Não é uma ciência infalível, como se viu na deslocação a Munique para defrontar o Bayern e na receção ao Red Bull Salzburgo (ambos na Liga dos Campeões), mas o Atl. Madrid da presente temporada recuperou aquela que era uma das principais características da ideia de jogo implementada por Diego Simeone – que conta também com um dos melhores guarda-redes da atualidade, Jan Oblak: se cá atrás é raro sofrer um golo, sendo que nos oito primeiros jogos na Liga consentira apenas dois, a dúvida entronca na capacidade das unidades ofensivas conseguirem ou não concretizar as oportunidades criadas para chegar à vitória. E foi isso que falhou com o Lokomotiv.

Num misto de muitos últimos passes falhados, desinspiração e falta de pragmatismo, o Atl. Madrid não foi além de um nulo frente aos russos no Wanda Metropolitano, deixando em aberto a passagem aos oitavos da Champions. No plano nacional, a realidade era outra e, mesmo com dois jogos em atraso, um triunfo em Valência poderia colocar os colchoneros ainda mais perto da liderança ou mais isolados na perseguição à surpreendente Real Sociedad, que recebe este domingo o Villarreal. Mais uma vez, João Félix surgia como solução para esses problemas do conjunto de Madrid, motivado também com o prémio de Melhor Jogador do Mês que recebeu de outubro e numa altura em que a equipa não pode contar com os dois grandes homens de área, Luis Suárez e Diego Costa.

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A equipa está muito bem. Estamos a defender bem, estamos a marcar, a atacar bem. Estamos como uma equipa grande, todos queremos o mesmo e continuar assim. Quando a equipa está bem os jogadores também estão, e sinto-me com confiança. Sinto muito apoio quando ando na rua e por todas as mensagens que me escrevem, sinto esse carinho e apoio dos adeptos”, comentou o português.

“Gestão? Teríamos de contar com um plantel de 35… É o calendário que há, muito apertado e não podemos fazer nada para controlar isso. Não podemos pensar no que vai acontecer, temos de ir resolvendo de semana em semana em função do adversário e das cinco substituições. Um jogo dura 90 minutos e a qualidade dos minutos que se joga são mais importantes do que a titularidade, é isso que te permite ser competitivo. O Valencia tem um bom técnico, gente nova no plantel e isso requer mais tempo para assentar uma ideia. Tem melhorado nas últimas partidas, com grande entusiasmo, energia e velocidade, sendo capaz de gerar muito perigo a partir do meio-campo”, comentara Diego Simeone na antevisão, um técnico que há mais de seis anos que não perdia com o clube che.

Assim continuou. Mas este não foi um jogo qualquer: na altura em que se cumpriu um minuto de silêncio por Diego Armando Maradona e também Juan Sol, ex-internacional espanhol que jogou dez anos no Valencia e que faleceu a 10 de novembro, o treinador começou a olhar para o céu e para a imagem do astro de lágrimas nos olhos e a bater palmas, sozinho. Foi um momento arrepiante antes do arranque do encontro, onde o Atl. Madrid somou a sexta vitória consecutiva, mais uma vez sem sofrer golos, no Mestalla onde El Pibe tinha feito a primeira partida em Espanha. E se nas equipas de Maradona havia sempre um génio a decidir individualmente, os colchoneros voltaram a ganhar tendo o coletivo como grande artista, conseguindo os três pontos depois de um autogolo de Toni Lato (79′) num jogo onde começou sem avançados e poupou Félix, que entrou no segundo tempo.