Na sequência da invasão ao Capitólio, a 6 de janeiro, o congressista republicano Adam Kinzinger apelou ao governo norte-americano que invocasse a 25.ª emenda da Constituição e destituísse Donald Trump da presidência dos Estados Unidos. Mas não esperava que a família lhe escrevesse uma carta de reprovação no dia seguinte.

“És uma deceção para nós e para Deus”, começa a carta de duas páginas que foi divulgada na segunda-feira pelo The New York Times. O texto é assinado por 11 familiares de Kinzinger que o acusam de aderir ao “exército do Diabo (democratas e os media das fake news)” e de defender “as terríveis e rudes acusações” contra Trump.

“Nós pensávamos que eras inteligente o suficiente para ver como a esquerda está a fazer uma lavagem cerebral em tantas pessoas boas, incluindo a ti e a outros membros do Partido Republicano. Até tu caíste nos ideais do socialismo! Tão, tão triste!”, continuam num discurso que se assemelha, por coincidência ou talvez não, ao de Trump.

A carta foi escrita à mão por uma prima do congressista, Karen Otto, que posteriormente terá dito ao NYT que esperava que a família se afastasse de Kinzinger.

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“Temos vergonha em ser teus familiares. Tu envergonhaste o nome da nossa família”, termina a carta.

O membro republicano da Câmara dos Representantes respondeu publicamente à carta na segunda-feira, reconhecendo que a divisão política entre famílias se tornou uma realidade entre muitos norte-americanos.

“Estou bem, mais triste que alguém esteja disposto a escolher um homem em vez da família. E é triste que isto esteja a acontecer com tantas pessoas”, escreveu no Twitter.

Adam Kinzinger foi um dos 10 congressistas republicanos que se juntou aos democratas na acusação de Trump por incitamento aos protestos violentos que decorreram a 6 de janeiro em Washington. E foi um de muitos a enfrentar sérias críticas por apoiar o processo de impeachment. Também os sete senadores do Partido Republicano que votaram a favor da condenação de Trump foram confrontados com pedidos de censura de outros colegas republicanos nos seus respetivos estados.