O espólio do músico José Mário Branco vai ser todo organizado e catalogado pela Universidade Nova de Lisboa e, no futuro, esse património será gerido por uma fundação, disse à Agência Lusa um dos filhos do compositor, Pedro Branco.

Esta semana a família do cantautor assinou, com a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), da Universidade Nova de Lisboa, um protocolo de cedência do espólio de José Mário Branco (1942-2019), para organização e catalogação de centenas de documentos, gravações, fotografias, discos e outros objetos. Esse protocolo cria ainda o Centro de Estudos e Documentação José Mário Branco – Música e Liberdade, e o espólio será gerido e estudado por uma comissão científica liderada pela investigadora Salwa Castelo-Branco.

À agência Lusa, um dos filhos, Pedro Branco, explicou que este protocolo dá seguimento ao trabalho que José Mário Branco tinha encetado há alguns anos com o Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança (INET-md) e o Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM), daquela universidade, de identificação e catalogação da obra escrita e musical.

“Têm feito um trabalho espetacular de recolha de material que até o próprio não sabia. [Este protocolo] vem legitimar essa continuidade desse trabalho que vai sendo feito. O que estão a fazer é organizar isso tudo à medida que vão descobrindo mais coisas em Portugal e no estrangeiro”, explicou Pedro Branco. Questionado sobre o que ficará à guarda da FCSH, Pedro Branco responde: “Tudo. Toda a atividade artística e política que o meu pai tinha, e de todas as formas que se manifestaram, e inclusivamente o trabalho com outros [músicos e artistas e outros intervenientes]”.

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Morreu José Mário Branco, um dos nomes maiores da música portuguesa, da canção de abril ao fado

José Mário Branco, um dos mais importantes nomes da música portuguesa do século XX, em particular desde a década de 1970, morreu aos 77 anos, em novembro de 2019. O trabalho de catalogação que já tem sido feito, da parte do CESEM, está acessível online, e resulta da digitalização de mais de um milhar de documentos, como partituras, cartas, letras de canções, material de trabalho e fotografias. Com o INET-md, um dos frutos desse trabalho foi a edição, em 2018, de um duplo álbum com inéditos e raridades de José Mário Branco, gravados entre 1967 e 1999.

Pedro Branco explica que a família está a tentar cumprir uma vontade de José Mário Branco, de criação de uma fundação, para gerir todo este património “que, no fundo, não é da família”. “A família assume a sua gestão e importância enquanto a fundação não estiver feita. Foi uma vontade do nosso pai. A ideia de criar este espólio é que depois fique disponível para todos, para o que for preciso, para outros investigadores, para particulares”, explicou Pedro Branco.

A comissão científica da FCSH, que tratará a obra do cantautor português, contará ainda com investigadores do INET-md e do CESEM e com um investigador nomeado pela família.