A última fase final de uma grande competição foi a pior para a Alemanha desde 1938, quando o Mundial ainda era jogado por menos equipas e com menos jogos. Mas esse ano de 2018 foi uma exceção à regra que voltou para ficar a partir de 2004, quando a Mannschaft ficou pela segunda vez na fase de grupos do Campeonato da Europa e fez uma reflexão nacional que ainda hoje dá os seus frutos: os clubes uniram-se, passou a ser obrigatório para todas as equipas no primeiro escalão terem academias para os mais jovens, o futebol de formação teve uma subida de pique, a base de recrutamento aumentou, as principais equipas melhoraram na Europa.

Se existe um país e uma liga cientes da separação que existe (ou deve existir) entre rivalidade e competitividade, é a Alemanha e a Bundesliga. Há casos limite, como quando o Bayern emprestou dinheiro ao B. Dortmund para não descer de divisão por dívidas, mas não há passo que seja dado sem pensar no bem de todos. E foi isso que aconteceu durante a pandemia, com os principais clubes a juntarem-se para criarem um fundo de ajuda para os conjuntos com menores possibilidades no primeiro escalão, enquanto a Federação procurava auxiliar todos os outros escalões não profissionais perante o impacto da ausência de receitas. Até em ações menos “mediáticas” ou visíveis, um exemplo. E foi também nesse contexto que surgiu um “caso” em torno da seleção.

De acordo com a imprensa germânica, os jogadores alemães, que estão na fase de grupos com Portugal, França e Hungria, irão receber um prémio de 400 mil euros em caso de vitória no Euro 2020. E o valor foi confirmado de forma oficial pelo diretor geral da seleção, Oliver Bierhoff, numa conferência de imprensa. No entanto, essa não foi uma pergunta que tenha caído bem na Mannschaft. “Sim, admito que é uma quantidade elevada, mas ficaria encantado se conseguisse pagar isso aos nossos jogadores no final do Europeu”, admitiu o antigo avançado, sem disfarçar o incómodo pela questão que surgiu em linha com críticas que foram sendo feitas.

Apesar de ter evitado entrar em grandes polémicas, Bierhoff, um nome que ficará para sempre ligado às finais de Campeonato da Europa por ter marcado os dois golos que deram a vitória à Alemanha frente à Rep. Checa em 1996 (tendo saído do banco, com o último já no prolongamento), não disfarçou aquilo que se tornou um motivo de conversa na Alemanha, como explica o As: mais do que o valor do prémio, a questão está na comparação com o que se passou nas anteriores fases finais, que em caso de vitória renderiam 300 mil euros por jogador no Europeu de 2016 (derrota nas meias com a França) e 350 mil no Mundial de 2018 (fase de grupos, com uma vitória frente à Suécia e duas derrotas com México e Coreia do Sul). Ou seja, mesmo num contexto de pandemia e de maior contenção também económica, a Mannschaft subiu em cinco anos os prémios em 33,3%.

De acrescentar ainda que, em relação ao que se foi conhecendo nos últimos dias, a maioria das seleções tem aumentado os prémios em caso de vitória, como aconteceu por exemplo com a Espanha, que irá oferecer os mesmos 400 mil euros por jogador. Em relação a Portugal, que em 2016 distribuiu 250 mil euros de prémio por cada campeão europeu em França, há informações não confirmadas de forma oficial que dão conta de uma subida desse valor para os 300 mil euros, de acordo com o que foi avançado pelo CM no final de maio.

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