Os novos administradores da TAP vão ter a redução de 30% nos salários, tal como prevê o plano de reestruturação da companhia entregue na Comissão Europeia. A informação foi avançada ao Observador por fonte oficial do Ministério das Infraestruturas que, no entanto, não indica os valores sobre os quais esse corte será aplicado.

O novo conselho de administração da empresa foi eleito na quinta-feira em assembleia-geral, onde foi também discutida uma nota da comissão de remunerações relativa aos salários da gestão praticados em 2020. No entanto, e de acordo com informação recolhida pelo Observador, a assembleia não tomou decisões relativas aos salários da nova administração. Essa matéria será alvo de uma proposta a apresentar pela comissão de vencimentos que foi também eleita na assembleia geral, mas que terá em em linha de conta as indicações dadas pelos acionistas.

Para já, o Estado, que ficou com 98% do capital da TAP, diz apenas que as “novas remunerações de todos os elementos dos órgãos sociais seguiram o princípio já anunciado de se aplicar uma redução de 30% em relação aos vencimentos anteriormente estipulados. Esta redução é um compromisso assumido no âmbito do plano de reestruturação e representa um valor superior ao corte salarial horário aplicado aos trabalhadores”.

Apesar de ninguém ainda referir montantes — nem se saber se está prevista a possibilidade do pagamento de bónus de gestão — é quase certo que o processo de recrutamento terá sido acompanhado de algumas garantias dadas em termos salariais, nomeadamente à nova presidente executiva, Christine Ourmière-Widener. Os 10 gestores, dos quais cinco fazem parte da comissão executiva, vão passar a receber da TAP SA, quando até agora o conselho de administração era pago através da TAP SGPS. Os administradores vão ter um mandato de quatro anos até 2024, o horizonte da execução do plano de reestruturação.

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Novo CEO da TAP vai ganhar menos do que Antonaldo Neves. Negociação em Bruxelas atrasa nova gestão

O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, tinha sinalizado em março que o novo presidente executivo da TAP iria ganhar menos do que Antonoaldo Neves. O CEO indicado por David Neeleman saiu do cargo em setembro depois do empresário americano a vender a sua posição, tendo sido substituído de forma interina por Ramiro Sequeira.

O gestor brasileiro tinha uma remuneração fixa mensal de 45 mil euros brutos, à qual acresciam despesas cobertas com habitação e educação dos filhos em Portugal no montante de 14 mil euros. Nunca chegou a receber prémios de gestão, mas por ter sido dispensado antes do final do mandato teve direito a receber a remuneração devida até ao final do ano passado, e sem os cortes aplicados durante o tempo em que a TAP esteve em layoff.

Ramiro Sequeira, bem como Alexandra Reis, viram o seu vencimento corrigido para cima quando entraram na comissão executiva no ano passado, dando origem a uma polémica sobre salários dos gestores na TAP.

Governo diz que TAP não está a pagar mais aos seus gestores. Frasquilho abdicou do aumento salarial

O Governo garantiu na altura que os gestores estavam a ganhar menos do que os antecessores e que a atualização salarial feita correspondia à promoção de cargo, ao aumento de responsabilidades e à acumulação de funções.

De acordo com o relatório e contas de 2020, a TAP SGPS pagou 2,187 milhões de euros aos órgãos sociais, dos quais 2,055 milhões ao conselho de administração, o que corresponde a uma redução de 12% face aos montantes pagos em 2019 e que foram de 2,340 milhões de euros. A informação disponibilizada não especifica as remunerações por gestor, como é regra nas empresas públicas.