Salomé Sebastião, mulher de um empresário português raptado desde 2016 em Moçambique, disse esta sexta-feira que as autoridades do país não usaram todos os meios possíveis para o encontrar.

“É um facto: se a [ajuda da] polícia portuguesa foi oferecida durante as investigações e se não foi aceite, fechando-se o processo, com certeza que não usaram todos os recursos disponíveis”, referiu, em conferência de imprensa, em Maputo.

A esposa de Américo Sebastião falava um dia depois de entregar uma petição no parlamento moçambicano em que pediu ajuda para o esclarecimento do caso, arquivado pela justiça, mas sobre o qual a família julga ter indícios que poderiam ajudar a descobrir o empresário. Depois de ter recorrido do primeiro arquivamento, no início do ano, e de o processo ter sido reaberto, a procuradora-chefe da República em Sofala, Carolina Azarias, disse em outubro que não foram encontrados elementos para o esclarecimento do caso.

O processo foi novamente arquivado e a lei já não prevê nova possibilidade de recurso. Ainda assim, Salomé Sebastião anunciou esta sexta-feira que vai continuar a promover ações junto das mais diversas entidades para chamar a atenção para o caso.

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Para janeiro estão previstas iniciativas a nível europeu, referiu, considerando que o que está em causa é uma questão mais ampla que o desaparecimento do marido, é a segurança de cidadãos estrangeiros em Moçambique – considerando que, para a imagem do país, também será importante esclarecer o caso.

Num dos pontos da petição entregue no parlamento, solicita-se que seja autorizada a colaboração das autoridades policiais e judiciárias portuguesas na investigação. Salomé acredita que Américo Sebastião “está sequestrado algures”.

“Não sei quem está envolvido, nem quero saber, só quer o Américo de volta”, referiu, acrescentando que, depois de recuperar o marido a família “colocará uma pedra neste incidente”.

Américo Sebastião foi raptado num posto de combustíveis na manhã de 29 de julho de 2016, em Nhamapadza, distrito de Maringué, na província de Sofala, no centro de Moçambique. Segundo a família, os raptores usaram os cartões de débito e crédito para levantarem “4 mil euros”, não conseguindo mais porque as contas foram bloqueadas logo que foi constatado o desaparecimento.

Nunca mais se soube do paradeiro do empresário desde o rapto, perpetrado por homens fardados, que algemaram o empresário e o colocaram dentro de uma das duas viaturas descaracterizadas com que deixaram o posto.

Portugal ofereceu por várias vezes a cooperação judiciária e judicial acordada entre os dois países para se tentar localizar Américo Sebastião, o tema foi discutido ao mais alto nível entre os dois países, mas as autoridades moçambicanas recusaram a ajuda nas investigações.