Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) desenvolveram três dispositivos que, a partir do movimento das ondas, conseguem gerar energia elétrica e o objetivo passa agora por instalá-los em boias oceânicas, foi anunciado.

Em comunicado, a FCUP explica que o estudo, publicado na revista Nano Energy e desenvolvido por investigadores do Instituto de Física de Materiais Avançados, Nanotecnologia e Fotónica, tinha como missão “gerar energia a partir do movimento das ondas”. No âmbito deste estudo, os investigadores desenvolveram três nanogeradores que, através do movimento das ondas, conseguem gerar energia elétrica.

Os nanogeradores usam dois materiais triboelétricos com polaridades diferentes para gerar este tipo de energia. O objetivo agora passa por instalar estes dispositivos em boias oceânicas de modo a “aumentar o tempo de permanência no mar sem intervenção do homem”, assegura a instituição.

Citado no comunicado, João Ventura, um dos autores do trabalho, explica que os dispositivos “usam uma combinação de efeito triboelétrico, um efeito semelhante aos choques eletrostáticos, e indução eletrostática para gerar energia elétrica a partir do movimento das ondas”.

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Nos testes laboratoriais, os investigadores colocaram os dispositivos dentro de uma boia, simulando condições de ondulação marítima semelhantes às encontradas no oceano. “Para aproveitar o movimento multidirecional das ondas, utilizámos esferas no interior da boia que maximizam o efeito triboelétrico e a geração de energia elétrica para qualquer tipo de movimento”, esclarece o investigador, acrescentando que foram testados e otimizados diferentes modos de como este movimento pode gerar energia elétrica.

Segundo os investigadores, “não é viável alimentar” as boias oceânicas usando as abordagens convencionais como baterias ou painéis solares, defendendo que é possível usar a energia dos oceanos, uma fonte “limpa e renovável com um enorme potencial de exploração“.

O estudo demonstrou uma clara dependência da geração de energia destes nanogeradores com os períodos e alturas de ondas, assim como com a resposta hidrodinâmica da boia, tendo em conta os seus movimentos lineares e de rotação”, acrescentam.

O objetivo da equipa passa agora pela realização de testes no oceano e por avaliar a possibilidade de “escalar a tecnologia para gerar energia suficiente para ser competitiva, utilizando o movimento das ondas, com outras tecnologias de geração de energia”.

Este estudo, inserido no projeto i.nano.WEC que é financiado pelo Fundo Azul, contou com a colaboração de investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI).