O ministro do Interior de Moçambique, Basílio Monteiro, anunciou esta sexta-feira que vai destacar unidades das Forças de Defesa e Segurança para os acampamentos das empresas envolvidas na exploração de gás em Cabo Delgado, norte do país.

“Vamos destacar um conjunto de unidades das Forças de Defesa e Segurança para assegurar a proteção de todos acampamentos e locais de trabalho das petrolíferas em Cabo Delgado”, disse Basílio Monteiro, falando à imprensa em Maputo.

O ministro do Interior moçambicano fez este anúncio um dia depois de uma caravana da petrolífera norte-americana Anadarko ter sido alvo de dois ataques relacionados em Cabo Delgado, Moçambique, os quais provocaram um morto e seis feridos.

Basílio Monteiro garantiu o objetivo das Forças de Defesa e Segurança de travar novos ataques naqueles locais, acrescentando que, nos próximos dias, unidades complexas das Forças de Defesa de Moçambique vão começar com operações militares na área das petrolíferas.

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“Temos convicção que consolidaremos o ambiente de segurança, não apenas nos acampamentos como também nos locais de trabalho destas empresas e outras conexas”, concluiu o governante moçambicano.

Os ataques ocorreram na sexta-feira, a cerca de 20 quilómetros do estaleiro da Anadarko, segundo um comunicado da empresa a que a Lusa teve acesso.

“O primeiro envolveu uma caravana e causou ferimentos não letais em seis trabalhadores, que receberam ou estão ainda a receber tratamento. O segundo ataque, que envolveu uma empresa contratada para construir uma pista de aterragem para o projeto, resultou numa morte”, acrescenta o comunicado.

A empresa em causa é a portuguesa Gabriel Couto, para quem a Anadarko remete qualquer esclarecimento adicional sobre o segundo ataque.

Estes são os primeiros ataques conhecidos a alvos de empresas envolvidas nos projetos de gás na bacia do Rovuma desde a eclosão, em outubro de 2017, da violência armada em Cabo Delgado.

A onda de violência em Cabo Delgado (2.000 quilómetros a norte de Maputo, no extremo norte de Moçambique, junto à Tanzânia) eclodiu após um ataque armado a postos de polícia de Mocímboa da Praia por um grupo com origem numa mesquita local que pregava a insurgência contra o Estado e cujos hábitos motivavam atritos com os residentes desde há dois anos.

Depois de Mocímboa da Praia, têm ocorrido vários ataques que se suspeita estarem relacionados com o mesmo tipo de grupo, sempre longe do asfalto e fora da zona de implantação das fábricas e outras infraestruturas das empresas petrolíferas que vão explorar gás natural.

A petrolífera Anadarko já havia anunciado à Lusa que as obras estavam a decorrer com “segurança reforçada”, devido à proximidade dos ataques anteriores.