Sabia que Rui Rio come um ovo cozido todas as manhãs? Que é ele sempre que o faz e que, aliás, essa é a única coisa que sabe fazer entre tachos e panelas? Foi na manhã desta quarta-feira, no programa de Cristina Ferreira, que o próprio líder do PSD falou sobre a sua vida pessoal — e também lançou um ou outro comentário mais político.

“De manhã costumo comer um ovo cozido, feito por mim. Isso e umas nozes e um iogurte com linhaça. Também tomo magnésio, vitamina D3 e, se estiver em Lisboa, Zinco. No Porto é selénio.” A peculiar rotina de pequeno-almoço do ex-presidente da Câmara do Porto foi revelada logo no arranque da conversa que durou pouco mais de 10 minutos. Depois disso houve um pequeno vídeo que mostrou “os lugares” da vida de Rui Rio.

“Foi no terceiro andar deste prédio, aqui na zona do Bom Sucesso, que eu vivi quase a vida toda”, lembrou o líder do PSD (o partido terá eleições internas em breve). “Fiz aqui muitos amigos, na rua. Ainda falo com alguns deles, hoje em dia.” Nesta espécie de roteiro pelos espaços portuenses que marcaram o início de vida de Rio houve tempo para recordar o irmão que morreu com cinco anos, na sequência de uma leucemia, mas também os tempos em que jogava futebol no Colégio Alemão, casa que diz tê-lo deixado mais consciente daquilo que era a política, logo desde cedo: “Fui instruído de forma diferente e no colégio alemão explicavam bem o que era a política, a democracia, o fascismo, etc. Isso fez-me ver tudo aquilo que o Estado Novo não dava e, por causa disso, fez-me ser opositor do regime”.

No total, Rio passou 13 anos no Colégio Alemão do Porto, “dos 4 aos 17 anos”, e lembra-se de um pormenor curioso que, quando era criança, já o ligava ao futuro político que viria a viver: “Quando chutávamos a bola para ali [aponta para uma zona junto ao campo de futebol da escola onde se vê uma vivenda, do outro lado de uma vedação] saltávamos o muro e íamos lá buscá-la de volta. Mal sabia eu que essa casa, depois do 25 de abril, passaria a ser a sede distrital do PSD, o sítio onde tenho o meu escritório aqui no Porto.”

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Segundo Rio, a entrada na política surgiu por acaso — “Não teria decidido por mim próprio ser político, quando era pequeno”. Foi Sá Carneiro  e a maior consciencialização política dada no Colégio Alemão que o encaminhou:

“Entro na política de forma espontânea. Começo nos movimentos estudantis contra o Estado Novo, mas sempre sem ter objetivo de alcançar algum cargo. Começo a seguir o Dr. Sá Carneiro e, quando se dá o 25 de abril e ele forma um partido, eu entro nesse partido. Eu não era do PPD ou do PSD, era do partido do Dr. Sá Carneiro. O que ele fizesse era o que eu fazia também, revia-me completamente nele”, conta.

Nunca foi “bom aluno”, era “mais ou menos” — dentro de “instituições muito exigentes”, sublinha –, mas, segundo Rio, isso nunca o impediu de ser sempre o escolhido para resolver problemas difíceis. De acordo com o líder do PSD, foi isso que fez na Câmara do Porto: “Entrei em janeiro de 2002 e saí em outubro de 2013. No início fiz rupturas profundas, é característica minha fazer sempre isso, basta ver o que acontece agora no PSD. Sou chamado para fazer tarefas difíceis, sempre foi assim”.

Rui Rio respondeu às críticas de que está demasiado próximo do PS realçando que o cenário poderia ser o inverso. “Amanhã posso lá estar eu [como primeiro-ministro] e o líder do PS terá a obrigação de procurar entendimentos com o líder maioritário no sentido de fazer pelo país aquilo que só os dois em conjunto conseguem fazer.”

Há tempos, numa entrevista à Antena 1, Rui Rio disse que nunca iria cozinhar se fosse ao programa de Cristina Ferreira (ao contrário do que fizeram António Costa e Assunção Cristas). E, de facto, não cozinhou. Em vez disso, preferiu fazer uma corrida de carros de brincar e foi desta forma que terminou a sua participação. Antes, ainda respondeu a uma pergunta de Cristina Ferreira sobre Luís Montenegro. Que mensagem lhe daria? “Não lhe diria nada, já tivemos um debate e ele não deixou uma imagem muito positiva do PSD…”.