Os eleitores suíços rejeitaram este domingo em referendo nacional a imposição de limites à imigração de países da União Europeia (UE). Os resultados oficiais provisórios apontam para uma rejeição dessa proposta por 61.7% dos eleitores, contra 38,3% que apoiaram aquela proposta.

Esta era uma de cinco propostas a irem a votos este domingo. Os limites à imigração de países da UE (que a Suíça aceita em regime aberto como moeda de troca para ter acesso ao comércio livre e à cooperação em áreas como os transportes e educação) foram propostos pela União Democrática do Centro (UDC), partido conservador e o maior grupo do Conselho Nacional, o parlamento suíço. O objetivo da UDC era o de a Suíça passar a poder selecionar a quais imigrantes da UE permite a entrada.

De acordo com os números oficiais, a Suíça registou em agosto um total de 2.096.648 imigrantes com residência permanente no país. Destes, 1.433.863 são cidadãos da UE, além do Reino Unido e dos três países que se juntam à Suíça na Associação Europeia de Comércio Livre: Islândia, Lichtenstein e Noruega.

Os números oficiais referentes ao anos de 2019 indicam ainda que entre os mais de 2 milhões de imigrantes residentes na Suíça, um total de 263.311 são portugueses.

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O resultado foi bem recebido por parte do Governo da Suíça, onde se juntam quatro partidos, da esquerda à direita, incluindo a UDC. A ministra da Justiça, Karin Keller-Sutter, dos FDP – Liberais, saudou o resultado. “O caminho do bilateralismo é o melhor para a Suíça e para a UE. Hoje o povo suíço confirmou esse caminho mais uma vez”, disse aos jornalistas em Berna, capital da Suíça.

Também em Bruxelas este resultado foi bem recebido. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que o voto “valida um dos pilares centrais” da relação entre a UE e a Suíça: “A liberdade mútua de movimento, de viver e de trabalhar na Suíça e na UE”. “Vejo aqui um sinal positivo para continuar a consolidar e a aprofundar a nossa relação”, reagiu a presidente da Comissão Europeia em comunicado.

Também o presidente do Conselho Europeu, o belga Charles Michel, reagiu positivamente a estas notícias. Num post em inglês, escreveu no Twitter que “hoje é um grande dia para as relações entre a União Europeia e a Suíça”. “O povo suíço falou e deixou uma mensagem clara: juntos temos um grande futuro pela frente”, concluiu.

Além das limitações à imigração, os suíços votaram este domingo outras quatro propostas em referendo: aprovaram a compra de aviões de combate (50,1% de votos a favor e 49,9% contra); rejeitaram uma lei da caça que permitiria, com maior facilidade, o abate de lobos que pudessem pôr em causa outros animais (51,9% contra, 48,1% a favor); aprovaram uma lei que criaria pela primeira vez uma licença de paternidade, de duas semanas, para os homens com filhos recém-nascisdos (60,3% a favor e 39,7% contra); e rejeitaram o aumento do abono de família por cada filho (63,2% contra e 36,8% a favor).