Já chegou a Itália o terrorista Cesare Battisti, ex-membro do Proletários Armados pelo Comunismo, condenado a prisão perpétua por quatro mortes e capturado na Bolívia pelas autoridades brasileiras, bolivianas e pela Interpol. De acordo com o Corriere della Sera, Cesare Battisti aterrou às 11h37 (menos uma hora em Portugal Continental) e saiu do avião cercado por agentes especiais. O terrorista sorriu para as câmaras que o esperavam no aeroporto e depois foi recebido pelo ministro do Interior, Matteo Salvini, e pelo ministro da Justiça, Alfonso Bonafede.

O avião tinha descolado de Vira Viru, em Santa Cruz de La Sierra, a 850 quilómetros da capital da Bolívia, La Paz. Matteo Salvini estava à espera de Cesare Battisti no aeroporto e transmitiu em direto, através das redes sociais, a chegada dele a Roma.

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O vídeo foi publicado na página oficial de Facebook do ministro do Interior italiano com a descrição: “Ao vivo. O deliquente Battisti de regresso a Itália.  O nosso país reencontra um pouco de honra, dignidade e justiça. Esse deve ser um dia de festa para todos os italianos”. De acordo com Salvini, que também publicou fotografias de Battisti no interior do avião, chegou a haver 30 mil pessoas a ver o vídeo em direto. Veja a chegada de Cesare Battisti aqui em baixo.

LIVE. Il delinquente Battisti riportato in Italia. Il nostro Paese ritrova un po’ di onore, dignità e giustizia. Questo deve essere un giorno di festa per tutti gli italiani.

Posted by Matteo Salvini on Monday, January 14, 2019

Além do vídeo, Matteo Salvini também publicou um longo texto no Facebook onde agradeceu “do fundo do coração” a Jair Bolsonaro pela “mudança de clima político que, juntamente com um positivo cenário internacional onde a Itália voltou a ser protagonista, permitiram esse sucesso esperado há anos, graças às autoridades bolivianas e à parceria de outros países amigos”. O governo brasileiro já se tinha congratulado este domingo com a detenção de Cesare Battisti, defendendo a importância de este responder em Itália “pelos graves crimes que cometeu”.

Logo que aterrou, Cesare Battisti foi levado para a prisão de Rebibbia, onde ficará preso no circuito de alta segurança reservado a terroristas, diz o Corriere della Sera. Nos primeiros seis meses ficará em isolamento diurno.

Brasil comentou detenção de Cesare Battisti

Num comunicado conjunto dos ministérios brasileiros das Relações Exteriores e da Justiça e Segurança Pública, “o governo brasileiro congratula-se com as autoridades bolivianas e italianas e com a Interpol pelo desfecho da operação de prisão e retorno de Battisti à Itália”. “O importante é que Cesare Battisti responda pelos graves crimes que cometeu”, lê-se. “O Brasil ofereceu facilitar o embarque pelo território nacional e devido à urgência foi encaminhada uma aeronave da Polícia Federal brasileira à Bolívia. No entanto, optou-se pelo envio direto do prisioneiro para a Itália”, acrescenta o Governo brasileiro no mesmo comunicado.

O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, anunciou a detenção de Battisti depois de ter conversado ao telefone com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, a quem agradeceu os esforços para a detenção, coordenada com as autoridades da Bolívia. Conte alargou o agradecimento às autoridades bolivianas, acrescentando na mensagem que sente interpretar “o sentimento das famílias das vítimas e de todos os que pediam que se fizesse justiça”.

Battisti, de 64 anos, foi capturado na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra no sábado à tarde. Foi membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo, uma ramificação das Brigadas Vermelhas, e foi condenado a prisão perpétua por quatro homicídios entre 1977 e 1979, que nega ter cometido, mas permaneceu em fuga durante perto de 40 anos. Depois de se ter refugiado em França e no México, instalou-se em 2004 no Brasil, onde viveu até à sua detenção em 2007.

O Supremo Tribunal do Brasil aceitou a sua extradição em 2009 numa sentença não vinculatória que deixou a decisão nas mãos do então Chefe de Estado, Luiz Inácio Lula da Silva, que a rejeitou a 31 de dezembro de 2010, no último dia do seu mandato. Desde então, Battisti viveu em liberdade no Brasil, mas em dezembro foi novamente ordenada a detenção “para fins de extradição”, tendo o presidente Michel Temer assinado o decreto de extradição a 14 de dezembro, data a partir da qual o ex-ativista permanecia em fuga.