secaPassar da conversa à prática foi a ideia base de mais um debate sobre a falta de água no Algarve onde foram apresentadas boas práticas, a necessidade de novas barragens e de um maior peso político da região.

As divergências entre autarcas, populações e empresários sobre algumas das medidas a tomar para garantir o futuro do abastecimento de água no Algarve, foram reveladas num debate esta tarde em Silves, distrito de Faro, numa altura em que a água de uma das barragens do concelho, do Funcho, passou a ser usada também para consumo humano.

O presidente da câmara de Albufeira, concelho que mais água consome na região, defendeu a que dessalinização “tem de deixar de ser tabu” e deve ser uma solução a ser estudada, “mesmo sendo polémica”. José Carlos Rolo realçou as diferenças já presentes no território nacional, “com água a norte e escassez no sul e uma ausência de transvazes” que permitiriam distribuir esse recurso “para onde é necessário”.

Um melhoramento no controlo do abastecimento público foi defendido pelo concelho anfitrião, com um investimento previsto de 1 milhão e 400 mil euros para os próximos anos, para reduzir “os 50% de perdas da rede”, como revelou à Lusa a presidente da Câmara Municipal de Silves. Rosa Palma ambiciona que as várias autarquias “debatam e troquem boas práticas” para que possa fazer uma boa gestão do “recurso valioso que é a água potável”.

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Rui André, autarca de Monchique, concelho que não tem ligação à rede multimunicipal de abastecimento, defendeu que os deputados algarvios na assembleia da república podiam “seguir o exemplos dos da Madeira”, quando se tratam de medidas “estruturais para o Algarve”, como a construção da Barragem da Foupana prevista há 30 anos, defendendo a região na qual foram eleitos.

No debate, empresários e agricultores manifestaram a preocupação das consequências económicas nas suas atividades e na imagem do Algarve da escassez da água, a falta de peso da região nas decisões políticas centralizadas em Lisboa e uma urgência da reutilização das águas residuais para a rega.

O Reitor da Universidade do Algarve (UAlg), Paulo Águas remeteu para o debate a acontecer no final de fevereiro na UAlg, a apresentação de algumas conclusões que espera que “venham a influenciar os decisores políticos”.

Ausente do debate, a empresa Águas do Algarve revelou à Lusa que a atual falta de chuva levou o governo a autorizar a utilização da água da albufeira do Funcho para o consumo humano, medida que “se pode manter “durante todo o ano” caso a falta de chuva de mantenha.

Teresa Fernandes assegura esta medida “vem compensar a escassez na barragem de Odelouca” tornando possível garantir o fornecimento a toda a população algarvia “durante todo o ano de 2020”, recorrendo também a captações subterrâneas nos “furos de Alcantarilha e de Lagos”.

A responsável reforçou que a empresa está a estudar alternativas à barragens, nomeadamente a dessalinização e outras, mas que é essencial que “todos os intervenientes” tomem medidas, nomeadamente na “poupança e na reutilização de águas residuais para a agricultura” antes de se partir para soluções que “não só são onerosas, como têm um elevado impacto ecológico”.