“Equacionamos tudo. O que é justo é darmos uma oportunidade para todos se mostrarem e isso hoje não aconteceu. Dar 25 minutos a um jogador ter de substituí-lo para que outro seja apresentado não é ser justo mas não vamos ter muito tempo. É verdade que temos uma base sólida que venceu o Campeonato. Perdemos os dois homens da frente, duas referências, o mais velho e o mais novo. Tentaremos encontrar soluções mas a partir do momento em que os internacionais regressaram são eles que ditam as regras em função do rendimento. Queremos uma equipa à imagem do Benfica, com esta dinâmica, mas temos de prolongar o que fizemos de bem ao longo do tempo. Estamos muito satisfeitos e confiantes em construir uma grande equipa”.

Depois de ter utilizado 30 jogadores no encontro de apresentação aos sócios na passada quarta-feira, frente ao Anderlecht, Bruno Lage começou a operação de emagrecimento de um plantel que tem duas grandes baixas em relação à última temporada, ambas no ataque – Jonas e João Félix. Pedro Álvaro e Nuno Santos, duas promessas da formação que já não foram convocados para o segundo particular em Coimbra frente à Académica, foram os primeiros “cortados” da equipa principal. Não serão os únicos. Uns serão emprestados, outros ficarão entre a equipa B e os Sub-23. Depois, há Chiquinho. E Raúl de Tomás.

O médio ofensivo, que passou pela formação de Pasteleira, Boavista e Leixões antes de arriscar uma aventura no estrangeiro (no Lokomotiva, da Croácia), regressar a Portugal via Académica e brilhar no Moreirense, voltou na presente época à Luz e deixou boas indicações na partida frente aos belgas, não só pelo golo apontado e pela bola no poste mas também pela própria influência que conseguiu ter no jogo ofensivo da equipa. Mais do que a qualidade individual, Lage parece querer apostar na inteligência tática do jogador para ser uma opção capaz de interpretar posições com especificidades tão distintas como jogar mais perto do avançado, cair numa das alas ou funcionar quando necessário como terceiro médio mais perto de Samaris e Gabriel. No entanto, foi o avançado espanhol contratado ao Real Madrid que concentrou as atenções no primeiro tempo.

Depois de um início onde a Académica até esteve mais perto da baliza de Svilar e chegou mesmo a atirar uma bola a rasar o poste numa “bomba” de Hugo Almeida, uma oportunidade criada por R.D.T. e desperdiçada na pequena área por Caio Lucas quando estava isolado acabou por inverter a tendência do encontro aos 15 minutos, dando o mote para a primeira rajada ofensiva dos encarnados que permitiu marcar dois golos e criar outras tantas oportunidades em cerca de 20 minutos. Rafa, a desviar ao primeiro poste um cruzamento de Grimaldo na esquerda (23′), e Raúl de Tomás, a dominar sozinho na área antes de encostar para a baliza do conjunto de Coimbra (25′), fizeram os golos que deram vantagem ao Benfica até à interrupção por alguns minutos da partida no Cidade de Coimbra por causa de desacatos nas bancadas que fizeram mesmo um ferido.

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No reatamento, e ainda antes do intervalo, o avançado espanhol iria ainda aproveitar um erro clamoroso do guarda-redes Júlio Neiva para fazer o 3-0 em período de descontos, já depois de Rafa ter falhado uma recarga na área depois de uma grande iniciativa de Chiquinho. Descanso em Coimbra com 3-0, revolução na equipa encarnada, uma “dose” maior de 8-0 no final.

Com Pizzi e Seferovic a entrarem ao intervalo para 45 minutos que mais pareciam a continuação daquilo que tinham feito sobretudo na última metade da época anterior, Conti aumentou para 4-0 na sequência de um canto, surgindo mais alto ao segundo poste para o desvio (51′), antes da dupla que se destacou no título das águias “fechar” as contas do segundo particular da época com um golo e uma assistência, primeiro com Seferovic a servir Pizzi (61′) e depois com Pizzi a servir Seferovic (63′).

Três minutos na primeira parte mudaram a história deste particular, três minutos na segunda parte acabaram de vez com este particular antes de uma toada mais morna mas que teve ainda mais dois golos dos improváveis Conti, a bisar no jogo (85′), e Taarabt, a aproveitar mais um erro dos estudantes (90′). E se Bruno Lage pretendia manter a dinâmica da última temporada tentando colmatar as duas principais saídas do plantel, R.D.T. mostrou em 45 minutos que pode ser o tal agente pouco secreto com licença para matar que o Benfica procurava depois da saída dos dois avançados.