“A visita do Christian significou muito para os jogadores que ainda não o tinham visto, especialmente para aqueles que são mais próximos dele. Uma coisa é vê-lo em vídeo, outra é poder olhá-lo nos olhos. Foi bom. O ambiente já é diferente, claro, mas foi bom vê-lo e à sua família. Foi algo muito importante para vários jogadores.”

O passar dos dias foi fazendo bem à seleção da Dinamarca depois do susto com o médio diante da Finlândia. Aí, nesses 45 minutos que nunca se deveriam ter jogado mas que a UEFA fez questão que se “jogassem”, esteve mal, muito abaixo do que consegue fazer, a falhar inclusivamente uma grande penalidade, e perdeu. No jogo a seguir entrou melhor, esteve melhor e em alguns períodos foi até melhor mas acabou por render-se à lei do mais forte com a Bélgica. Esta noite, foi verdadeiramente avassaladora. Houve sangue a sair da cabeça de Höjberg após um choque, houve muito suor de jogadores abnegados a jogar como se fosse uma final, houve muitas lágrimas ainda antes do final da goleada por 4-1 quando Christensen marcou o terceiro. Tudo num ambiente incrível.

Se em 1992 a Dinamarca tinha impressionado quando reuniu uma série de jogadores que estavam de férias e espalhados por diferentes sítios para substituir a Jugoslávia e sagrar-se campeã europeia, aquilo que fez em 2021 ficará também com mais uma página memorável do Europeu pelo contexto em que foi escrita. O exemplo de Christian Eriksen mostrou mais uma vez que o futebol é só a coisa mais importante entre as menos importantes da vida. Mas esta vitória teve outra importância, sobretudo depois de se seguir à visita do médio à equipa.

Vontade não faltava à Dinamarca. Sempre com bola, sempre a tentar furar a organização defensiva da Rússia, sempre à procura de espaços que Eriksen descobria de forma instantânea. E foi essa vontade às vezes até em excesso que permitiu aos russos criar a primeira oportunidade flagrante, com Golovin a aproveitar a autoestrada que se abriu pelo meio para obrigar Kasper Schmeichel a uma defesa com os pés (18′). Esse lance mexeu com os nórdicos, que demoraram alguns minutos a estagnar o seu jogo, mas um remate de meia distância de Höjberg um pouco ao lado (29′) deu o mote para um forcing final que daria mesmo golo a oito minutos do intervalo, com Damsgaard a descobrir espaço nas costas de Ozdoev e Zobnin para atirar ao ângulo da baliza de Safonov (37′).

Começava a desenhar-se um verdadeiro conto de fadas dinamarquês, que teve ainda mais um capítulo por obra e graça do desastrado Zobnin que colocou com um atraso mal medido a bola nos pés de Poulsen para o 2-0 (59′), mas houve depois uma página em falso na verdadeira história de redenção quando o golo de Lukaku no jogo com a Finlândia foi festejado em Copenhaga antes de ser anulado pelo VAR e Dzyuba reduziu a desvantagem de grande penalidade (70′). Voltavam os nervos, a emoção e os copos de cerveja pelo ar (é verdade, ali no Parken Stadium esta é uma das manifestações de alegria) – Hradecky introduziu a bola com as costas na própria baliza, Christensen marcou o 3-1 com um fantástico golo de fora da área (79′) e Mëhle fechou as contas (82′), sendo que pelo meio ainda houve mais um golo da Bélgica a carimbar em definitivo a passagem da Dinamarca.

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