O presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses acusou esta quinta-feira a Comissão Nacional de Eleições de estar a “exorbitar dos poderes que a lei lhe confere”, rejeitando que o exercício da cidadania fique “ao livre arbítrio” da comissão.

Em declarações à agência Lusa à saída de uma reunião com o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, no parlamento, em Lisboa, o socialista Manuel Machado deixou claro que a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) está preocupada com as “notas informativas, entre aspas, emitidas pela Comissão Nacional de Eleições” (CNE).

“Achamos que estão a exorbitar dos poderes que a lei lhe confere”, condenou.

Questionado sobre o esclarecimento, emitido na quarta-feira pela CNE, de que os titulares de órgãos do Estado e da Administração Pública não estão impedidos de participar em conferências, assinaturas de protocolos ou inaugurações no período de pré-campanha eleitoral, o também presidente da Câmara Municipal de Coimbra garantiu que os autarcas não querem “estado de exceção”.

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“Mal da democracia, mal de nós quando vivemos em estado de exceção. Se necessário, corrijam-se as leis, aperfeiçoem-se as leis, corrijam-se os pontos que estejam nublosos, mas não pode é ficar o exercício da cidadania ao livre arbítrio de uma qualquer comissão”, defendeu.

Na opinião de Manuel Machado, “quando isso aconteceu em Portugal acabou numa ditadura”.

“Corrijam-se as notas informativas, porque elas são mais do que diversas e às vezes, passo o plebeísmo, parecem pior a emenda que o soneto. Não estamos a viver nem interessados em viver em estado de exceção”, insistiu.

O presidente da ANMP adiantou ainda que foi pedida uma audiência ao presidente da CNE para partilhar as preocupações dos municípios e “apelar ao bom senso”, estando ainda a aguardar a marcação desta reunião.

Foi pela gravidade da situação que a ANMP pediu a reunião ao presidente da Assembleia da República, para lhe apresentar as preocupações dos autarcas.

“Registamos com muito apreço o facto da pronta marcação desta reunião e a compreensão que nos foi manifestada pelas nossas preocupações”, sublinhou.

A questão, segundo Manuel Machado, “merece ser resolvida e atalhada o mais rapidamente possível porque a democracia só se pode fortalecer com a confiança dos cidadãos nos políticos e dos políticos na política também”.