A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) negou que não haja na região um rastreio de base populacional ao cancro colorretal, como denunciado esta segunda-feira pela associação Europacolon.

Em declarações à Lusa, o presidente da instituição — também conhecida como Associação de Apoio ao Doente com Cancro Digestivo –, Vítor Neves, denunciou a “tendência de adiamento do rastreio de base populacional do cancro do intestino”, um rastreio que é “uma atitude preventiva que pode detetar a doença a tempo de ser estabilizada”.

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Relatou que, em dezembro de 2016, a população foi informada que o rastreio ia começar, numa zona piloto no norte do país, sendo depois replicado noutras zonas do país, e em julho de 2017, a Administração Regional da Saúde (ARS) Lisboa e Vale de Tejo deu um “anúncio informal” de que o rastreio ia começar em “quatro centros de saúde em Setúbal”.

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Porém, diz saber agora, que “não há um rastreio de base populacional” e sente que os projetos piloto do Norte não estão a ter “replicações no resto do país”.

Em reação enviada à Lusa, a ARSLVT afirma que “é totalmente falso que não haja na região um rastreio de base populacional”.

Ele está a decorrer desde o segundo semestre de 2017 e em menos de um ano conseguiu-se implementar o rastreio de base populacional ao cancro colorretal por pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF) em 12 dos 15 Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES)”, lê-se no comunicado da ARSLVT.

O mesmo comunicado acrescenta que na região de Lisboa até ao final do ano “a cobertura geográfica será de 100%, o que significa que nessa altura todos os ACES da Região estarão a fazer o despiste” e que a ARSLVT tem por objetivo ter até ao final de 2018 o rastreio implementado em 90 ACES, o que, precisa o documento, corresponde ao dobro das atuais.

Até ao momento foram realizados cerca de 3.800 testes de PSOF no âmbito deste programa aos utentes com critérios de inclusão no rastreio. Esses utentes estão inscritos em 46 unidades de saúde dos 12 ACES acima referidos”, lê-se no comunicado.

Segundo a Europacolon, os doentes referenciados após o resultado positivo na pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF) aguardam, em média, cinco meses para realizar uma colonoscopia, quando o “ideal é três semanas”, colocando “em causa vidas humanas”.

Sem referir tempos de resposta ou precisar unidades de saúde, a ARSLVT afirma em resposta que “a ARSLVT e todos os hospitais envolvidos nesta iniciativa estão empenhados em melhorar a capacidade de resposta em tempo clínico aceitável para a realização de colonoscopias aos utentes com resultados positivos nos testes de PSOF”, acrescentando que “há inclusivamente uma unidade hospitalar que possui um plano de recuperação em curso para fazer frente às dificuldades anteriormente sentidas”.

A administração regional de saúde de Lisboa nega ainda que não tenha existido na região uma replicação dos projetos pilotos do Norte, afirmando que “há já algum tempo que a ARSLVT abandonou a fase de projeto-piloto e que os passos dados por esta ARS, centros de saúde e hospitais da Região foram passos seguros, tendo em conta a complexidade, bem como a capacidade que esta iniciativa possui na redução da morbilidade e da mortalidade por cancro colorretal”.