O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e a Agência Africana de Seguros Comerciais [ATI, na sigla original em inglês] assinaram esta terça-feira um acordo de 500 milhões de dólares para facilitar os investimentos estrangeiros no continente.
O acordo, assinado no âmbito da iniciativa ‘Room to Run’, vai abranger 22% dos 2,3 mil milhões de dólares do portefólio do BAD para entidades africanas não soberanas, e protege o banco do eventual incumprimento financeiro de 30 instituições financeiras africanas, com a ATI a funcionar como garante do pagamento.
“Esta transação alavanca o capital próprio do BAD para garantir mais desenvolvimento e empréstimos, já que criar novas avenidas de colaboração entre os seguradores privados e o Banco no desenvolvimento do continente africano”, disse o presidente do BAD, Akinwumi Adesina, na cerimónia de assinatura do acordo, em Londres.
“Este é um passo significativo rumo à melhoria das parcerias financeiras africanas em todo o mundo”, vincou o banqueiro, depois de assinar o acordo que, na prática, faz com que o BAD, através destes seguros de crédito, seja ressarcido pela ATI caso um dos clientes não pague o empréstimo.
A realização de seguros para reduzir o risco percecionado pelos investidores quando investem em África é uma das opções defendidas pelo Banco Africano de Exportações e Importações (Afreximbank) e por outras instituições financeiras multilaterais, como o Banco Europeu de Investimentos, que abriu uma linha concessional de crédito para os países que queiram financiar o acesso à ATI.
“Todos os países africanos, com exceção do Botsuana, Maurícias e Marrocos estão abaixo da recomendação de investimento das agências de ‘rating’, o que automaticamente impede os fundos de pensões europeus, norte-americanos e asiáticos de investirem nesses países”, disse o diretor de operações da ATI à Lusa, durante os Encontros Anuais do Afreximbank, em Abuja, na Nigéria, em julho, acrescentando que “só descendo o risco é que é possível aos grandes investidores e bancos internacionais apostarem a sério em África”.
A ATI, fundada em 2001, é uma instituição multilateral detida por 14 governos africanos e por nove bancos institucionais, incluindo o BAD, com o objetivo de fazer seguros contra os riscos de investimento em África, diminuindo a perceção de risco e aumentando os montantes investidos, que até 2017 chegaram aos 35 mil milhões de dólares.
O BAD é a principal banco multilateral para o desenvolvimento económico africano, mobilizando e alocando recursos para o investimento no continente e fornecendo aconselhamento ao nível das políticas governamentais; com um capital de cerca de 100 mil milhões de dólares, tem como acionistas os 54 países-membros africanos e outros 26 países fora do continente, entre os quais Portugal.