790kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Mathieu e a incansável vontade de ser herói (a crónica do Sporting-Tondela)

Este artigo tem mais de 4 anos

O Sporting esteve a ganhar durante quase uma hora mas acabou por ceder o empate ao Tondela em Alvalade. Mathieu defendeu, atacou, quase marcou e no final garantiu que quer ficar.

O central francês ficou perto do golo na primeira parte e depois na segunda, onde viu Cláudio Ramos roubar-lhe o segundo dos leões
i

O central francês ficou perto do golo na primeira parte e depois na segunda, onde viu Cláudio Ramos roubar-lhe o segundo dos leões

EPA

O central francês ficou perto do golo na primeira parte e depois na segunda, onde viu Cláudio Ramos roubar-lhe o segundo dos leões

EPA

Num exercício rápido de memória, é fácil chegar à conclusão de que a atual temporada do Sporting é diametralmente oposta à época passada no que à cronologia de bons momentos de forma diz respeito. Em 2017/18, os leões arrancaram a temporada com o fulgor de querer ter uma palavra a dizer no que toca ao Campeonato, venceram a Taça da Liga em janeiro, chegaram à final da Taça de Portugal e só caíram nos quartos de final da Liga Europa com o Atl. Madrid que acabaria por conquistar a competição. Na reta final da temporada, o Sporting já não contava para as contas do Campeonato, perdeu a final da Taça com o Desp. Aves e chegou ao verão embrenhado em assuntos extra-futebol que afetavam em toda a linha o que se passava dentro das quatro linhas.

Em comparação com a época que está agora perto do fim, o único ponto em comum parece mesmo ser a conquista da Taça da Liga em janeiro. Os assuntos extra-futebol ficaram, pelo menos aparentemente, fechados no arranque da temporada com o culminar do período eleitoral, os resultados desportivos sofríveis obrigaram a uma “chicotada psicológica” logo em novembro e uma série de semanas de rendimento abaixo da média fez o Sporting cair para o quarto lugar da Primeira Liga e ser eliminado da Liga Europa logo nos 16 avos de final.

É agora, quando restavam apenas duas jornadas da Primeira Liga e a final da Taça de Portugal, que o Sporting vive o seu melhor momento da temporada. Para além das nove vitórias consecutivas no Campeonato e 10 em todas as competições, os leões reconquistaram o terceiro lugar ao Sp. Braga e sonhavam agora com o segundo, que dá acesso à Liga dos Campeões, mesmo que para isso fosse preciso o FC Porto perder este domingo na Madeira e o Sporting ir ao Dragão ganhar na derradeira jornada. A boa fase de resultados e exibições, embora acompanhado por um período de aparente acalmia a nível institucional, é principalmente pautada pela subida de rendimento de Bruno Fernandes e Wendel, pela integração quase perfeita de Luiz Phellype e pela adaptação do modelo Keizer à realidade do futebol português, depois daqueles primeiros jogos de enorme vertigem ofensiva mas inequívoca fragilidade defensiva.

Mostrar Esconder

Ficha de jogo
Sporting-Tondela, 1-1

33.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Tiago Martins (AF Lisboa)

Sporting: Renan, Ristovski, Coates, Mathieu, Borja (Tiago Ilori, 70′), Bruno Fernandes, Gudelj, Wendel (Bas Dost, 77′), Raphinha, Luiz Phellype (Diaby, 88′), Acuña

Suplentes não utilizados: Salin, André Pinto, Doumbia, Jovane Cabral

Treinador: Marcel Keizer

Tondela: Cláudio Ramos, Moufi, Jorge Fernandes, Ricardo Costa, Joãozinho, Jaquité (Pité, 76′), Bruno Monteiro, João Pedro (Xavier, 45′), Murillo, Tomané, Delgado (Peña, 57′)

Suplentes não utilizados: Pedro Silva, Ícaro, Patrick, David Bruno

Treinador: Pepa

Golos: Bruno Fernandes (gp, 6′), Tomané (67′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Ricardo Costa (4′), Bas Dost (41′), Juan Delgado (44′), Mathieu (45+3′), Jorge Fernandes (59′), Moufi (81′), Coates (84′), Pité (85′); cartão vermelho direto a Ristovski (37′)

Este sábado, com o Tondela, o Sporting despedia-se de Alvalade até à próxima temporada e podia chegar à 11.ª vitória consecutiva a nível global e à 10.ª na Primeira Liga. Para isso, era preciso deixar para trás um Tondela aflito que está na zona de despromoção e que luta atualmente por todos os pontos. Mesmo com o aproximar da final da Taça de Portugal, que pode dar ao Sporting o segundo título da temporada, Marcel Keizer já tinha dito que não iria fazer poupanças até ao fim da Liga e cumpriu isso mesmo na receção aos beirões: jogou aquele que é atualmente o onze tipo dos leões, com Borja a manter a titularidade e Acuña a atuar mais adiantado no terreno e Bas Dost a ser suplente face à titularidade de Luiz Phellype.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O Sporting entrou no jogo de forma algo atípica e contrastante com aquilo que têm sido os últimos o jogo dos leões, em que os arranques ficam normalmente pautados por um ritmo elevado do conjunto orientado por Marcel Keizer e uma certeza palpável de que o objetivo é chegar ao golo o mais depressa possível. Ao invés disso, e enquanto em Alvalade ainda se ouvia o rotineiro cântico “O Mundo Sabe Que” pela última vez esta temporada, Tomané já estava a rematar à baliza de Renan: logo no primeiro minuto, Borja atrasou mal para Mathieu e o avançado do Tondela foi mais forte do que o central, acabando por ser o guarda-redes brasileiro a desviar para canto. A equipa de Pepa conquistou dois livres em zona perigosa logo de seguida e era Renan, na baliza, que dizia aos colegas que era necessário acordar.

E foi exatamente isso que aconteceu. Ristosvki subiu no corredor direito e cruzou atrasado para um remate enrolado de Acuña; Luiz Phellype dominou a bola de costas para a baliza e acabou por ser derrubado em falta por Ricardo Costa. Aos seis minutos de jogo, Bruno Fernandes inaugurava o marcador e chegava aos 20 golos na Primeira Liga (e aos 32 em todas as competições), ficando agora a apenas um de Seferovic, que ainda é o melhor marcador da presente edição do Campeonato. Depois do golo, o Sporting procurou sempre controlar o encontro e não perder o pulso sobre as ocorrências, com Mathieu e Coates a jogarem muito perto da linha de meio-campo e a aplicarem a tal pressão elevada que empurrava o Tondela para trás e provocava muitas perdas de bola por parte dos beirões.

O jogo aparentemente controlado permitia ao Sporting não ter de arriscar muito e optar por um ritmo pausado, tendo ficado perto do segundo golo apenas em duas ocasiões, primeiro com um livre direto de Mathieu (12′) e depois com um cabeceamento de Luiz Phellype que passou por cima (25′). O momento da primeira parte, à exceção do golo, deu-se já ao minuto 37, quando Ristovski viu cartão vermelho direto e os leões ficaram reduzidos a dez elementos: depois de um lance que tinha sido interrompido devido a mão na bola de Tomané, Tiago Martins consultou as imagens do VAR e acabou por considerar que o lateral agrediu Delgado com um pontapé. Os jogadores do Tondela pediram grande penalidade, porque o episódio aconteceu no interior da grande área, mas a verdade é que a jogada já tinha sido anulada pela mão de Tomané, por isso, Tiago Martins só podia sancionar disciplinarmente o macedónio, que se tornou apenas o quarto jogador de sempre a ver três vermelhos diretos na mesma temporada.

Nos escassos minutos que o Sporting jogou com menos um elemento ainda na primeira parte, dificilmente se percebeu que o Sporting estava de facto a jogar com menos um elemento. Os leões foram capazes de gerir a posse de bola e evitar quaisquer desequilíbrios, ao passo que o Tondela não tinha agressividade suficiente para aproveitar a superioridade numérica. Na ida para o intervalo, mesmo com mais um jogador, era claro que a equipa de Pepa tinha de fazer muito mais para procurar os pontos e dificultar a vida ao Sporting.

Na segunda parte, a sensação de que as duas equipas continuavam a jogar com 11 manteve-se. O Tondela, embora mais perigoso e mais móvel graças à entrada de Xavier ao intervalo, continuava a mostrar muitas dificuldades em explorar a profundidade no meio-campo leonino e esbarrava quase sempre na primeira linha de pressão do Sporting e na boa exibição de Gudelj, que segurou as pontas no balcão da defesa depois da expulsão de Ristovski. Os beirões ganharam um novo fôlego no seguimento de uma grande oportunidade de Delgado, que apareceu a cabecear por cima ao segundo poste (54′), e a ação de Xavier no corredor onde Borja estava de forma algo contra-natura — teve de ir para a direita para Acuña ir para a esquerda da defesa depois da expulsão de Ristovski — estava a causar problemas aos leões.

[Carregue nas imagens para ver os alguns dos melhores momentos do Sporting-Tondela:]

O melhor período do Tondela no jogo abriu espaços, ainda assim, para a subida do Sporting e para os contra-ataques dos leões, que poderiam ter marcado em três ocasiões em que Cláudio Ramos evitou o golo de forma decisiva: primeiro foi Bruno Fernandes, que rematou ao segundo poste após cruzamento de Raphinha (58′), depois foi Luiz Phellype, que atirou ao lado quando estava isolado na cara do guarda-redes (62′) e também Mathieu, que apareceu em zona de finalização com um remate acrobático que parou nas mãos de Cláudio Ramos (66′). Mas o Tondela estava a atravessar o melhor período no jogo, de forma inequívoca, e as três defesas de Cláudio Ramos garantiram uma motivação extra à equipa de Pepa, uma espécie de sinal de que era possível chegar ao empate. E foi.

Depois de um canto batido na direita, Borja voltou a mostrar que não estava a ser eficaz na direita da defesa e perdeu no ar com Bruno Monteiro, que desviou para Tomané aparecer em zona central a tocar para o empate (67′). Marcel Keizer reagiu com as entradas de Tiago Ilori e Bas Dost para os lugares de Borja e Wendel, numa tentativa de dar estabilidade à defesa mas também transmitir que o objetivo era chegar à vitória, mas o Sporting sentia pela primeira vez no jogo as dificuldades de estar a atuar com menos um, fosse pelo desgaste físico ou pela escassez de linhas de passe. A equipa começou a partir, principalmente a partir da ida de Dost para o lado de Luiz Phellype, o que levou o Sporting a jogar de forma mais incaracterística e obrigou Keizer a corrigir com a entrada de Diaby para o lugar do brasileiro, e os leões acabaram por não conseguir chegar ao segundo golo, concedendo assim o empate ao Tondela.

O Sporting não conseguiu despedir-se de Alvalade com um resultado positivo e interrompeu uma série de 10 vitórias consecutivas para todas as competições — para além de que deixou fugir o sonho de ainda chegar ao segundo lugar. O Tondela conquistou um ponto valioso que ainda acalenta a esperança de permanecer na Primeira Liga e que deixa tudo entregue ao destino da última jornada, onde defronta o também aflito Desp. Chaves. Os leões escorregaram em casa e disseram adeus à Liga dos Campeões, apontando agora todos os objetivos à Taça de Portugal, onde vão tentar espantar os fantasmas da final da época passada. Mathieu, cuja saída ou manutenção em Alvalade tem estado estampada nas capas dos jornais desportivos quase todos os dias, foi o principal inconformado — sempre a par de Bruno Fernandes — que quis chegar ao segundo golo e apareceu em zonas de finalização depois de grandes correrias, terminando a partida totalmente esgotado. No final do encontro, garantiu que quer continuar e que a decisão está nas mãos do clube: que agora tem este encontro com o Tondela enquanto prova inequívoca da entrega total do central francês.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora