O ataque de sábado contra uma aldeia do centro do Mali provocou 135 mortos, segundo um novo balanço divulgado este domingo pelas autoridades locais.

Citadas pela agência EFE, as mesmas fontes acrescentaram que já foram enterradas 90 das vítimas, mas que há ainda meia centena de cadáveres, totalmente queimados, por sepultar.

O ataque, presumivelmente desencadeado por caçadores da etnia bambara, teve como alvo a aldeia de Ogossagou, onde vivem os Fulas.

Entre as vítimas à aldeia de pastores da região de Mopti há inúmeros anciãos, mulheres e crianças, que não puderam escapar dos “donzos”, como são localmente referenciados os bambaras, que cercaram o povoado e queimaram cerca de 400 casas.

O Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, convocou para hoje um Conselho de Ministros extraordinário e ordenou uma investigação à matança de civis, a mais grave nos últimos anos.

Hoje é esperada a chegada de uma missão do Comité Internacional da Cruz Vermelha, que irá também colaborar na investigação.

O massacre aconteceu durante a visita ao país de uma missão do Conselho de Segurança da ONU, que ali se deslocou precisamente para investigar o alarmante aumento da violência (religiosa, separatista ou étnica) no centro e norte do país, e para avaliar a continuidade da Minusma, a missão de “capacetes azuis” no Mali.

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Por seu lado, a Associação do Mali para os Direitos Humanos (AMDH) recordou ao governo que “é imperativo desarmar imediatamente todos os grupos ilegalmente armados que operam no centro e norte do país”.

A AMDH aponta a tolerância que o governo tem mostrado para com todos os tipos de milícias, autodesignadas de grupo de autodefesa, que protegem os interesses de outras etnias, como os tuaregues, fulas, agricultores ou pastores, uma tolerância que às vezes é mera conivência, quando o governo usa umas milícias contra outras.

A região de Mopti foi durante todo o ano passado palco de confrontos intermitentes entre rivais ou entre caçadores e pastores pelo controlo da terra, e por razões religiosas, já que os caçadores acusam os fulas de terem ligações a grupos ‘jihadistas’.

A organização não-governamental Human Rights Watch alertou que ao longo de 2018 mais de 200 civis foram mortos e dezenas de aldeias foram incendiadas no centro de Mali, como resultado de ataques das milícias formadas por grupos étnicos da região.