O Grupo Volkswagen é, entre aqueles que envolvem construtores tradicionais especialistas em motores de combustão e com décadas de história, quem está a fazer uma abordagem mais musculada à produção de veículos eléctricos. Investiu quantidades astronómicas em novas plataformas, específicas para esta classe de veículos, procedendo do mesmo modo em relação às baterias (falta a produção de células, mas já estão a tratar disso com a Catl nos EUA e, em breve, na Europa) e às matérias-primas necessárias para a sua produção. Daí que o conglomerado germânico não aprecie que o lobby dos construtores tente arrastar os pés em relação a esta nova tecnologia.

A esmagadora maioria dos construtores de automóveis é algo avessa às inovações que provêm de áreas fora do seu core business ou que se relacionam com temas que não controlam. Um dos bons exemplos é o caso dos automóveis eléctricos, que aparecem como a solução, a curto prazo, para respeitar a redução no consumo – e por tabela nas emissões de CO2 – imposta pela União Europeia.

Depois de ter falhado no exercício de lobbying para evitar a redução do consumo, o lobby dos construtores apontou armas aos eléctricos a bateria, acusando-os de serem ainda piores para o ambiente, não serem uma solução viável e de serem extremamente caros, entre outros “miminhos”. Não faltando os fabricantes que, apesar de publicamente se confessarem fãs dos eléctricos, tecnologia em que dizem estar a apostar, continuam a suportar o lobby contra os veículos a bateria.

Neste cenário, o Grupo Volkswagen ameaçou abandonar o lobby que defende a indústria automóvel, por considerar que este está a concentrar demasiada energia em opor-se aos carros que usam energia eléctrica. A primeira entidade a ser enfrentada foi a alemã VDA (a associação da indústria automóvel alemã), com Herbert Diess, o CEO do grupo germânico, a queixar-se que “a lista de críticas à Volkswagen tem sido longa” e a que “a VDA tem de suspender a abertura a outras soluções alternativas, como as fuel cells e os motores a gás e concentrar-se nos veículos eléctricos com baterias”. Defende Diess que, de outra forma, “o esforço para os fabricantes é demasiado elevado”, sem dúvida por estarem a jogar em vários tabuleiros em simultâneo. Resta saber se os seus colegas da associação e seus concorrentes estão dispostos a apoiar uma tecnologia em que a Volkswagen está hoje em clara vantagem, por ter apostado primeiro e de forma substancialmente mais empenhada.

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