O que é o Parkour? Muitas vezes relacionamos o Parkour com filmes de ação ou filmes de ninjas onde, quase sempre, um jovem consegue escapar ao perigo com uma perícia única e recorrendo às mais variadas técnicas de ginástica. Mas Parkour é muito mais. É uma forma de treino que permite o aumento do ‘vocabulário’ de movimentos e assim ultrapassar qualquer obstáculo apenas com o próprio corpo. Mas também é uma forma de aprender a focalizar e saber controlar as emoções.

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E quem é que treina Parkour? O Observador Lab foi tentar saber se esta atividade física é, realmente, apenas para os mais novos e chegou à conclusão que não é preciso saber fazer saltos mortais para praticar a modalidade e que a idade é mesmo relativa.

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“Pela minha experiência, algumas das pessoas que procuram o Parkour são aquelas que mais precisam de trabalhar internamente, que estão um pouco perdidas ou sem foco na vida. Nesse sentido, esta modalidade tem muito para oferecer. Obriga a dominar as emoções, a controlar o medo, a eliminar as dúvidas em si próprio e ajuda a tomar decisões rápidas”, destaca Hilário Freire, praticante de Parkour há mais de uma década e um dos pioneiros da atividade em Portugal.

A atividade que surgiu nos subúrbios de Paris

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O Parkour surgiu nos anos 80, em França, nos subúrbios de Paris, inspirado no “methode Naturelle” uma forma de treino que está em constante construção. O seu criador, David Belle e um grupo de jovens parisienses denominaram o seu grupo de “yamakasi” que significa “homem forte”.

Parkour também serve para o cinema

Os praticantes de Parkour são muitas vezes chamados para trabalhar como duplos em publicidade, performance em palcos ou programas de televisão, pela sua boa condição e agilidade física.

Federação de Ginástica Internacional pretende que Parkour seja uma modalidade Olímpica

As opiniões diferem, o tema  é controverso e tem-se debatido se o Parkour deve seguir um lado competitivo com todos os riscos que daí vão surgir e também levar marcas e patrocínios para a modalidade. A Federação de Ginástica Internacional está a testar diversos formatos competitivos um pouco por todo o mundo com o objetivo de transformar o Parkour numa modalidade olímpica em 2020 ou 2024.

O Parkour treina pois a agilidade de movimentos, mas e até, principalmente, a agilidade cerebral fomentando a capacidade de raciocínio em tomadas de decisão instantâneas e o controlo das emoções. E como garante o atleta: “Com alguns meses de treino, tens grandes melhorias a nível de equilíbrio, coordenação motora, força muscular e uma boa capacidade de reação e reflexos”.

É certo que são os jovens, entre os 13 e os 18 anos, que procuram mais esta atividade que consiste em percorrer um percurso de obstáculos rapidamente e usando-se apenas das habilidades atléticas. No entanto, o Parkour está a ganhar terreno entre o público mais adulto, inclusive mulheres, que procura um desporto completo, fora de rotinas e com resultados visíveis, quer seja para melhorar a condição física, descomprimir do stress diário ou até perder peso. Uma visão universal entre os praticantes é o facto de gostarem de treinar individualmente, ao seu ritmo, adaptando o treino à sua forma de estar e, principalmente, desfrutar de uma atividade desportiva longe de competições.

Aliás o grande tema do Parkour é “Ser forte para ser útil” e respeita a filosofia da atividade que defende que cada praticante, que se denomina traceur, apenas queira competir consigo.

3 Perguntas a Hilário Freire

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Praticante há 14 anos, foi a França aprender com o fundador da disciplina David Belle. É um dos fundadores e instrutores da academia SpotReal.

Encontrar um foco na vida”

Quem procura fazer Parkour?
Pela minha experiência algumas das pessoas que procuram o Parkour são aquelas que, curiosamente mais precisam de trabalhar internamente, quer sejam inseguranças ou uma questão de adaptação social. Mas a maior parte das pessoas simplesmente experimentam por curiosidade.

O que tem o Parkour para oferecer?
Obriga a dominar as emoções, a controlar o medo, a eliminar as dúvidas em si próprio e ajuda a tomar decisões rápidas. Pessoalmente noto que ajuda os praticantes a encontrarem um foco na vida e oferece algo pelo qual vale a pena lutar e tentar atingir a nível de Self-improvement – melhoria pessoal.

O Parkour é competitivo?
Regra geral a filosofia e valores por detrás do Parkour levam a que o praticante apenas queira competir consigo próprio e que não esteja a comparar-se com outros, não há um melhor nem um pior, ninguém tem de perder para outro ganhar. No entanto existem muitos campeonatos e comeptições que surgem, tanto por promoção comercial, como por uma questão natural de mostrar as capacidades ao resto da comunidade.

 

Riscos de lesão baixos

É inevitável não pensar nos riscos e nas lesões que podem advir quando se pratica Parkour. No entanto e como assegura Hilário Freire, o nível de risco ou lesão por acidentes associado ao Parkour é inferior ao risco da ginástica acrobática, ciclismo ou skate. “Não porque há menos praticantes, mas o número de lesões por praticante é inferior e o tipo de lesão é menos grave”, assegura, para explicar: “O Parkour não tem acessórios ou fatores externos que podem influenciar a nossa performance e a zona de conforto é decidida por cada praticante individualmente. Ou seja, enquanto o praticante estiver a praticar dentro da sua própria zona de conforto, (o que corresponde a 99% das vezes) o risco de lesão é muito baixo”

Piscina de esponjas para treinar com segurança

E para quem quiser começar a aventurar-se no Parkour nada melhor do que o fazer num local credenciado e seguro. A Spot Real oferece as melhores condições para praticar a atividade e, sobretudo, para ensinar a modalidade. Quatro amigos e praticantes abriram em 2014 esta academia dedicada à prática de Parkour e ao ensino da modalidade, simulando obstáculos urbanos num ambiente controlado e seguro com todas as condições necessárias.

Filmografia sobre Parkour

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“Brick Mansions” é o remake do famoso filme de Luc Besson “District B13 – Os gangues do bairro 13” e que conta com o fundador do Parkour David Belle sobre o início da atividade desportiva.

A piscina de esponjas é o local mais apetecido e onde os praticantes, a partir dos 7 anos, podem mergulhar enquanto treinam arduamente para melhorar a técnica. A Spot Real disponibiliza aulas, segmentadas por idade, e ainda outros serviços como festas de aniversário, treinos na rua, eventos e workshops, tudo o que esteja relacionado com Parkour.

Das artes marciais ao breakdance

As aulas são preparadas a pensar em cada aluno. Isto é, os instrutores definem um programa de treino tendo em conta o que cada um consegue fazer. “Uma pessoa com um background de artes marciais vai criar um percurso no meio do obstáculos de forma completamente diferente de uma pessoa que fez breakdance por exemplo”, realça Hilário Freire.

Aprimoram-se as técnicas com a ajuda dos instrutores, todos eles atletas e com muita experiência na modalidade. Uma coisa é certa: “Em apenas três aulas os alunos já vão conseguir implementar algumas técnicas que aprenderam”, assegura o atleta.