O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, defendeu esta quinta-feira que o Irão terá de negociar sobre questões como o seu papel na região e o seu programa balístico.

“O Irão não poderá escapar a negociações sobre três outros assuntos que nos preocupam”, relativos ao papel do país nas questões de segurança regional, disse Le Drian à imprensa à chegada a uma reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros europeus em Viena.

Segundo o chefe da diplomacia francesa, as questões a discutir são: “o futuro dos compromissos nucleares do Irão além de 2025; a questão balística (…) e o papel que o Irão desempenha na estabilização de toda a região”. “Será necessário falar, é preciso que os iranianos tenham consciência disso”, insistiu Le Drian, numa altura em que os europeus tentam salvar o acordo nuclear de 2015 concluído em Viena pelo Irão e as grandes potências e do qual os Estados Unidos se retiraram em maio.

Após ter denunciado o acordo, o Presidente norte-americano, Donald Trump, restabeleceu no início de agosto uma parte das sanções sobre a economia iraniana. Trump disse pretender com as sanções exercer uma “pressão máxima” sobre o Irão para o fazer regressar às negociações e tentar conseguir um novo “acordo global”, que integre as questões evocadas por Le Drian.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em relação ao acordo nuclear de 2015, Le Drian considerou-o “essencial” para a segurança mundial e defendeu que a União comece a aplicar “mecanismos que permitam ao Irão comerciar” apesar das sanções impostas por Washington, no sentido de preservar o acordo. “É importante que possamos iniciar mecanismos financeiros que permitam ao Irão continuar a negociar”, salientou, adiantando que o assunto está a ser tratado com os seus homólogos da Alemanha e do Reino Unido.

O acordo nuclear de 2015 assinado entre o Irão e os 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU — Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China — mais a Alemanha) impõe limitações por um período de entre 10 a 25 anos ao programa atómico de Teerão em troca do levantamento de sanções ao país.

As primeiras sanções norte-americanas, lançadas no início de agosto e relativas ao setor financeiro e comercial, serão seguidas em novembro por outras, que afetarão o setor petrolífero e de gás.

A Agência Internacional de Energia Atómica indicou esta quinta-feira que o Irão continua a respeitar os seus compromissos no quadro do acordo sobre o nuclear e que a AIEA teve acesso “a todos os complexos e locais no Irão que desejava” inspecionar.