A Uniself, que explora centenas de cantinas a nível nacional e cujos trabalhadores marcaram uma ação de protesto na terça-feira, garantiu esta segunda-feira que “tem como prioridade a manutenção de postos de trabalho”, rejeitando as críticas dos sindicatos.

A Uniself, empresa portuguesa de alimentação coletiva, garante que tem como prioridade a manutenção dos postos de trabalho dos seus mais de 3.500 trabalhadores. No atual contexto de pandemia que o país e o mundo atravessam, a Uniself, à semelhança de muitas empresas do tecido empresarial nacional, está focada em manter a sustentabilidade da empresa, apesar das muitas adversidades”, lê-se num comunicado enviado esta segunda-feira à agência Lusa.

Este esclarecimento surge depois de no sábado a Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT) ter anunciado, para terça-feira, em Matosinhos, uma concentração de protesto que visa alertar para a precariedade dos vínculos de trabalhadores das cantinas escolares.

A FESAHT acusa a Uniself de “não pagar os direitos devidos aos trabalhadores”, apontando para “diferenças de 400/600 euros a menos a cada trabalhador”.

Os sindicatos estão a fazer reclamações individuais, mas isso leva o seu tempo. Estamos a falar de centenas de pessoas. Acresce que em período de pandemia [da Covid-19] a empresa obrigou os trabalhadores a férias forçadas e, entretanto, diminuiu-lhes os direitos e os pagamentos que lhe são devidos”, disse, à Lusa, Francisco Figueiredo, da FESAHT.

Já em comunicado, a federação apontou que a empresa “ganhou concurso para mais dois anos letivos” e “não pagou devidamente aos valores referentes às férias, subsídio de férias, subsídio de natal, compensação por caducidade e a muitos trabalhadores”.

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A FESAHT estima que tenham sido deduzidos ilegalmente valores de 150/250 euros a título de férias gozadas a mais.

Os trabalhadores estão em layoff há quatro meses consecutivos, muitos deles perderam centenas de euros no salário todos os meses, vivem uma situação muito difícil, esta diferença nos direitos vem agravar a já muito débil situação económica dos trabalhadores”, referia, ainda, a federação de sindicatos do setor.

Sem responder especificamente a estas críticas, o presidente do conselho de administração da Uniself, Mateus Alves, referiu esta segunda-feira, em nota escrita, que no dia 1 de abril a empresa recorreu ao regime de layoff, garantindo que para “a maioria dos trabalhadores” essa situação “não teve impacto nos seus rendimentos”.

A Uniself gere refeitórios a nível nacional, dos quais grande parte estão inseridos em estabelecimentos escolares. Tendo em conta que as escolas encerraram no dia 16 de março, por disposição da Direção-Geral da Educação, os mais de 1500 trabalhadores afetos às cantinas escolares foram obrigados a interromper, no imediato, as suas funções (…). Tentámos, desde o primeiro momento, manter o equilíbrio entre a viabilidade da empresa e a manutenção dos postos de trabalho, não recorrendo ao despedimento”, descreveu Mateus Alves.

Na mesma nota, a empresa especifica que “dos mais de 3.500 colaboradores” 70% são efetivos e 30% a prazo, referindo que “os contratos a prazo vão ao encontro das características dos serviços prestados e que no caso dos refeitórios escolares terminam em junho, em conformidade com o período escolar estabelecido pelo Ministério da Educação”.

Nestas situações, a Uniself assegura o pagamento da caducidade dos contratos”, garante a empresa que acrescenta estar a fazer uma “aposta clara nos recursos humanos através das atualizações salariais e da formação das suas equipas”.