A Unbabel, startup portuguesa que atua na área da tradução automática (aliando inteligência artificial à pós-edição humana), vai arrancar com um projeto de investigação na área da inteligência artificial em parceria com a Universidade de Carnegie Mellon, o INESC-ID (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Investigação e Desenvolvimento) e o Instituto de Telecomunicações.

O projeto MAIA – Multilingual AI Agent Assistants promete “melhorar exponencialmente a capacidade de chats [aplicações de troca de mensagens] desenvolverem conversas multilíngues”, lê-se no comunicado de imprensa divulgado nesta quarta-feira. Este projeto conta com um investimento de 2,25 milhões de euros e faz parte de uma leva de 10 projetos que terão apoio da Carnegie Mellon Portugal Program (CMU Portugal) e que, ao todo, contaram com 21 milhões de euros de investimento.

Destes 21 milhões de euros, 11,4 milhões vêm do fundo europeu COMPETE 2020 e da Fundação para a Ciência a Tecnologia (FCT) e 6 milhões advêm da CMU Portugal e 3,5 milhões são provenientes das empresas de tecnologia selecionadas. O Observador questionou a Unbabel para saber quanto é que cada uma destas entidades investiu neste projeto e qual é a data de arranque, mas até à data de publicação deste artigo não obtivemos resposta.

No caso da Unbabel, liderada por Vasco Pedro, o projeto MAIA pretende ampliar as capacidades dos profissionais de atendimento ao cliente, recorrendo à inteligência artificial e tornando este processo de apoio mais eficiente. O objetivo é que as pessoas possam falar com os seus clientes por chat em 30 línguas diferentes. Vai durar 36 meses.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“O chat está a tornar-se cada vez mais no meio preferencial de contacto com clientes, mas tem ainda enormes desafios para ultrapassar, nomeadamente no que diz respeito ao apoio ao cliente em diversas línguas para melhorar a sua satisfação, mantendo simultaneamente a experiência de contacto entre dois humanos.” explica André Martins, vice-presidente de AI Research da Unbabel.

O anúncio deste projeto surge depois de, em abril de 2020, a Unbabel ter dispensado 35% dos seus colaboradores, cerca de 90 pessoas, devido ao impacto que o novo coronavírus estava a ter no negócio. O Observador questionou a tecnológica para saber quantas pessoas emprega atualmente, se houve mais contratações ou despedimentos nos últimos cinco meses. Fonte oficial da empresa respondeu: “Fizemos algumas contratações pontuais no mercado americano e não houve mais despedimentos”. Em setembro de 2019, a empresa tinha fechado uma ronda de investimento de 60 milhões de dólares.

Unbabel vai despedir 35% dos funcionários. São mais de 80 pessoas

A Unbabel não é a única empresa tecnológica portuguesa a beneficiar do concurso lançado em maio de 2019 pela Agência Nacional de Inovação (ANI), o Compete 2020 e a FCT, no âmbito da iniciativa “Go Portugal – Global Science and Technology Partnerships Portugal”, promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Ao todo, vão ser apoiados 25 projetos e estes 10 enquadram-se no âmbito do Programa CMU Portugal, “cujo financiamento representou um compromisso financeiro muito significativo por parte do Governo português”, lê-se no comunicado de imprensa divulgado pela Carnegie Mellon em abril. Além do projeto da Unbabel, também os da Feedzai, Compta, Farfetch, First Solutions, Glintt, GLSMED Learning Health, a Ingeniarius, a Mobileum e a Outsystems vão receber investimento durante os próximos três anos.

Agora, a equipa de investigação do projeto MAIA vai construir um conjunto de tecnologias de machine learning (software inteligente que aprende com padrões de utilização), que prometem incluir a tradução e respostas automáticas. “Este projeto é especialmente desafiante pela necessidade de considerarmos o contexto conversacional para garantir traduções precisas, corretas e culturalmente apropriadas”, explica Graham Neubig, professor associado na Universidade de Carnegie Mellon.

Além do projeto MAIA, a Unbabel está a desenvolver outros projetos de investigação, como o Scribe, que é uma parceria com o INESC-ID para a área dos conteúdos audiovisuais, e o Unbabel4EU, que tem como objetivo eliminar as barreiras linguísticas em todo o continente europeu.

*Artigo atualizado às 16h20 com declaração da Unbabel