Os técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI) que elaboraram a nota que precede a reunião dos responsáveis monetários e financeiros do G20 consideram que os países devem supervisionar mais os circuitos de capital.

Muitos países beneficiariam de uma ativação ou de aumento de reservas de capital para os bancos (por exemplo, alguns países da zona euro e Japão), e ferramentas adicionais para regular o financiamento não bancário e finanças corporativas em geral”, pode ler-se num relatório do FMI que antecede a reunião de ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais dos países do G20 (19 maiores economias do mundo e União Europeia), em Riade, que decorrerá no sábado e domingo.

No documento, elaborado por técnicos do FMI e não pelo conselho executivo, pode ler-se que “a melhoria de requisitos de divulgação [de informação] de instituições financeiras não bancárias seria um passo crucial para monitorizar melhor o risco sistémico (por exemplo Canadá e zona euro)”. “Uma melhorada transparência no mercado privado da dívida, incluindo na exposição transfronteiriça, ajudaria a monitorizar riscos sistémicos”, acrescenta a equipa do FMI.

O documento considera ainda que “as baixas taxas de juro têm o potencial de abrir espaço para um conjunto de políticas mais equilibrado“, e assinala que “custos de financiamento mais baixos ajudaram a reduzir fardos no setor público e têm o potencial de adicionar espaço orçamental” às economias do G20.

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Entre as economias do G20 “sem espaço orçamental”, segundo os técnicos do FMI, encontram-se a Argentina (que pediu um empréstimo de 57 milhões de dólares ao FMI, cerca de 52,8 mil milhões de euros) e a África do Sul, com o “espaço orçamental em risco” o Brasil, Índia, Itália e Espanha, e apenas três (Austrália, Alemanha e Coreia do Sul) têm “espaço orçamental substancial”.

“Onde há espaço orçamental disponível, a política orçamental deve focar-se em levantar as perspetivas de crescimento”, defendem as equipas do FMI, especificando que no caso da Alemanha, “onde as perspetivas de médio prazo permanecem fracas”, o espaço orçamental “deve ser usado para investimentos que fomentem a produtividade”.

Já em países onde “as posições orçamentais são, atualmente, demasiado expansionistas (por exemplo, Estados Unidos) ou a dívida é elevada e é fechado o défice de produção (por exemplo, França), a postura orçamental poderá ter de ser apertada”, de acordo com os técnicos do fundo.

O FMI afirma ainda que na maioria das economias do G20 “a política monetária deve permanecer acomodatícia para ajudar a levantar a inflação“, e que onde a inflação está baixa (Austrália, zona euro, Coreia do Sul, Reino Unido, Estados Unidos) ou acima (Japão) dos objetivos, “as condições monetárias mais relaxadas devem ser mantidas”.

A diretora-geral do FMI admitiu no domingo que a previsão de 3,3% para o crescimento da economia mundial possa descer 0,1 ou 0,2 pontos percentuais devido à propagação do coronavírus.

“Por enquanto, a nossa previsão é de 3,3% e pode haver uma redução de 0,1 ou 0,2 pontos percentuais”, disse Kristalina Georgieva durante uma intervenção no Fórum Global das Mulheres, que decorreu no Dubai.