“Michelangelo Antonioni – O Passo em Frente”

A partir desta quinta-feira, dia 26 de agosto, começa no Cinema Nimas, em Lisboa, o ciclo Michelangelo Antonioni-O Passo em Frente, constituído por sete filmes deste realizador italiano, em cópias digitais restauradas 4K. Serão exibidos “Escândalo de Amor” (1950), a sua primeira longa-metragem após uma série de documentários, e em que Antonioni começa já a afastar-se, formal e tematicamente, do neo-realismo; “O Grito” (1957), “A Aventura” (1960), “A Noite” (1961), “O Eclipse” (1962) e “O Deserto Vermelho” (1964), que correspondem ao período mais brilhante e expressivo da carreira do cineasta e onde ele explora, narrativa e visualmente, o desconcerto emocional, social e espiritual de uma série de personagens (interpretadas por actores como Monica Vitti, Marcello Mastroianni, Alain Delon, Jeanne Moreau, Richard Harris, Gabriele Ferzetti ou Lea Massari) que percorrem as paisagens da Itália próspera e consumista do pós-guerra, inseparáveis da arquitetura moderna e impessoal que entretanto se impôs nas cidades italianas e que funciona como correlativo concreto dos seus estados de alma; e “Identificação de uma Mulher” (1982), o único título menor deste septeto. A partir de dia 1 de Setembro, este ciclo estará também no Teatro Campo Alegre, no Porto; no Cinema Charlot, em Setúbal; no Teatro Gil Vicente, em Coimbra; no Theatro Circo de Braga; e no Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz. No Nimas passarão ainda, em sessões especiais, três outros títulos do realizador: “Blow-Up-História de um Fotógrafo” (1966), rodado em Londres, “Deserto de Almas” (1970), feito nos EUA em pleno declínio do movimento da contracultura e talvez o pior filme de Michelangelo Antonioni,  e “Profissão: Repórter” (1975).

“Mistério em Saint-Tropez”

O argumentista e realizador Jean-Marie Poiré e o ator Christian Clavier colaboraram em alguns dos maiores sucessos da comédia popular francesa das últimas décadas, desde “Pai Natal: Sarilhos” (1982) até à engraçadíssima trilogia de viagens no tempo “Os Visitantes”, feita entre 1993 e 2016. Mas este “Mistério em Saint-Tropez”, escrito por Poiré e co-produzido e interpretado por Clavier, com realização de Nicolas Benamou, é a triste prova de que já nem os franceses conseguem fazer uma comédia digna dos seus longos pergaminhos. A fita passa-se em Saint-Tropez, em 1970, com Christian Clavier no papel de um inspetor da polícia desastradíssimo e inconveniente, que se disfarça de mordomo para investigar um caso de tentativa de assassínio na luxuosa vivenda de um aristocrata e milionário, cheia de convidados famosos. A ideia é fazer agora uma comédia como as do tempo em que o enredo decorre, mas as personagens são caricaturas toscas, o humor é ou raso ou a roçar o alarve, e o argumento desaproveita nomes como Benoît Poelvoorde, Rossy de Palma ou Gérard Depardieu.

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“Candyman”

Quase 30 anos depois do filme de terror original de Bernard Rose, baseado num conto de Clive Barker e que teve duas continuações muito menores, surge agora a sua continuação direta, realizada por Nia DaCosta, que em 2020 tinha feito uma curta-metragem animada sobre a origem da personagem do fantasma assassino interpretado por Tony Todd, e com Jordan Peele como um dos argumentistas e também a produzir. A história ambienta-se de novo em Chicago, nos nossos dias, quando Anthony McCoy (Yahya Abdul-Mateen II), um jovem pintor negro em ascensão que nasceu no bairro em que tudo aconteceu, e  que já foi quase todo demolido, toma conhecimento da lenda do Candyman e decide utilizá-lo como tema para uma série de novos trabalhos, acabando por o invocar. Aqui pode ler a crítica a “Candyman”.