Os líderes da União Europeia voltaram esta sexta-feira a falhar um consenso sobre a abertura de negociações de adesão com Macedónia do Norte e Albânia, depois de horas de discussões que terminaram já de madrugada sem a adoção de conclusões.

A questão do alargamento era um dos temas fortes do Conselho Europeu iniciado na quinta-feira em Bruxelas, já que os chefes de Estado e de Governo dos 28 deveriam tomar uma decisão sobre a recomendação da Comissão Europeia de maio passado no sentido de serem abertas negociações de adesão com os dois países dos Balcãs Ocidentais, face aos progressos feitos por Macedónia do Norte e Albânia, mas falharam a adoção de uma posição conjunta.

No final da sessão de trabalhos, perto das 2h00 da madrugada em Bruxelas (menos uma hora em Lisboa), o Conselho Europeu adotou apenas conclusões sobre o outro assunto discutido à noite, a Turquia, confirmou o porta-voz do presidente do Conselho, Donald Tusk, na sua conta oficial na rede social Twitter.

Fontes diplomáticas indicaram que o alargamento pode voltar a ser discutido no retomar dos trabalhos, esta sexta-feira de manhã, pelas 10h00 locais, mas sem decisões de substância.

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Na terça-feira, os 28, reunidos ao nível de ministros dos Negócios Estrangeiros num Conselho de Assuntos Gerais, no Luxemburgo, já haviam falhado uma tomada de posição (que nesta matéria tem de ser por unanimidade), face a um bloqueio de França, que reclama uma reforma da política de alargamento da UE antes da abertura de novos processos. Dinamarca e Holanda opõem-se para já apenas à abertura de negociações com Tirana, enquanto 25 Estados-membros são favoráveis a uma ‘luz verde’ aos dois países.

Pouco antes do início do debate sobre o alargamento, o primeiro-ministro indigitado, António Costa, defendera a necessidade de o bloco europeu não continuar a protelar indefinidamente os processos de adesão, observando que a UE deveria aprender “com o que aconteceu com a Turquia nos últimos anos e quais são as consequências de manter em aberto durante décadas expectativas frustradas”.

Há uma altura em que também a resposta tem de ser conclusiva, de avançar ou de encerrar, porque senão isso tem consequências muito negativas numa região que é muito sensível, que é muito instável, e onde seguramente temos condições para contribuir para a sua estabilização, e não para a sua maior instabilidade”, disse.

Na quarta-feira, também a Comissão Europeia lamentou que os 28 não tenham ainda seguido a sua recomendação de abrir negociações para a adesão da Macedónia do Norte e Albânia, depois de todas as reformas implementadas por estes dois países, em linha com os requisitos fixados pela UE, e advertiu para os riscos de ignorar os Balcãs Ocidentais, tendo o comissário do Alargamento, Johannes Hahn, pedido mesmo desculpa aos cidadãos dos dois países.

A Macedónia do Norte é candidata à UE desde 2005 — tendo inclusivamente mudado o nome, pois a Grécia rejeitava a sua adesão enquanto Antiga República Jugoslava da Macedónia –, e a Albânia pediu para aderir em 2014.