“Viúvas”

Esta versão americana da série policial inglesa dos anos 80 escrita por Lynda LaPlante anuncia a chegada definitiva do britânico Steve McQueen (“Fome”, “Vergonha”, “12 Anos Escravo”) ao cinema “mainstream”. Em Chicago, as viúvas de três ladrões mortos durante um assalto (Viola Davis, Michelle Rodriguez, Elizabeth Debicki), associadas a uma quarta mulher (Cynthia Erivo), que como elas não tem nada a perder, planeiam o roubo que lhes vai garantir um futuro confortável e livre de preocupações económicas. McQueen, que escreveu o argumento com Gillian Flynn (“Em Parte Incerta”), não se contenta em contar a história que é o miolo da fita e quer também tocar em temas como as ligações entre o crime organizado e a política (o enredo decorre durante uma disputada eleição municipal na cidade), a corrupção, a situação da mulher na sociedade e o racismo, e “Viúvas” acaba assim por se dispersar em múltiplos subenredos e ter uma conclusão a que falta verosimilhança. Fica o óptimo elenco, que além das quatro actrizes referidas inclui ainda Liam Neeson, Colin Farrell, Robert Duvall, Brian Tyree Henry e Daniel Kaluyaa.

“Utoya, 22 de Julho”

Ao contrário de “22 de Julho”, o longo e detalhado filme do realizador inglês Paul Greengrass sobre o massacre na ilha de Utoya, na Noruega, levado a cabo pelo extremista Anders Breivik a 22 de Julho de 2011, e os acontecimentos subsequentes, esta fita do norueguês Erik Poppe (“A Escolha do Rei”) nunca sai da ilha e centra-se numa personagem fictícia, a jovem Kaja (Andrea Berntzen), através dos olhos da qual seguimos os acontecimentos. O filme dura pouco mais do que os 72 minutos que mediaram entre os primeiros tiros disparados por Breivik e a chegada de socorro, e Poppe filma tudo num único “take”, mostrando o assassino apenas à distância, uma ou duas vezes e só fugazmente. Esta abordagem resulta numa narrativa mais concentrada, vívida, aflitiva e angustiante, em que partilhamos a confusão, a indecisão e o desespero de Kaja, que terão sido os mesmos das muitas pessoas que se encontravam em Utoya nesse trágico dia de Verão.

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“Monstros Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald”

No  segundo filme da nova saga mágica de J.K. Rowling, iniciada em 2016 com “Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los”, e de novo realizado por David Yates, que transitou da série “Harry Potter”, o maléfico Grindelwald (Johnny Depp) evade-se e vai instalar-se em Paris para começar a estabelecer, sob pretextos altruístas, a sua ditadura dos feiticeiros sobre o mundo da magia e o nosso. O magizoólogo Newt Scamander (Eddie Redmayne) segue clandestinamente no seu encalço, levando consigo a malinha sem fundo cheia de animais fantásticos (aqui com menos protagonismo do que no primeiro filme) e sendo ajudado por um mais jovem Albus Dumbledore (Jude Law), já que a fita vai de visita a Hogwarts. “Monstros Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald” foi escolhido como filme da semana pelo Observador, e pode ler a crítica aqui.