprou a app na brincadeira, “só para ver o que acontecia”. O que aconteceu, como é óbvio, foi que foram descontados 999 dólares no seu cartão de crédito — mas o autor da app terá decidido reembolsar para não ter “clientes insatisfeitos”. Surgiram, entretanto, imitações desta app na (mais permissiva) loja do Google Play, para os smartphones Android, mas não há dados sobre se alguma delas tem tido o mínimo sucesso.

Quantas pessoas pagaram um dólar para saber quantas pessoas pagaram um dólar?

O título do site era intrigante: “quantas pessoas pagaram um dólar para saber quantas pessoas pagaram um dólar?”. Não são necessárias grandes explicações: qualquer pessoa podia gastar um mero dólar para satisfazer a curiosidade de saber quantas pessoas é que decidiram pagar um dólar para saber quantas pessoas tinham pago um dólar para… Bem, podíamos ficar aqui para sempre mas o leitor já percebeu a ideia.

https://www.howmanypeoplepaidadollartoseehowmanypeoplepaidadollar.com/

Na página de internet (cujo domínio online expirou, curiosamente, há poucos meses), havia apenas o título do site, seguido, logo abaixo, por: “está curioso? Descubra já“. Os curiosos podiam pagar com a conta Paypal e ficar, logo aí, a saber exatamente quantas pessoas tinham feito o mesmo, pela curiosidade. A todos os participantes era pedido que mantivessem o segredo.

O autor da página, um programador chamado Johan McCubbin, revelou à Motherboard que acha “o conceito de pagar alguma coisa em troca de nada é muito, muito interessante”. Reconhecendo que esta é uma de “potencialmente muitas ideias estupidamente simples que se podem ter”, McCubbin explicou, em 2017, que “por vezes passam vários dias sem receber qualquer pagamento, tudo muito calmo e, de repente, alguém partilha a página nas redes sociais e a coisa explode novamente“.

Escusado será dizer que cada pagamento de um dólar (para saber quantos pagaram um dólar para saber quantos pagaram um dólar) é, na realidade, uma transferência direta para a conta de PayPal do autor da página. E quantas pessoas, afinal, pagaram um dólar? Ficou curioso? A página já foi encerrada, pelo que já não será possível saber quanto é que McCubbin ganhou mas em sites como o Reddit é possível encontrar vários valores revelados por quem, alegadamente, pagou e quebrou o segredo. A julgar por aí, terão sido largas centenas de milhares de dólares, mas a única forma de saber com toda a certeza seria se a página estivesse online — dessa forma seria possível satisfazer a curiosidade. A troco de um dólar.

A página que trocava um pixel por um dólar (e ainda existe)

A ideia de fazer a “howmanypeoplepaidadollar” teve como inspiração uma outra página web, criada em 2005 por um estudante universitário britânico chamado Alex Tew. Essa página era conhecida como a “Million Dollar Homepage“, e um milhão de dólares foi exatamente aquilo que o estudante conseguiu obter em apenas quatro meses.

Um conceito mais simples seria difícil de inventar. Alex Tew criou uma página onde qualquer um podia trocar um dólar por um pixel (para facilitar, a venda era feita em blocos de 10 pixeis) e, assim, “ser dono de um pedaço da História da Internet” — anuncia-se no topo da página (que ainda existe).

No fundo, era como ter um latifúndio digital, quadrado (mil pixeis de largura e mil pixeis de altura), onde depois se vendiam lotes de terreno que o anunciante podia utilizar como quisesse. A grande vantagem para quem anunciava é que cada anúncio, além de “eterno”, era clicável e seguia para a página respetiva. É claro que quanto mais o anunciante estivesse disposto a gastar maior — e mais visível — ficaria o anúncio.

Existem anúncios que mal se conseguem ver, num ecrã moderno, até logótipos facilmente reconhecíveis como jornais (o The Times, por exemplo), motores de busca (tente lá encontrar o símbolo do Yahoo), casinos e sites de encontros amorosos. Boa parte das páginas que ali constam já nem sequer existem, mas isso não impede que o anúncio continue lá — e até é fácil encontrar, no canto superior esquerdo, um anúncio relativamente grande onde está cristalizado para todo o sempre um erro gramatical muito comum na língua inglesa: “I’m rich, your not”, em vez de “I’m rich, you’re not”.

No espaço de poucos meses, o efeito viral fez com que todos os pixeis fossem preenchidos, à medida que a página ganhava notoriedade. Mas o preço de cada anúncio nunca mudou: um dólar por um pixel. E é justo reconhecer que esta foi uma página que ficou (mesmo) para a História da Internet — e não só isso: também fez de Alex Tew um milionário. Antes da criação da página, estava à procura de uma boa ideia para enriquecer depressa e conseguir pagar as propinas da faculdade. Quando ficou milionário, porém, deixou os estudos. Mas continuou a trabalhar na área da Internet e hoje, 13 anos volvidos, é um dos criadores da app Calm — que proporciona sessões curtas de meditação e relaxamento, com a ajuda do smartphone.

Para os amigos? Ou para os inimigos? Batatas

“Eu lidero uma empresa um pouco maluca. Mas isso não é vergonha nenhuma”. Em pouquíssimas palavras, este é o auto-retrato que é feito por Riad Bekhit, que ainda não celebrou o trigésimo aniversário mas já tem uma empresa que fatura centenas de milhares de dólares, a partir de São Francisco, nos EUA. Como? A vender batatas com mensagens personalizadas e a enviá-las pelo correio.

A popularidade da empresa deu um salto com uma participação no programa “Shark Tank“, o lago dos “tubarões” onde se apresentam ideias de negócio a um conjunto de empresários que podem, ou não, investir e tornar-se sócios. A ideia que criaria a empresa Potato Parcel conseguiu um investimento do mais “duro” dos investidores, Kevin O’Leary, o “Mr. Wonderful“.

Mas a ideia original, da autoria de um texano chamado Alex Craig, surgiu em maio de 2015 — e reza a história que, quando contou à namorada a ideia que tinha tido, ela disse que era a “ideia mais estúpida que algum dia tinha ouvido”. Mas, graças à promoção nas redes sociais, a moda pegou e rapidamente as encomendas chegaram aos milhares de dólares. Foi aí que Alex Craig conheceu Riad Bekhit, que viria a comprar a empresa a Craig por 42 mil dólares, em finais de 2015.

Os dois foram ao “Shark Tank” e ouviram palavras pouco simpáticas de “tubarões” como Mark Cuban e Lori Greiner. O “Mr. Wonderful”, porém, focou-se mais nos números e gostou de ouvir os empreendedores falar em 25 mil dólares em vendas só no mês que antecedeu a gravação do programa, com uma margem de lucro de 70%.

Cada batata é vendida por 9,99 dólares, cerca de 8,5 euros. Sete pessoas trabalham na empresa e são elas que escrevem, à mão, a mensagem que o remetente quiser. “As pessoas respeitam a empresa e acham a ideia muito engraçada”, disse o fundador à CNBC. Até abril a empresa já tinha vendido mais de 70 mil batatas personalizadas. E há uma versão “Potato Pal”, por 14,99 dólares, em que se pode incluir no design uma foto de alguém — como, por exemplo, o “tubarão” Kevin O’Leary, que ainda hoje considera este um dos seus cinco investimentos favoritos que fez no programa televisivo.

A vaca roxa que rendeu milhões ao Farmville

A história da vaca roxa no Farmville, um jogo que simula uma quinta digital através da Internet, começa nos primórdios do videojogo que teve um sucesso tremendo nos anos de maior expansão do uso de redes sociais como o Facebook. Os programadores por detrás do jogo decidiram criar uma personagem diferente que só pudesse ser comprada durante 24 horas, por 99 cêntimos. Um valor irrisório nas compras online, mas o suficiente para acumular uma pequena fortuna: em 45 minutos o Farmville amealhou 1,5 milhões de dólares.

A ideia seria que a vaca só seria vendida uma vez, quem quisesse só tinha 24 horas para receber uma cópia da personagem. Mas a realidade é que a Zynga, a produtora californiana do Farmville, cedeu à tentação e voltou a colocar a vaca roxa disponível para ser adquirida através do sistema de pontos da American Express Reward, que permite fazer compras através dos pontos acumulados em aquisições anteriores. Uma vaca roxa custa, neste momento, 540 pontos através da American Express Reward.

A vaca roxa do Farmville. Créditos: Zynga

A ideia de transferir o sistema de pagamentos para esse programa de pontos ocorreu em novembro de 2010. No final desse mês a TechCrunch escrevia: “a American Express e a Zynga estão a unir-se para tornar mais fácil do que nunca transformar dinheiro em vacas virtuais, tratores e tudo o mais que as pessoas da empresa multimilionária de jogos sociais possam criar. E desta vez, isso não envolve realmente o pagamento de dinheiro. Pelo menos não diretamente”.

Mas isso não tornou a pequena vaca roxa mais barata: “a American Express está agora a permitir aos clientes trocarem pontos de prémios de associação por produtos virtuais e/ou “cartões de jogos” que podem ser resgatados pela moeda da Zynga no jogo. Esses pontos são ganhos à medida que os clientes da American Express usam os seus cartões. O site da AmEx diz que se recebe um ponto por praticamente cada dólar gasto em cartão”.

O nome dado ao boneco assenta bem: “vaca roxa”, que em inglês se diz “purple Cow”, é uma expressão utilizada no mundo do marketing para descrever aquilo que destaca um negócio ou o torna diferente dos outros que existem no mesmo ramo. A ideia é que “num mundo de vacas brancas, pretas e castanhas” o empreendedor seja “uma vaca roxa”, isto é, aquela que salta à vista num olhar panorâmico para a área de atividade em causa. E esta estratégia saltou mesmo.

Os peluches que podem custar tanto quanto uma casa

Nos anos 90, os Beanie Babies eram peluches como quaisquer outros, com o único propósito de servirem de companhia às crianças com medo do escuro ou enquanto brincavam. Passadas duas décadas, eles continuam a não ter muito mais funções além destas, mas algo mudou neles: tornaram-se brinquedos históricos e, por isso, agora podem custar milhares de dólares. O que fez do criador, Ty Warner, um multimilionário. Em 2016, a Forbes estimou o património do inventor norte-americano em 2,4 mil milhões de dólares, só por ter criado peluches que em vez de esponja no interior tinham bolinhas de plástico (PVC).

Tudo começou em 1993 quando a Ty Inc. apresentou nove peluches que “tinham de parecer reais porque se mexiam”. Eram eles o Legs the Frog, o Squealer the Pig, o Spot the Dog, a Flash the Orca, a Splash the Whale, o Chocolate the Moose, a Patti the Platypus, o Brownie the Bear e a Pinchers the Lobster. Foi preciso um ano para que eles chegassem ao mercado, mas a aceitação não foi animadora no início do negócio. Subitamente, contudo, as vendas começaram a subir em Chicago — a cidade norte-americana que os marketeers usam sempre para testar produtos porque é vista como uma cidade muito representativa do resto do país. E confirmou-se, o sucesso em Chicago multiplicou-se e transformou-se num sucesso em todos os Estados Unidos.

Exemplares de Beanie Babies. Créditos: Getty Images

Até 1999 os Beanie Babies tiveram uma vida agitada: a família de peluches aumentou e alguns deles passaram a ser vendidos em formatos mais pequenos no menu Happy Meal do McDonald’s nos EUA. Mas o ponto alto da vida destes bonecos aconteceu em 1995, quando os Beanie Babies foram considerados a primeira grande sensação da Internet numa altura em que apenas 1,4% dos norte-americanos tinham acesso a ela. A Ty Inc. foi a primeira empresa a apostar no negócio através da Internet e foi com essa estratégia que a popularidade dos Beanie Babies disparou para se tornar no império que é ainda hoje.

Nos finais do milénio, os Beanie Babies deixaram de ser produzidos mas logo em 2000 voltaram a ser fabricados a pedido do público. Nos últimos 18 anos ganharam uma carga histórica que agora os tornou em bonecos de coleção cujos preços podem variar entre os seis mil dólares no caso do Patti the Platypus e os 500 mil dólares no caso do Princess the Bear (feito em 1997 em homenagem à princesa Diana). O eBay estima que 10% do valor que lucra com as vendas online a partir do site venha dos Beanie Babies.

Como transformar os buracos das crocs numa ideia milionária

Sheri Schmelzer é dona de casa e Rich Schmelze é empresário. Em 2005, o casal decidiu transformar as crocs, universalmente conhecidos por serem confortáveis mas feios, em sapatos esteticamente mais interessantes. Para tal precisou de fazer um acordo com a Crocs Inc., a empresa detentora dos sapatos. E só pelo facto de terem inventado botões, flores e outros acessórios para ornamentar os buracos das crocs o casal fechou um negócio que lhes garantiu 10 milhões de dólares iniciais mais outros tantos se a ideia se provasse lucrativa.

Crocs com apliques da Jibbitz. Créditos: Al Bello/Getty Images

A ideia da família Schmelzer surgiu numa simples tentativa de agradar aos três filhos do casal: os miúdos, com entre 4 e 8 anos, não gostavam de usar crocs porque achavam esses chinelos feios, por isso o pai e a mãe tentaram arranjar uma maneira de os convencer do contrário. De fevereiro a agosto, a empresa cresceu de 200 mil dólares em vendas mensais para dois milhões e acabou por ser comprada pela fabricante dos crocs originais, uma aquisição que levou à expansão da linha de produtos concorrentes, alfinetes, botões, emblemas, pins e penas para fazer as delícias dos mais pequenos.

Porém, desde o primeiro momento, quando os três filhos do casal adoraram a invenção, Sheri e Rich Schmelze perceberam que podiam ter nas mãos um mercado rentável. Por isso decidiram apresentar a ideia, entretanto batizada de Jibbitz, à própria Crocs Inc. À NBC, Sheri disse que sabia que a empresa ia ficar interessada naquele investimento: “Somos um par perfeito. Vamo-nos apenas conformar com o que aconteceu aqui e expandir a empresa”.

Ron Snyder, presidente da Crocs Inc. e chefe executivo da empresa, disse que os Schmelze tinham encontrado um nicho ao “capitalizar a sua criatividade” e transformado essa ideia “num negócio caseiro que é líder de marcado”. Agora a Jibbitz, comprada pela Crocs Inc., já emprega 42 pessoas. De fevereiro a agosto de 2006, a empresa cresceu de 200 mil dólares em receita mensal para dois milhões de dólares. E o sucesso continuou, nos anos seguintes, a acompanhar as vendas deste tipo de calçado.

A mola Ondamania que, em 90 minutos, rendeu 400 dólares (em 1945)

Em inglês chama-se Slinky, em português chama-se Ondamania e é um objeto incontornável da cultura pop. Teve o auge nos anos 90 mas o que poucos sabem é que o brinquedo foi criado por um norte-americano chamado Richard T. James em 1943. O conceito, tão simples quanto inútil, é de uma mola alongada, com a largura de um punho, que alguns usam para aliviar o stress e outros para testar a força de gravidade nas escadas lá de casa.

As primeiras vendas aconteceram graças à distribuição que foi assegurada pela loja Gimbels, a partir de novembro de 1945 — pouco depois de terminar a Segunda Grande Guerra. Nessa altura, só foram produzidos 400 exemplares, cada um dos quais vendidos a um dólar, mas foram todos vendidos em hora e meia. Mas atenção, esses 400 dólares, ajustados à inflação, representariam, hoje, algo como 5.500 dólares.

A mola Ondamania, que também chegou a Portugal. Créditos: Getty Images/iStockphoto

Mas, ao fim de 60 anos, estima-se que só da marca original foram vendidos 300 mil exemplares da mola (excluindo imitações). E tudo começou quase por acidente ou, melhor, pela observação de algo banal e a inspiração para criar algo inovador.

Richard T. James era um engenheiro mecânico naval que desenvolvia molas capazes de estabilizar instrumentos sensíveis a bordo de navios em mares agitados. Um dia, estava ele a trabalhar nos estaleiros navais William Cramp and Sons na Filadélfia quando tropeçou numa mola e reparou que ela andava de um lado para o outro mas terminava sempre de pé. Richard percebeu que podia transformar aquele objeto num brinquedo se o desenvolvesse com o tipo de aço certo e com as propriedades físicas bem afinadas. Passou um ano a fazer isso até chegar à fórmula certa. Depois distribuiu a mola pelas crianças da vizinhança e percebeu que tinha inventado um brinquedo com potencial.

O engenheiro chamou “Slinky” à mola porque essa palavra significa “elegante” ou “gracioso” em inglês e porque lembrava a Richard T. James o som da mola metálica nas mãos das crianças. Ele e a mulher pediram um empréstimo de 500 dólares e fundaram a James Spring & Wire Company para criar as 400 primeiras molas, que eram vendidas com 98 anéis de aço suíço e embrulhadas em papel. A mola fez tanto sucesso que até foi apresentada na prestigiante American Toy Fair e, décadas depois, apareceu representada no filme da Disney “Toy Story”.

Quando a inovação corre mal. 13 dos maiores “flops” da História