A secretária-geral do Parlamento Nacional timorense, Cedelizia Faria dos Santos, disse esta terça-feira que vai contestar judicialmente a sua exoneração do cargo da qual foi informada, por carta, pelo presidente do órgão de soberania.

“Não sabia de nada, o senhor presidente nunca me chamou e recebi hoje de manhã, de forma inesperada, o despacho que me exonera com efeitos a partir de hoje”, disse à Lusa Cedelizia Faria dos Santos.

“Vou contestar a exoneração. Esta decisão não é justa e tem que ser levada à justiça. Acho que a justiça tem que avaliar”, afirmou, recordando que assumiu o cargo depois de um processo de recrutamento normal.

Segundo explicou à Lusa, a carta de Aniceto Guterres Lopes justifica a decisão de exoneração com o facto de supostamente não ter facilitado a realização de reuniões plenárias, em maio, aquando do processo de destituição do ex-presidente do parlamento, Arão Noé Amaral.

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A destituição e eleição ocorreram no meio de incidentes sem precedentes no parlamento timorense, com agressões entre deputados, mesas derrubadas, gritos, empurrões e a intervenção de agentes policiais.

Os dois dias de tensão, a 18 e 19 de maio, terminaram com a destituição do então presidente do Parlamento Nacional, Arão Noé Amaral, do Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), e a eleição de Aniceto Guterres Lopes, da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) para o cargo, com os votos de 40 dos 65 deputados.

O CNRT considerou as votações ilegais e desde aí continua a identificar a mesa como “ilegal” nas suas intervenções no plenário.

Além de considerar que Cedelizia Faria dos Santos não facilitou a realização desses plenários, a carta de Aniceto Guterres Lopes responsabiliza ainda a ex-secretária-geral por falhas de eletricidade.

“Naquela altura o presidente do parlamento era o deputado Arão Noé Amaral e a convocatória da plenária não é minha competência. Se não fosse agenda, não o poderíamos fazer nós”, afirmou, considerando não ser responsável das falhas de eletricidade no parlamento.

É estranho depois de tantos meses a trabalhar, quase sete meses, vir agora esta exoneração. Desde a tomada de posse do atual presidente todos os processos decorreram de forma normal. Organizei tudo. O plenário, bancadas e Conselho de Administração decorreram com total normalidade”, afirmou.

Apesar das tentativas de contacto, a Lusa não obteve um comentário do presidente do Parlamento que, publicamente, não explicou os motivos da sua decisão de exoneração de Cedelizia Faria dos Santos que assumiu o cargo a 13 de setembro do ano passado.