O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, rejeitou em absoluto convocar eleições antecipadas, depois de vários países europeus, Portugal inclusive, terem instado o regime chavista a marcá-las sob pena de, no caso de não haver uma ida às urnas, passarem a reconhecer Juan Guaidó como o legítimo chefe de Estado da Venezuela.

“A Europa tem uma posição insolente, insustentável e inapresentável. Tem de retirar o seu ultimato. Ninguém nos coloca um ultimato. Se quiserem sair da Venezuela, saiam todos e saiam já”, disse Nicolás Maduro este domingo numa entrevisa à CNN Türk.

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Nicolás Maduro fez ainda alusões ao passado colonialista de Espanha, que também se somou àquela exigência dirigida ao regime chavista. “Infelizmente a Europa volta a cometer um grande erro sobre a Venezuela. Parece que os 200 anos de luta independentista não contou para eles. Nós somos um país orgulhoso da nossa independência. Foi o exército libertador venezuelano que expulsou as tropas europeias  imperiais de Espanha de toda a América do Sul. Está no nosso sangue. Nós temos no nosso sangue o ADN do libertadores“, disse.

Não terá sido por acaso que Nicolás Maduro deu a sua primeira entrevista internacional após a autoproclamação de Juan Guaidó, na quarta-feira, à CNN Türk. Além de ser um dos principais canais da Turquia, a CNN Türk é também abertamente favorável ao Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan. E este chefe de Estado foi um dos primeiros a contactar Nicolás Maduro na quarta-feira para lhe demonstrar o seu apoio — chamada essa que o líder venezuelano fez questão de realçar no seu primeiro discurso após a autoproclamação de Juan Guaidó.

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Nicolás Maduro disse: “Não me surpreendi. Porque sei que o Presidente Erdoğan é um homem de valores, muito firme e democrático. É um homem valente”. E continuou: “Hoje posso dizer que o Presidente Erdoğan é um grande amigo. Gosto do povo da Turquia, é um povo bonito, cheio de cultura”.

Às relações diplomáticas entre os dois países, juntam-se também as relações económicas. De acordo com dados oficiais turcos divulgados em julho de 2018, até essa altura a Venezuela tinha exportado 779 milhões de dólares (682 milhões de euros) em ouro para a Turquia. Estas movimentações levaram os EUA a suspeitar de que estariam a ser utilizadas pelos líderes do regime venezuelano para contornarem as sanções económicas a que têm sido sujeitos nos últimos anos.