A youtuber e ativista cubana Dina Stars foi detida esta quarta-feira em Cuba enquanto dava uma entrevista a uma televisão espanhola. Esta detenção surge numa altura de grande tensão em Havana, com a organização não-governamental Human Rights Watch a estimar que pelo menos 150 pessoas foram detidas desde o início dos protestos contra o regime no passado domingo.

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Dina Stars, que começou por dizer que não tinha medo de falar sobre a situação em Cuba, estava a dar uma entrevista à jornalista espanhola Marta Flich, no programa Todo Es Mentira, do canal Cuatro, quando, de repente, interrompe a conversa e diz que tem a polícia à porta. A youtuber sai durante um bocado e depois regressa, para transmitir uma mensagem: “Considero o governo responsável por tudo o que possa acontecer comigo. Tenho de ir, disseram-me para os acompanhar.”

Noutro vídeo, Dina Stars surge acompanhada por dois homens, ao que tudo indica polícias, dirigindo-se para um carro. Depois disto desconhece-se, até ao momento, o seu paradeiro.

No domingo, milhares de cubanos saíram as ruas para protestar contra o governo e exigir “liberdade!”, um dia inédito que terminou com dezenas de detidos e confrontos depois de o Presidente, Miguel Díaz-Canel, ter recorrido à televisão para apelar aos seus apoiantes que saíssem à rua para enfrentar os manifestantes e defender a Revolução.

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Mais de 150 detidos em manifestações

A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) denunciou esta terça-feira que os detidos nas manifestações de Cuba “ultrapassam os 150” e exigiu o fim das violações dos direitos humanos na ilha.

“As listas iniciais de detidos nas manifestações de Cuba superam os 150”, escreveu na rede social Twitter o diretor da HRW para as Américas, José Miguel Vivanco, que alertou ainda que se “desconhece o paradeiro de muitos”.

Vivanco sublinhou que “protestar é um direito, não um crime”.

Além disso, divulgou uma lista de desaparecidos cuja autoria atribuiu à organização não-governamental (ONG) Cubalex, que dá conta de 171 pessoas desaparecidas, das quais 17 já foram libertadas ou é conhecido o paradeiro.

A lista inclui, além dos nomes e apelidos das pessoas, o lugar onde foram vistas pela última vez, a hora e a data da detenção e o “último relatório” sobre a sua situação.

O encenador Yunior Garcia, um dos líderes do movimento 27N — criado após uma manifestação inédita de artistas em 27 de novembro, para exigir mais liberdade de expressão — também foi detido no domingo, tendo sido libertado na tarde de segunda-feira.

Garcia usou a sua conta na rede social Facebook, para relatar a sua experiência, explicando que viajou no domingo com um grupo de amigos até ao Instituto Cubano de Rádio e Televisão (ICRT) para pedir para falar por 15 minutos diante das câmaras.

“Uma multidão de conservadores radicais e vários grupos de Resposta Rápida (forças de segurança à paisana) disseram-nos que não o poderíamos fazer (…) e fomos arrastados à força e atirados para dentro de um camião, como sacos de entulho”, denunciou o encenador.

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As manifestações, as mais expressivas em Cuba desde o “Maleconazo” de agosto de 1994, acontecem numa altura em que o país está mergulhado numa grave crise económica e de saúde, com a pandemia de Covid-19 fora do controlo e uma grave escassez de alimentos, medicamentos e outros produtos básicos, assim como longos cortes de energia que se tornaram parte da rotina.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, exigiu na segunda-feira ao governo cubano para evitar a “violência” na sua “tentativa de silenciar” os protestos contra o governo, aos quais expressou todo o apoio. Também a União Europeia apelou ao fim da violência e para o governo cubano ouvir a sua população.

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Enquanto isso, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, negou que os EUA estejam envolvidos na organização das manifestações e que o embargo imposto pelos Estados Unidos (desde 1962) seja totalmente responsável pela crise económica e sanitária pelos protestos.

Julie Chung, secretária de Estado adjunta dos EUA para as Américas, também denunciou, na sua conta da rede social Twitter, “a violência e prisões de manifestantes cubanos, bem como o desaparecimento de ativistas independentes, incluindo Guillermo “Coco” Fariñas, José Daniel Ferrer, Luis Manuel Otero Alcantara e Amaury Pacheco.