Os projetos de investimentos que utilizem plantas endémicas e autóctones dos Açores vão beneficiar de majorações nos fundos comunitários, estando a iniciativa orçada em 19,9 milhões de euros, anunciou esta segunda-feira o Governo Regional.

No âmbito de uma visita ao Viveiro Florestal de Espécies Autóctones, na ilha Terceira, o secretário regional da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, António Ventura, referiu que pretende “dar um impulso na produção de plantas endémicas, promovendo a sua plantação e, nos próximos fundos comunitários, majorar os projetos de investimentos que utilizem estas plantas“.

António Ventura, citado em nota de imprensa do executivo açoriano, salvaguardou que vai-se assegurar o “fornecimento de plantas para os investimentos públicos, quer sejam das câmaras municipais, quer sejam de outros organismos públicos”.

A Secretaria Regional da Agricultura e do Desenvolvimento Rural pretende promover esta aposta no investimento da produção de plantas endémicas e autóctones da região a partir do projeto “LIFE IP CLIMAZ – Programa Regional para as Alterações Climáticas nos Açores”, coordenado pela Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De acordo com o titular da pasta do Desenvolvimento Rural, “ultrapassado o desafio da produção de plantas, desde a primeira instância, para além da conservação dos recursos genéticos, é possível potenciá-los, retirando dividendos económicos”.

Segundo o executivo açoriano, a iniciativa tem como beneficiários associados as direções regionais do Ordenamento do Território e Recursos Hídricos, do Ambiente e Alterações Climáticas, da Energia e dos Assuntos do Mar.

Integram ainda o projeto, os município da Horta e de Vila Franca do Campo, a Empresa Eletricidade dos Açores(EDA), a Cooperativa União Agrícola, CRL (CUA) e a Sociedade de Gestão Ambiental e Conservação da Natureza – AZORINA, SA.

António Ventura declarou que o projeto está orçado em 19,9 milhões de euros, com uma contribuição dos beneficiários de 7,9 milhões euros e de 11,9 milhões de euros da União Europeia.

O diretor Regional dos Recursos Florestais, Filipe Tavares, disse, por seu turno, que o Governo está a trabalhar “na domesticação das espécies mais emblemáticas e com maior potencial madeireiro da floresta natural dos Açores”.

Pretende-se que a região possa ser a “âncora de inúmeros projetos de dimensão significativa”, que estão a surgir no âmbito da conservação da natureza, e que requerem o substancial aumento da capacidade de produção instalada, e um desses exemplo é o projeto “LIFE IP CLIMAZ”.

Filipe Tavares apontou que a Direção Regional dos Recursos Florestais vai ficar responsável por certificar o mapeamento das áreas florestais de todas as ilhas e determinar uma estimativa da biomassa e da capacidade de sequestro do carbono, de forma a perceber-se o impacto das alterações climáticas nesses “ecossistemas vulneráveis”.

Para aumentar a capacidade de produção de plantas, serão realizados “investimentos estruturantes” nos viveiros florestais de Nordeste, Ponta Delgada, Terceira e Pico.

O executivo pretende contribuir para “a criação de corredores ecológicos, assegurar uma maior resiliência dessas áreas no combate às alterações climáticas adversas”, que ajudará a estabelecer a melhoria do regime hidrológico.

Para a implementação dessas ações, o projeto prevê um investimento de 2,5 milhões de euros.

O Viveiro Florestal de Espécies Autóctones, hoje visitado por António Ventura, foi criado pela Secretaria Regional da Agricultura e Florestas, na anterior legislatura, sendo um espaço “multifuncional, com várias valências, onde se concilia a produção de plantas endémicas, com ações permanentes de divulgação e sensibilização da comunidade local para a temática da conservação dos recursos genéticos naturais”.