A visita do Presidente chinês a Portugal, Xi Jinping, decorre quando há incertezas sobre as possibilidades de sucesso da OPA à EDP da China Three Gorges, que enquanto acionista avançou para os tribunais internacionais para contestar medidas do Estado.

A CTG, que há seis anos se tornou a principal acionista da elétrica, está disposta a pagar 10 mil milhões de euros, o valor máximo associado às ofertas anunciadas em maio pela totalidade da EDP e da sua subsidiária, a EDP Renováveis, para assegurar o controlo acionista e impedir que potenciais interessados na elétrica avancem, como foi noticiado pela imprensa internacional no início deste ano.

Mas para a oferta chegar ao mercado, a maior ofensiva de capitais chineses em curso em Portugal, a CTG tem que obter autorizações dos reguladores nos vários mercados em que a EDP está presente, nomeadamente dos Estados Unidos, num ambiente de guerra comercial à China, e de Bruxelas, onde, segundo o Jornal de Negócios, já se iniciaram “contactos no sentido de uma pré-notificação do negócio”.

Já depois de ter anunciado a oferta pública de aquisição (OPA), a CTG, que detém 23,27% do capital social da EDP – no ano passado reforçou -, foi um dos acionistas que decidiu no final de setembro que vai contestar nos tribunais internacionais o pagamento de 285 milhões de euros por alegada sobrecompensação no cálculo da disponibilidade das centrais que operavam em regime CMEC (Contratos de Manutenção do Equilíbrio Contratual).

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“O Conselho Geral de Supervisão da EDP, do qual fazem parte os acionistas de referência da empresa, pronunciou-se hoje, por unanimidade, no sentido de que a adequada defesa dos interesses dos acionistas justifica o recurso à arbitragem internacional ao abrigo dos tratados de proteção do investimento estrangeiro em vigor”, lê-se no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários em 27 de setembro, sendo este um de vários processos movidos pela elétrica contra o Estado, mas o primeiro dos acionistas (e não do Conselho de Administração Executivo) e na esfera internacional.

Apesar da guerra nos tribunais, no anúncio preliminar da operação, o grupo chinês afirmou que só lançará a OPA sobre a EDP se o Governo português não se opuser à oferta, e recebeu desde logo ‘luz verde’ do primeiro-ministro, António Costa, que disse que não ter “nenhuma reserva a opor” à operação.

Entretanto, aguarda-se a posição final da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) sobre o requerimento apresentado pela China Datang Overseas Investment Co. Ltd., sobre uma projetada operação de aquisição da Novenergia Holding Company S.A. (que controla a Generg), que será tomada até 12 de dezembro, uma vez que pode dar um sinal sobre a própria OPA da CTG à EDP.

Na quinta-feira, a ERSE esclareceu que a sua posição “não sendo, nem podendo ser, apta a viabilizar ou obstaculizar o negócio em causa, circunscrever-se-á às possíveis consequências para a certificação de independência dos Operadores das Redes de Transporte (REN – Rede Elétrica e REN Gasodutos), em função dos termos em que aquela operação de aquisição se venha a concretizar”.

A tomada de controlo da EDP pela CTG tem ainda que ultrapassar a questão do preço oferecido, de 3,26 euros por ação, que o Conselho de Administração Executivo da EDP considerou que não reflete adequadamente o valor da EDP e que o prémio implícito na oferta é baixo, considerando a prática pelas empresas europeias do setor.

A CTG pretende manter a EDP com sede em Portugal e cotada na bolsa de Lisboa.

O Presidente chinês, Xi Jinping, realiza uma visita oficial a Portugal entre 04 e 05 de dezembro.