A administração do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que vai impor sanções à estatal venezuelana Petróleo de Venezuela SA (PDVSA) e ao banco central do País, o que aumenta a pressão sobre Nicolás Maduro.

O conselheiro de segurança nacional John Bolton e o secretário do Tesouro Steven Mnuchin anunciaram na noite de segunda-feira as medidas contra a companhia, que impede os norte-americanos de fazerem negócios com a empresa estatal e congela todos os seus bens nos Estados Unidos. As sanções, que estão a ser vistas na prática como uma proibição à venda de petróleo venezuelano aos Estados Unidos, incluem uma restrição que colocará quaisquer pagamentos à PDVSA em contas específicas dos Estados Unidos e permitirão a anulação de “operações ou contratos existentes” com a PDVSA até 29 de março, explica o Jornal de Negócios.

Juan Guaidó vai assumir o controlo do ativos venezuelanos para evitar “roubos”

No mesmo dia do anúncio de sanções, o autoproclamado presidente internino da Venezuela, Juan Guaidó, anunciou que assumiu o controlo dos ativos do país no exterior, de modo a evitar que o Presidente Nicolás Maduro “continue a roubar” o dinheiro dos venezuelanos.

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A partir deste momento iniciamos a tomada do controlo progressivo e ordenado dos ativos da nossa República no exterior, para impedir que no seu percurso de saída, e não conformado com o que já roubou à Venezuela, o usurpador e o seu grupo continuem a roubar o dinheiro dos venezuelanos, financiando delitos a nível internacional e usando o dinheiro para torturar o povo, privando-o de alimentos e medicamentos e assassinando quem protesta pelos seus direitos”, refere Juan Guaidó, num comunicado divulgado na rede social Twitter.

O autoproclamado Presidente acrescentou que já denunciou “junto da comunidade internacional a corrupção na PDVSA” (empresa estatal Petróleos da Venezuela), salientando que esta foi convertida numa “rede de financiamento de crimes”.

Juan Guaidó disse ainda que vai iniciar um processo para nomear uma nova administração para a PDVSA e para a sua filial CITGO, que opera nos Estados Unidos.

A 23 de janeiro, Juan Guaidó, o presidente do parlamento, autoproclamou-se Presidente da Venezuela perante uma multidão de opositores de Nicolas Maduro, prometendo um “governo de transição” e “eleições livres”.

Após eleições em que estiveram ausentes as principais forças da oposição, Maduro foi investido, a 10 de janeiro, para um segundo mandato como chefe de Estado e de Governo, cuja legitimidade não foi reconhecida por grande parte da comunidade internacional.

Neste cenário, a Venezuela enfrenta uma crise política que já levou vários países europeus, incluindo Portugal, a lançarem um ultimato ao Presidente Nicolás Maduro para convocar eleições no prazo de uma semana.

Caso Maduro não o faça, Portugal, Espanha, Alemanha, França e Reino Unido vão reconhecer Juan Guaidó como chefe de Estado interino, com poder para conduzir o processo eleitoral.

A repressão dos protestos antigovernamentais da última semana na Venezuela já provocou 35 mortos e 850 detidos, de acordo com o mais recente balanço divulgado por diversas ONG.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.

Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.