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Perder Palhinha é perder golo, passe, ataque e defesa. E nenhuma equipa está preparada para isso (a crónica do Sporting- Belenenses SAD)

Este artigo tem mais de 2 anos

Palhinha marca, Palhinha faz jogar, Palhinha defende, Palhinha ataca. O médio foi o melhor jogador dos leões na vitória com o Belenenses SAD e mostrou que o Sporting não está preparado para o perder.

O internacional português aumentou a vantagem dos leões já na segunda parte
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O internacional português aumentou a vantagem dos leões já na segunda parte

Getty Images

O internacional português aumentou a vantagem dos leões já na segunda parte

Getty Images

A partir de certa altura, já em janeiro, ficou praticamente confirmado que o Sporting iria ser campeão nacional 19 anos depois. O Benfica perdeu muitos pontos na fase em que o plantel foi afetado por um vasto surto de Covid-19, o FC Porto não conseguia alcançar consistência e regularidade e os leões, já eliminados da Taça de Portugal e sem terem conseguido entrar na Liga Europa, tinham tudo para conquistar o Campeonato. Até que, no início de abril, o próprio Sporting tornou tudo mais complicado.

Em quatro jornadas, a equipa de Rúben Amorim somou três empates. Não conseguiu vencer o Moreirense em Moreira de Cónegos, não conseguiu vencer o Famalicão em Alvalade e não conseguiu vencer o Belenenses SAD novamente em casa, sendo que pelo meio bateu o Farense no Algarve. Contra o Belenenses SAD, contudo, o Sporting demonstrou algo que faltou durante muitos anos consecutivos: a capacidade de, estando a perder, ir atrás do resultado e conseguir obter pontos. Nesse dia de abril, um bis de Cassierra colocou os leões a perder; o Sporting reduziu através de Coates, já dentro dos últimos dez minutos, e empatou por Jovane, bem dentro do período de descontos, evitando aquela que na altura seria a primeira derrota na Liga.

Ficha de jogo

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Sporting-Belenenses SAD, 2-0

3.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Manuel Oliveira (AF Porto)

Sporting: Adán, Neto, Coates, Gonçalo Inácio, Ricardo Esgaio (Pedro Porro, 66′), João Palhinha, Matheus Nunes (Daniel Bragança, 83′), Rúben Vinagre (Nuno Mendes, 66′), Pedro Gonçalves, Nuno Santos (Jovane, 66′), Paulinho (Tiago Tomás, 83′)

Suplentes não utilizados: André Paulo, Feddal, Bruno Tabata, Manuel Ugarte

Treinador: Rúben Amorim

Belenenses SAD: Luiz Felipe, Cafú Phete, Chima Akas (Nilton Varela, 80′), Tomás Ribeiro, Diogo Calila, Danny, Trova Boni (Afonso Taira, 73′), Francisco Teixeira (Lukovic, 62′), Pedro Nuno (Luís Mota, 62′), Ndour, Afonso Sousa (César Sousa, 80′)

Suplentes não utilizados: Álvaro Ramalho, Jójó, Rafa, Henrique Pires

Treinador: Petit

Golos: Gonçalo Inácio (7′), João Palhinha (48′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Cafú Phete (47′), a Nilton Varela (85′), a Pedro Porro (88′), a Daniel Bragança (90+2′); cartão vermelho direto a Afonso Taira (89′)

Esse jogo contra o Belenenses SAD, em Alvalade, foi uma espécie de mudança de chip. O Sporting percebeu que tinha de fazer mais, que o Campeonato ainda não estava ganho e que qualquer adversário, independentemente da posição na tabela, poderia significar um valente tropeção. Daí e até ao fim da época, os leões só voltaram a perder pontos contra o Benfica, na penúltima jornada e já enquanto campeões nacionais. Este sábado, voltavam a receber em Alvalade a equipa de Petit que no passado mês de abril, graças a uma exibição corajosa, deu o empurrão final para o título leonino.

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O Sporting entrava em campo antes do FC Porto, que só defronta o Marítimo este domingo, mas já depois do Benfica, que venceu o Gil Vicente em Barcelos e estava por isso na liderança provisória da Liga: para se juntar à equipa de Jorge Jesus no primeiro lugar, os leões precisavam de bater o Belenenses SAD. Com Nuno Mendes recuperado da entorse que sofreu e de volta aos convocados, Rúben Amorim continuava a apostar em Rúben Vinagre na esquerda da defesa e deixava o jovem lateral ainda no banco. Contudo, o treinador leonino fazia duas mudanças no onze que foi titular nas duas primeiras jornadas e trocava Feddal e Jovane, que eram ambos suplentes, por Luís Neto e Nuno Santos. Do outro lado, a grande ausência era Cassierra, que vai ser reforço dos russos do Sochi e nem sequer estava na ficha de jogo.

Em Alvalade, com os permitidos 14.304 lugares ocupados, depressa ficou claro que ambas as equipas iam apostar na pressão alta e eficaz para tentar empurrar o adversário para a frente. O problema, que também foi notório logo nos primeiros minutos, era que o Sporting tinha uma capacidade para limitar o portador da bola, recuperar a posse em zonas adiantadas e encurtar as distâncias entre linhas que o Belenenses SAD não conseguia equiparar. A primeira aproximação dos leões à grande área foi feita a partir da esquerda, com Nuno Santos a ser lançado por Paulinho para depois cruzar para uma interceção de Tomás Ribeiro (5′), e acabaria por ser precisamente por esse lado que a equipa de Rúben Amorim ia demonstrar maior acutilância ofensiva. Nuno Santos dava muita largura e velocidade ao jogo sempre que era lançado na profundidade e Rúben Vinagre, na costas, permitia incursões interiores ao avançado sempre que subia pelo corredor.

O golo do Sporting acabou por aparecer logo no primeiro remate que os leões fizeram à baliz de Luiz Felipe. Na sequência de um canto batido na direita e inicialmente afastado pela defesa do Belenenses SAD, a bola sobrou para a esquerda e para Rúben Vinagre, que voltou a cruzar; no coração da área, Gonçalo Inácio saltou mais alto do que todos os outros e antecipou-se para cabecear para dentro da baliza (7′). O central português, que tem demonstrado uma clara evolução sob a orientação de Amorim, chegava ao terceiro golo pelos leões, com o pormenor de ter marcado sempre de cabeça.

Depois de inaugurado o marcador, o Sporting teve várias oportunidades para aumentar desde logo a vantagem. Pedro Gonçalves tentou fazer um chapéu a Luiz Felipe mas saiu curto (11′), o mesmo Pedro Gonçalves não conseguiu desviar para a baliza depois de um cruzamento de Esgaio (13′) e Paulinho cabeceou por cima na sequência de um passe de Nuno Santos na esquerda (13′). Sem conseguir chegar ao segundo golo nesse quarto de hora inicial totalmente dominador, a equipa de Rúben Amorim acabou por tirar ligeiramente o pé do acelerador — mas também porque o Belenenses SAD soube corrigir alguns posicionamentos no setor defensivo, onde Tomás Ribeiro assumia claramente o papel de líder.

No ataque, a equipa de Petit nunca conseguiu exprimir-se. A jogar enquanto referência ofensiva, sem os apoios de Cassierra, Ndour passava muito tempo sozinho na frente e raramente era solicitado por parte dos colegas. Diogo Calila, na direita, foi sempre o grande inconformado do Belenenses SAD e era o único que procurava desenhar movimentos de rotura para encontrar espaço nas costas do trio defensivo dos leões. Movimentos que, sem exceção, eram sempre correspondidos pela visão de jogo de Afonso Sousa: o médio dos azuis, claramente o melhor jogador da equipa, atuava na posição ‘6’ e enquanto uma espécie de regista à italiana, organizando toda a estrutura do Belenenses SAD com passes longos e aberturas. O problema, mais uma vez, era que o Sporting dava muito pouco espaço a Afonso Sousa e o jovem médio não conseguia desbloquear a equipa.

Até ao intervalo, Paulinho ainda teve outras duas oportunidades, rematando primeiro ao lado depois de um passe de Matheus Nunes (31′) e depois por cima na sequência de uma assistência de Pedro Gonçalves (40′). O avançado português estava algo desenquadrado com a baliza de Luiz Felipe e ia desperdiçando ocasiões, com o Sporting a chegar ao final da primeira parte a ganhar apenas pela margem mínima apesar do claro domínio que demonstrou — e da grande exibição de Matheus Nunes, o autêntico maestro leonino no meio-campo. Quanto ao Belenenses SAD, ao fim de 45 minutos, ainda não tinha feito qualquer remate à baliza de Adán.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Sporting-Belenenses SAD:]

O arranque da segunda parte dificilmente poderia ter sido melhor para o Sporting. Logo nos primeiros minutos depois do intervalo, Cafú Phete fez falta sobre Vinagre na esquerda, Pedro Gonçalves bateu o livre em direção ao segundo poste e João Palhinha fugiu completamente à defensiva do Belenenses SAD para aparecer sozinho; o remate inicial, de carrinho, ainda foi defendido por Luiz Felipe mas a recarga, de cabeça, foi mesmo para dentro da baliza (48′). Se a equipa de Petit tinha a intenção de ainda ir à procura de alguma coisa na segunda parte, depressa viu o objetivo passar de difícil para praticamente inatingível.

Ainda assim, e apesar de tudo parecer correr bem ao Sporting, existia um problema cada vez mais notório: as dificuldades de Paulinho na finalização. Logo depois do golo de Palhinha, o avançado português apareceu na cara de Luiz Felipe, na sequência de mais um brilhante passe de rotura de Matheus Nunes, mas rematou contra o guarda-redes do Belenenses SAD (50′). Instantes depois, surgiu o primeiro remate da equipa de Petit, por intermédio de Afonso Sousa e de muito longe, a passar por cima da baliza de Adán (53′).

Petit mexeu pela primeira vez pouco depois da hora de jogo, trocando Francisco Teixeira e Pedro Nuno por Lukovic e Luís Mota, e Rúben Amorim respondeu com uma tripla alteração: Nuno Mendes voltou aos relvados e rendeu Rúben Vinagre, Pedro Porro cumpriu mais alguns minutos e substituiu Ricardo Esgaio e Nuno Santos saiu para deixar entrar Jovane. Num minuto, o treinador do Sporting justificava o porquê de já ter dito muitas vezes que não pretende perder mais jogadores do que os absolutamente indispensáveis — saíram três que garantem qualidade, entraram três que garantem qualidade.

Até ao fim, já pouco aconteceu. Matheus Nunes, Nuno Mendes e Pedro Gonçalves ainda tiveram boas oportunidades para marcar, sendo que um atirou por cima (70′), o outro ao lado (79′) e o último viu Luiz Felipe responder com uma enorme defesa (90+5′), e Rúben Amorim ainda teve tempo para dar minutos a Daniel Bragança e Tiago Tomás. O Sporting geriu os últimos minutos com a certeza de que iria carimbar a vitória e o Belenenses SAD procurou não sofrer mais golos com a certeza de que não iria fugir à terceira derrota em três jornadas, engrossando um arranque de temporada muito negativo. Mesmo em cima dos descontos, Afonso Taira ainda viu o cartão vermelho direto, depois de uma entrada muito dura sobre Palhinha, e a equipa de Petit terminou a partida com menos um elemento.

O Sporting voltou a ganhar, juntou-se ao Benfica na liderança da Primeira Liga e fica agora à espera de saber o que faz o FC Porto este domingo contra o Marítimo. Contra um Belenenses SAD muito frágil, a equipa de Rúben Amorim defendeu bem, atacou bem e geriu melhor, alcançado a exibição mais consistente e convincente deste arranque da temporada. Apesar do golo de Gonçalo Inácio, apesar da enorme exibição de Matheus Nunes, apesar da grande resposta de Nuno Santos, só João Palhinha foi o melhor jogador em campo: marcou um golo, correu 10 quilómetros, acertou todos os passes longos e foi o maior equilíbrio entre o setor defensivo e o ofensivo. Na semana em que mais se falou sobre a saída do internacional português para outras paragens, ele mostrou que o Sporting não está preparado para o perder. Até porque nenhuma equipa estaria.

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