Mais de 70 locais da cidade e freguesias de Vila Nova de Gaia vão ser “tatuados” com versos de poetas lusófonos do século XIX e XX para “levar as pessoas a refletirem”, revelou esta terça-feira o responsável pela iniciativa.

Em entrevista à agência Lusa, Rui Spranger, coordenador do projeto ‘Tatuar a Cidade’, promovido no âmbito do FIGaia – Fórum Internacional de Gaia, explicou que o objetivo desta iniciativa é “surpreender as pessoas e provocar nelas o mistério, encantamento e reflexão”.

“Por ser o ano nacional da cooperação, cujo tema é ‘Cooperação em Português’, escolhemos a palavra poética como expoente máximo da língua, e a nossa ideia é levar a poesia a todo o lado“, frisou.

Segundo Rui Spranger, 77 locais do concelho de Vila Nova de Gaia vão ser tatuados com versos retirados de poetas lusófonos, sendo que a maioria desses poemas vai “ao encontro do lugar” onde vão estar pintados “para sempre”.

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Tentámos que os poemas que estão por detrás desses versos estivessem relacionados com os locais. Por exemplo, na zona costeira os versão têm uma ligação muito forte com o mar, no centro paroquial o verso está relacionado com o amor, porque é uma igreja muito frequentada por mulheres grávidas que vão pedir proteção e saúde para os seus bebés”, exemplificou.

O coordenador explicou à Agência Lusa que o mote para esta iniciativa foi o livro “Língua de Sal – Antologia Mínima de Língua Portuguesa”, que será apresentado durante o FIGaia, e que reúne poemas de 70 ilustres figuras líricas, como Fernando Pessoa, António Nobre e Maria Alberta Menéres.

Apesar de ter sido uma “verdadeira viagem por todo mundo à procura dos herdeiros” destes poetas, Rui Spranger e Isaque Ferreira conseguiram reunir obras de 70 líricos do século XIX e XX.

“Foi um exercício policial chegar a todos os herdeiros, muitos dos poetas também usam heterónimos, não usam os nomes reais. Por isso, foi um projeto de grande envergadura, foi uma verdadeira viagem com telefonemas para a Guiné, Estados Unidos”, disse.

O livro “Língua de Sal – Antologia Mínima de Língua Portuguesa” é composto apenas por uma obra de cada poeta, à exceção de Fernando Pessoa, onde foram adotadas também as obras dos seus heterónimos: Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Bernardo Soares.

Segundo Rui Spranger, uma vez que o mar sempre “ligou” todos os países lusófonos, esta antologia tem como principais temáticas o mar, “os encontros e desencontros” e as rotas.

O livro, que é de “circulação gratuita”, vai ainda ser apresentado e lido a 150 turmas de Vila Nova de Gaia.

O lançamento de “Língua de Sal – Antologia Mínima de Língua Portuguesa” está marcado para quarta-feira, pelas 19h, na Biblioteca Municipal de Gaia, durante a terceira edição do FIGaia que até 22 de setembro irá procurar encontrar soluções para a sustentabilidade.