As emissões de dióxido de carbono (CO2) aumentaram pela primeira vez em quatro anos. A informação foi avançada aquando da divulgação do relatório pelas Nações Unidas, na terça-feira, em Paris. Se a tendência atual persistir, a temperatura global pode vir a aumentar mais de três graus até ao final do século, de acordo com a BBC.

O estudo mostra que os esforços que estão a ser feitos a nível mundial para mitigar as alterações climáticas estão longe das metas definidas: as emissões globais de CO2 atingiram níveis históricos de 53,5 gigatoneladas de gás carbónico equivalente. Os cientistas alertam que a temperatura global pode subir pelo menos 3 graus Celsius até ao fim do século.

Depois de as emissões globais de CO2 terem estabilizado entre 2014 e 2016, o documento aponta agora para o crescimento económico como principal causa da sua subida em 1,2%, em 2017. Para ir ao encontro dos objetivos previstos no Acordo de Paris, os países devem triplicar os esforços para manter o aquecimento global até 2030 abaixo de 2 graus Celsius ou quintuplicar as ações para limitar o aumento da temperatura abaixo de 1,5 graus.

Apenas 57 países, que representam 60% das emissões globais, estão no caminho para atingir a meta em 2030, informa o documento da ONU.

Ainda há um tremendo espaço entre palavras e ações, entre as metas acordadas pelos governos a nível global para estabilizar o nosso clima e para saber como atingir estes objetivos”, disse Gunnar Luderer, um dos autores deste estudo e pertencente ao Instituto de Potsdam de Pesquisa do Impacto Climático, citado pela BBC.

O resultado apresentado na terça-feira pelo Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente (UN Environment) teve em consideração as medidas que os mais de 190 países-membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima apresentaram nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), como resultado do Acordo de Paris, assinado em 2015. Neste acordo, cada nação estabeleceu um compromisso diferente de redução das emissões de CO2, com metodologias variadas de acordo com sua realidade.

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Ao lado da China e do Japão, o Brasil é citado no relatório como um dos três países integrantes do G20, cuja meta prevê que até 2030 a redução das emissões de gases de efeito de estufa seja de 43%, atingindo, assim, as metas definidas para 2030. Já a Austrália, a Argentina, o Canadá, o Reino Unido, os EUA, a Coreia do Sul, a Arábia e a África do Sul são países aos quais a ONU “aponta o dedo” por não estarem a cumprir o que se propuseram.

O relatório da ONU projeta ainda que a mitigação das mudanças climáticas pode ser reduzida com a revisão das ações no setor privado e o aproveitamento máximo do potencial de inovação e financiamento sustentável. Além disso, é sugerido aos governos que adotem políticas fiscais de subsídio a alternativas de baixa emissão de carbono e que sobretaxem o uso de combustíveis fósseis, de modo a estimular investimentos no setor de energia e reduzir as emissões de CO2.

O mundo caminha para que as temperaturas subam 3,2 graus Celsius até ao final deste século. A meta mais ambiciosa que consta no Acordo de Paris é a de limitar o aumento a 1,5 graus Celsius, mas as intenções definidas pelos países subscritores mostram-se ainda insuficientes.

O relatório da ONU acaba de ser divulgado dias antes da Cimeira do Clima (COP 24), de modo a dar a informar os delegados que irão reunir-se na Polónia, em Katovice, entre os dias 2 a 14 de dezembro deste ano.

Segundo avança o El País, a Comissão Europeia defende a eliminação por completo dos gases com efeito de estufa por meio da economia, propondo, assim, deixar de lado os combustíveis fósseis por completo. Em 2009, a União Europeia estabeleceu uma redução de 80% a 95% para 2050 das suas emissões de dióxido de carbono. Neste sentido, Bruxelas quer que 80% da eletricidade provenha das energias renováveis em 2050, propondo também mudanças ao nível dos setores energético e dos transportes.