Depois de um período de dez anos em que perderam uma média de mil por ano, as Forças Armadas viram finalmente o número de efetivos aumentar em 2020 — no final de dezembro, contavam-se entre as suas fileiras mais 662 militares do que em 2019.

O saldo positivo, explica o Jornal de Notícias, que esta segunda-feira avança a notícia e cita os dados da Direção-Geral da Administração e Emprego Público (DGAEP), deve-se a um conjunto de três fatores: aumento de incorporações (3.054 no total, mais 771 do que em 2019), diminuição de saídas voluntárias (menos 1.189 do que no ano anterior) e prorrogação extraordinária de saídas, aprovada pelo governo para minorar os danos provocados pela pandemia (281 contratos foram prolongados). No final do ano, as Forças Armadas contavam com 26.630 efetivos.

Apesar de ter recusado contabilizar o número exato de militares na mesma situação em dezembro de 2019, o Ministério da Defesa Nacional confirmou ao jornal aquilo que considerou “um ligeiro aumento face ao ano anterior”. “Os sistemas de recrutamento conseguiram gerar o volume de candidaturas mais elevado dos últimos quatro anos e o terceiro mais alto da última década”, confirmou o ministério da tutela, realçando o papel do Plano de Ação para a Profissionalização do Serviço Militar e de outras políticas que têm sido implementadas, como aliás o ministro João Gomes Cravinho já tinha feito em fevereiro, na Comissão Parlamentar da Defesa.

Ao contrário do ministro, que justificou a retenção excecional de militares em 2020 com a “atratividade” das Forças Armadas, várias associações de militares atribuem o crescimento de efetivos à crise e ao desemprego que a pandemia veio provocar. “As pessoas que estão à procura de emprego têm o mercado fechado e veem nas Forças Armadas uma hipótese”, disse ao JN o tenente-coronel António Mota, presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas, que já prevê que em 2021 não surjam grandes alterações de cenário. “Nos últimos 10 anos, as incorporações têm descido; há um ano de pandemia e sobem 700. Isto acontece porque não há alternativa e as pessoas, para terem emprego, vão para as Forças Armadas. Ou seja, é a pior razão de todas.”

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