Na sequência da invasão ao Capitólio, a 6 de janeiro, o congressista republicano Adam Kinzinger apelou ao governo norte-americano que invocasse a 25.ª emenda da Constituição e destituísse Donald Trump da presidência dos Estados Unidos. Mas não esperava que a família lhe escrevesse uma carta de reprovação no dia seguinte.
“És uma deceção para nós e para Deus”, começa a carta de duas páginas que foi divulgada na segunda-feira pelo The New York Times. O texto é assinado por 11 familiares de Kinzinger que o acusam de aderir ao “exército do Diabo (democratas e os media das fake news)” e de defender “as terríveis e rudes acusações” contra Trump.
“Nós pensávamos que eras inteligente o suficiente para ver como a esquerda está a fazer uma lavagem cerebral em tantas pessoas boas, incluindo a ti e a outros membros do Partido Republicano. Até tu caíste nos ideais do socialismo! Tão, tão triste!”, continuam num discurso que se assemelha, por coincidência ou talvez não, ao de Trump.
A carta foi escrita à mão por uma prima do congressista, Karen Otto, que posteriormente terá dito ao NYT que esperava que a família se afastasse de Kinzinger.
“Temos vergonha em ser teus familiares. Tu envergonhaste o nome da nossa família”, termina a carta.
O membro republicano da Câmara dos Representantes respondeu publicamente à carta na segunda-feira, reconhecendo que a divisão política entre famílias se tornou uma realidade entre muitos norte-americanos.
“Estou bem, mais triste que alguém esteja disposto a escolher um homem em vez da família. E é triste que isto esteja a acontecer com tantas pessoas”, escreveu no Twitter.
Thank you, @GretchenCarlson I’m ok, more sad that someone would be willing to choose a man over family. And sad that it’s happening to so many. https://t.co/yx3XbsKjmm
— Adam Kinzinger (@RepKinzinger) February 16, 2021
Adam Kinzinger foi um dos 10 congressistas republicanos que se juntou aos democratas na acusação de Trump por incitamento aos protestos violentos que decorreram a 6 de janeiro em Washington. E foi um de muitos a enfrentar sérias críticas por apoiar o processo de impeachment. Também os sete senadores do Partido Republicano que votaram a favor da condenação de Trump foram confrontados com pedidos de censura de outros colegas republicanos nos seus respetivos estados.