Um tribunal turco condenou esta sexta-feira a prisão perpétua 121 pessoas na sequência de um processo relacionado com o fracassado golpe de 2016 e que implicou purgas de dimensão sem precedentes no país euro-asiático, referiram os media locais.

Entre os 121 condenados, 86 foram condenados a penas de prisão perpétua “agravadas” na sequência de um processo conhecido na Turquia como “o processo do Comando geral Guarda Nacional”, indicou a agência estatal Anadolu.

Os condenados foram considerados culpados de “tentativa de derrube da ordem constitucional”. No total, 245 pessoas foram julgadas no âmbito deste processo.

A prisão perpétua “agravada”, que implica condições de detenção mais severas, substituiu nas normas jurídicas turcas a pena de morte, abolida em 2004.

Após uma interrupção devido à pandemia do coronavírus, as audiências dos tribunais foram retomadas em junho na Turquia, em particular o principal processo do golpe falhado e centrado nos acontecimentos da noite de 15 de julho de 2016 na base aérea de Akinci, em Ancara, considerada o quartel-general dos revoltosos.

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A tentativa de golpe de Estado contra o Presidente Recep Tayyip Erdogan provocou cerca de 250 mortos, sem incluir os golpistas, e milhares de feridos.

Ancara atribuiu esta tentativa de derrube do Presidente Erdogan ao seu antigo aliado, o predicador Fethullah Gülen, instalado nos Estados Unidos desde 1999 e acusado pelas autoridades dirigir o designado Movimento Hizmet, que se terá infiltrado nas instituições turcas.

Ancara tem insistido sem sucesso na extradição de Güllen, que desmente qualquer envolvimento na intentona.

Após o golpe abortado, as autoridades turcas têm perseguido insistentemente os seus partidários e desencadearam uma vaga de purgas sem precedentes na história moderna da Turquia, que também atingiu diversos setores da oposição. Mais de 55.000 pessoas foram detidas e pelo menos 140.000 despedidas dos seus empregos.