O governo britânico vai exigir que o Tinder e ao Grindr expliquem como impedem menores de idade de utilizar os seus serviços de encontros. O pedido formal surge depois de uma investigação do Sunday Times encontrar 30 investigações policiais por violação de menores ligadas às aplicações, e detetar outros 60 casos de abuso de crianças. Num dos casos mais extremos, um jovem de 13 anos no Grindr terá sido abusado sexualmente por pelo menos 21 homens.

O Secretário Inglês da Cultura, Jeremy Wright, considerou o relatório “verdadeiramente chocante”, servindo como “mais uma prova de que as empresas online precisam de fazer muito mais para proteger as crianças”. O Ministério da Cultura deverá enviar agora um pedido de esclarecimento às empresas para saber que mecanismos têm para travar o seu uso por menores de idade. Caso as respostas do Tinder e do Grindr não sejam satisfatórias, Jeremy Wright diz poder avançar para ação legislativa. Uma das medidas mais imediatas, segundo o mesmo responsável do governo inglês, será estender às aplicações de encontros uma lei prestes a ser imposta aos websites pornográficos: a aplicação de tecnologias rígidas de verificação de idade. No Reino Unido, a partir de abril, será necessário provar que se é maior de idade para aceder a conteúdos para adultos, apresentando o email, dados do cartão de crédito ou outros documentos de validação.

“Portugal é um dos mercados mais importantes para o Tinder”

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Em janeiro de 2019, a Comissão do Parlamento Britânico para a Ciência e Tecnologia tinha chamado a atenção para o problema, pedindo que o governo criasse o dever legal de as plataformas cuidarem dos seus utilizadores. O mesmo relatório exige mais transparência por parte das empresas tecnológicas.

Em resposta às declarações do governo inglês, o Tinder afirmou que gasta “milhões de dólares anualmente” para manter sistemas automáticos e manuais que afastem os menores de idade da plataforma. Na mesma linha, representantes do Grindr garantiram à BBC que qualquer caso de abuso sexual ia “claramente contra os termos de serviço” da aplicação. A empresa sublinhou ainda que estava “a trabalhar constantemente para melhorar” as “ferramentas digitais e humanas para prevenir e remover o uso indevido do serviço por menores de idade”.

O Tinder tem mais de 10 milhões de utilizadores diários, a nível global, gerando matches — encontros digitais — 12 milhões de vezes por dia. A aplicação de encontros foi criada em 2012 e está avaliada em quase 3 mil milhões de euros. O Grindr é uma app focada na promoção de encontros entre a comunidade LGBTQ+. Lançada em 2009, chega a 3,4 milhões de pessoas todos os dias, que dão à empresa um valor estimado de 155 milhões de euros.