O juiz Carlos Alexandre aceitou a proposta apresentada por Joe Berardo como garantia da caução de 5 milhões de euros. Como o Observador havia avançado, a proposta passa pela hipoteca de imóveis que pertencem a sociedades de pessoas próximas do empresário madeirense, nomeadamente familiares. Ao que o Observador apurou, a avaliação dos imóveis entregues supera inclusivamente os cinco milhões exigidos pelo juiz Carlos Alexandre — deverá apontar para próximo dos oito milhões.

Contrariamente ao que chegou a ser tornado público logo após serem conhecidas as medidas de coação, o Observador revelou na última semana que o empresário não apresentou ao tribunal qualquer ação como oferecimento de caução, sendo que também não terá sido proposta como garantia qualquer obra de arte, jóia ou valor em dinheiro, apenas os imóveis.

Berardo oferece imóveis de pessoas próximas como garantia da caução de 5 milhões. Juiz decidirá nos próximos dias se aceita

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Recorde-se que no dia 2 de julho, após promoção do Ministério Público, e tendo em conta o “perigo de fuga/subtração à ação da justiça”, o Tribunal Central de Instrução Criminal determinou que Joe Berardo ficaria sujeito a diversas medidas de coação, como a proibição de contactos com determinadas pessoas, nomeadamente com o seu advogado e suspeito neste caso André Luiz Gomes, e a prestação de uma caução de cinco milhões de euros.

As detenções e as suspeitas

O empresário madeirense foi detido no início deste mês, num inquérito em que se investigam créditos ruinosos para a Caixa Geral de Depósitos e em que é suspeito da prática de vários crimes. Na altura, as autoridades realizaram buscas em diversos “locais do país, nomeadamente, em Lisboa, Funchal e Sesimbra”.

O juiz considerou Joe Berardo e André Luiz Gomes “fortemente indiciados” pela prática em coautoria de oito crimes de burla qualificada, um crime de branqueamento, um de fraude fiscal qualificada, dois crimes de abuso de confiança qualificado e um crime de descaminho.

Carlos Alexandre considerou ainda o advogado fortemente indiciado, de forma individual, por quatro crimes de fraude fiscal qualificada, um crime de falsificação de documento, um crime de falsidade informática (relativamente às sociedades detidas e controladas pelo mesmo), e um crime de branqueamento.

O valor avultado das cauções aplicadas a Berardo e a André Luiz Gomes (um milhão de euros) prendem-se com a complexidade do alegado esquema montado e que terá causado um prejuízo de cerca de mil milhões de euros à Caixa Geral de Depósitos, ao Novo Banco e ao BCP.