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Sérgio Conceição e uma clara sensação de déjà vu em tons de vermelho (a crónica do Sp. Braga-FC Porto)

Este artigo tem mais de 3 anos

Jogadores novamente expulsos, outro empate, mais um golo nos descontos. FC Porto e Sp. Braga empataram e Sérgio Conceição sai da Pedreira com uma clara sensação de déjà vu (1-1).

Minhotos e dragões tinham jogado no passado domingo, para o Campeonato
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Minhotos e dragões tinham jogado no passado domingo, para o Campeonato

EPA

Minhotos e dragões tinham jogado no passado domingo, para o Campeonato

EPA

Não está a ser um início de ano fácil para praticamente ninguém. Depois de um 2020 para lá de estranho, triste e em tantas coisas demolidor, 2021 foi recebido com entusiasmo e expectativa: abria-se um novo capítulo, cheio de possibilidades e oportunidades, 12 meses que tinham a capacidade de fazer esquecer os 12 que passaram. Pouco mais de um mês volvido, o entusiasmo e a expectativa transformaram-se novamente em receio e preocupação — afinal, o novo capítulo parecia trazer a mesma ausência de possibilidades e oportunidades. Ainda assim, ninguém tem saudades de 2020. Essa é uma nostalgia que ficou reservada ao FC Porto.

Afinal, e apesar de tudo, 2020 correu francamente bem ao FC Porto. Mesmo com a interrupção das competições durante o mês de março, os dragões conquistaram o Campeonato na retoma, conquistaram a Taça de Portugal já em agosto e ainda conquistaram a Supertaça Cândido de Oliveira mesmo à beira do Natal. A ideia, para 2021, era repetir esse palmarés e alargá-lo — até porque os dragões entraram no novo ano a atravessar uma série de sete vitórias consecutivas e sem perder há mais de dois meses. Janeiro, porém, encarregou-se de começar a retirar entusiasmo, expectativa, possibilidades e oportunidades à equipa de Sérgio Conceição.

Ficha de jogo

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Sp. Braga-FC Porto, 1-1

Primeira mão da meia-final da Taça de Portugal

Estádio Municipal de Braga, em Braga

Árbitro: Luís Godinho (AF Évora)

Sp. Braga: Matheus, Esgaio, Tormena, David Carmo (Roalndo, 72′), Sequeira (Borja, 63′), Piazon (Gaitán, 63′), Fransérgio, Al Musrati, Galeno (André Horta, 63′), Sporar, Ricardo Horta (Abel Ruiz, 79′)

Suplentes não utilizados: Tiago Sá, João Novais

Treinador: Carlos Carvalhal

FC Porto: Diogo Costa, Manafá, Pepe, Mbemba, Sarr, Fábio Vieira (João Mário, 74′), Sérgio Oliveira (Loum, 80′), Uribe, Luis Díaz, Marega (Grujic, 80′), Taremi (Evanilson, 86′)

Suplentes não utilizados: Marchesín, Felipe Anderson, Toni Martínez

Treinador: Sérgio Conceição

Golos: Taremi (9′), Fransérgio (90+12′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Sarr (25′), a Sequeira (47′), a Al Musrati (78′), a Diogo Costa (90+6′), a André Horta (90+8′), a Esgaio (90+8′), a Evanilson (90+11′); cartão vermelho direto a Luis Díaz (70′), a Uribe (90+7′)

O primeiro tropeção apareceu logo a dia 15, com o empate com o Benfica que acabou com a tal série de vitórias. Continuou logo depois com a derrota com o Sporting, na meia-final da Taça da Liga, que voltou a afastar o FC Porto da conquista da competição. Os empates recentes com o Belenenses SAD e o Sp. Braga, consecutivos e aliados às vitórias do Sporting, deixaram os dragões a oito pontos da liderança. Em menos de um mês, a equipa de Sérgio Conceição está agora mais afastada do primeiro lugar, falhou a conquista de uma das três competições internas e olha para apreensão com um mês de fevereiro que traz Campeonato, Taça de Portugal e Liga dos Campeões. Esta quarta-feira, o foco estava no meio: na Taça de Portugal.

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A visita ao Sp. Braga, na primeira mão das meias-finais da Taça, era também a segunda deslocação à Pedreira no espaço de quatro dias, depois do polémico empate para o Campeonato no passado domingo. Depois de estar a ganhar por dois golos de diferença, o FC Porto ficou reduzido a dez unidades e permitiu a igualdade já nos últimos instantes — o resultado, assim como a expulsão de Corona, engrossou um rol de críticas às arbitragens que já tinha começado dias antes através de várias vozes, com o empate no Jamor com o Belenenses SAD e toda o mediatismo gerado à volta do lance que lesionou gravemente Nanú e onde, no entender dos dragões, deveria ter sido assinalada uma grande penalidade. No Minho, no domingo, Sérgio Conceição também foi expulso, não foi à flash interview nem à conferência de imprensa e durante a semana não fez a antevisão da meia-final da Taça: ou seja, a comunicação mais recente do FC Porto foi uma mensagem de Pinto da Costa, publicada na revista Dragões do mês de fevereiro.

FC Porto diz que arbitragem de Fábio Veríssimo foi uma “sucessão de atentados à verdade desportiva”

“As últimas semanas não têm sido positivas para o futebol português. Nos jogos do FC Porto, uma série de decisões disciplinares difíceis de compreender tem tido duas consequências graves: por um lado, os nossos jogadores são constantemente penalizados por faltas duras, muitas vezes colocando em causa a sua integridade física, que não são devidamente sancionadas com cartões amarelos e vermelhos (às vezes, nem falta é assinalada!); por outro, aos nossos atletas é aplicado um critério muito mais apertado, que já nos tem deixado a jogar com dez durante bastante tempo em jogos importantes. Há dados esclarecedores. Em 2020/21, já houve quatro jogadores do FC Porto expulsos em encontros do Campeonato, enquanto que os nossos adversários não levam um cartão vermelho desde a primeira jornada. Qualquer pessoa séria que veja os nossos jogos sabe que nem uma coisa nem a outra são normais”, escreveu o presidente dos dragões, enumerando depois os casos da expulsão de Corona em Braga, do alegado vermelho que deveria ter sido mostrado a Diogo Calila contra o Belenenses SAD e das faltas duras sofridas pelo mexicano mas também por Marega e Taremi.

Ainda assim, e no dia em que anunciou um lucro positivo de 34,4 milhões no primeiro semestre do ano, o FC Porto visitava então o Sp. Braga e tinha o objetivo de marcar fora de casa para ficar desde já em vantagem para a segunda mão das meias-finais da Taça. Com Sérgio Conceição no banco — o treinador foi expulso mas não foi suspenso, só multado –, os dragões não podiam contar com Corona, que viu o tal vermelho no passado domingo, nem com Otávio, que já terá recuperado da lesão mas que era poupado pelo técnico, provavelmente já a pensar nos oitavos de final da Liga dos Campeões contra a Juventus. Assim, Fábio Vieira substituía o mexicano — que o adjunto Vítor Bruno disse ser “o melhor jogador” da equipa e que falhava uma partida pela primeira vez esta época –, Sarr voltava a ser titular na esquerda da defesa face à ausência de Zaidu e Diogo Costa era o escolhido para a baliza, em detrimento de Marchesín. Do outro lado, Carlos Carvalhal fazia três mexidas ao onze inicial do passado domingo e trocava Raúl Silva, João Novais e Abel Ruiz por Sequeira, Piazon e Sporar.

Depois de um início de jogo algo atribulado, graças a um choque violento entre Fábio Vieira e Al Musrati, Sérgio Oliveira acabou por ser o primeiro a causar perigo, com um livre direto que surpreendeu o Sp. Braga e obrigou Matheus a uma intervenção repentina (6′). A boa defesa do guarda-redes minhoto, porém, depressa ficou esquecida no lance em que Matheus ofereceu um golo ao FC Porto de mão beijada. Manafá tentou solicitar a profundidade de Marega com um passe longo, o guardião saiu dos postes para tentar antecipar-se ao avançado e tocou a bola de cabeça; Taremi, de primeira, tirou um chapéu perfeito e aproveitou o facto de a baliza estar completamente deserta (9′). O iraniano marcou em todos os jogos dos dragões na Taça de Portugal e já igualou Sérgio Oliveira no topo da lista de marcadores da equipa esta temporada, com 13 golos.

O Sp. Braga procurou reagir desde logo à desvantagem, conquistando alguns metros e subindo no terreno, mas depressa se percebeu que esse movimento estava mais a ser uma permissão do FC Porto do que propriamente uma imposição dos minhotos. A equipa de Sérgio Conceição estava a anular quase por completo a característica do adversário que desequilibra mais facilmente, o jogo interior que aproxima os lances das imediações da grande área, e obrigava o Sp. Braga a lateralizar quase sempre as jogadas. A jogada mais perigosa da equipa de Carlos Carvalhal acabou por surgir assim, com um cruzamento de Ricardo Esgaio que Mbemba teve de aliviar para evitar o desvio de Galeno (14′), mas nem através dessa movimentação — onde os minhotos também são normalmente bastante eficazes — conseguiam aproximar-se verdadeiramente do empate.

Com o passar dos minutos, ficou claro que o Sp. Braga estava totalmente amarrado na primeira fase de construção, sem conseguir avançar nem pela faixa central nem pelo corredor esquerdo, onde Galeno tantas vezes desequilibra — o avançado, que pertenceu aos quadros do FC Porto até 2019, não tinha bola e não estava a causar grandes problemas a Manafá. Cientes de que o adversário não estava a ser capaz de encontrar espaços, os dragões subiram as linhas e mostraram que, à mínima velocidade que impunham no jogo, criavam situações de perigo. Mesmo sem grande assertividade nem intensidade, demonstrando até alguma displicência na hora de pressionar alto, o FC Porto ficou perto de aumentar a vantagem com um remate de Fábio Vieira que passou por cima (28′) e com um pontapé de Taremi que Matheus defendeu, depois de o iraniano fazer um grande trabalho na grande área (32′).

Ao intervalo, os dragões estavam a vencer tranquilamente e graças a uma exibição sólida e consistente: os últimos minutos da primeira parte trouxeram alguma desconcentração à defensiva do FC Porto, algo que deixou Sérgio Conceição visivelmente irritado junto à linha lateral, mas o Sp. Braga não foi capaz de aproveitar e continuava totalmente preso a uma visível desinspiração que era agudizada pelo trabalho do adversário.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Sp. Braga-FC Porto:]

Sem alterações ao intervalo, o Sp. Braga entrou melhor na segunda parte e fez desde logo algo que não tinha conseguido fazer durante todo o primeiro tempo: criou oportunidades de golo. Sporar, o protagonista de ambas, rematou duas vezes ao lado, primeiro ao aparecer entre dois defesas na entrada da grande área (48′) e depois na sequência de uma boa finta de corpo sobre Mbemba (49′). Pepe, ciente de que a equipa estava a perder o controlo das ocorrências, pediu calma aos colegas, na tentativa de subsistir à entrada mais forte dos minhotos.

Com o adiantar do relógio e a manutenção da vantagem, o FC Porto foi controlando as ocorrências, aproveitando também a quebra de intensidade do Sp. Braga, e recuou no terreno para juntar setores e aproximar blocos, na tentativa de esgotar por completo uma criatividade minhota que era principalmente alimentada por Al Musrati. À passagem da hora de jogo, Carvalhal fez uma tripla substituição, lançando Gaitán, Borja e André Horta para dentro de campo, mas o trio de jogadores nem sequer teve tempo de causar impacto até ao lance que marcou a partida.

Naquela que foi a melhor oportunidade que o FC Porto teve até então na segunda parte, Luis Díaz apareceu tombado na esquerda, na grande área, e rematou forte e cruzado para uma boa defesa de Matheus (65′). Na sequência do lance e depois do contacto com o colombiano, David Carmo caiu em grandes dificuldades; Matheus chamou de imediato a equipa médica e as imagens permitiram perceber que o central minhoto tinha sofrido uma lesão arrepiante na zona do tornozelo. Quando a ambulância já estava no relvado, pronta para transportar o jogador, Luís Godinho analisou as imagens do VAR e acabou por decidir expulsar Luis Díaz com vermelho direto, deixando os dragões a jogar com menos um elemento a 20 minutos do fim. Carvalhal lançou Rolando para o lugar de Carmo, que saiu de ambulância diretamente para o hospital, e Conceição trocou Fábio Vieira por João Mário — mas ambos mexeram novamente pouco depois, com Abel Ruiz a entrar nos minhotos e Grujic e Loum a serem os eleitos do FC Porto para dar solidez ao meio-campo.

De forma natural, Luís Godinho decretou 12 minutos de tempo extra, face à paragem demorada depois da lesão de David Carmo — e o jogo ainda tinha muito mais para dar. O Sp. Braga, de forma natural, passou a ocupar permanentemente o meio-campo adversário à procura do empate; o FC Porto, de forma também natural, recuou em toda a linha e juntou os setores para tentar resguardar a valiosa vantagem. Ao oitavo minuto de descontos, Uribe foi o porta-voz da total falta de discernimento que já afetava os jogadores dos dragões e começou por empurrar André Horta, atingindo depois Esgaio com uma cabeçada. O médio foi expulso de imediato — assim como o diretor-geral do FC Porto, Luís Gonçalves, depois de críticas muito visíveis à decisão do árbitro — e deixou a equipa reduzida a nove elementos nos últimos instantes da partida.

Ao 12.º minuto de descontos, num lance de enorme insistência do Sp. Braga e óbvia passividade e inferioridade do FC Porto, Fransérgio aproveitou um ressalto vindo do poste, depois de um cabeceamento inicial de Sporar, e atirou para a baliza deserta (90+12′). Minhotos e dragões empataram novamente e deixaram praticamente tudo por decidir na segunda mão da meia-final da Taça de Portugal, agendada para o início de março, no Dragão. O FC Porto voltou a empatar na Pedreira, voltou a ter jogadores expulsos e voltou a sofrer um golos nos descontos — e Sérgio Conceição vai voltar a ter uma noite mal dormida.

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