Existe um défice de governação e de transparência das instituições que gerem o futebol e é preciso uma “revisão ética” para uma melhor distribuição do dinheiro que gera, defendeu esta segunda-feira o presidente da Liga espanhola, Javier Tebas.

O dirigente desportivo, que falava no âmbito da semana da integridade no desporto, iniciativa organizada pela SIGA (Sport Integrity Global Alliance), liderada pelo português Emanuel Medeiros, que reúne especialistas para discutirem diversos temas relacionados com a integridade no desporto, em formato digital, considera que “o futebol vive atualmente um dos momentos mais complicados”.

Para Javier Tebas, “há um défice importante de governação e transparência” das “instituições do futebol europeias e mundiais, ligas, federações, UEFA, FIFA” e outras.

O presidente da Liga espanhola considera que essas instituições não estão alinhadas com o que, hoje em dia, a indústria do futebol contribui para a riqueza do mundo.

“Em Espanha, geramos 1,37 % do PIB, mais de 180 mil postos de trabalho, direta ou indiretamente, e as normas não podem ser as mesmas de há 20 anos, têm que ser diferentes das que funcionaram até agora, [porque] a indústria do futebol é agora muito mais responsável”, disse.

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Javier Tebas mostrou-se ainda muito crítico à ideia de alguns clubes, entre eles os grandes espanhóis, de criarem uma Superliga europeia de futebol.

“Vivemos um momento em que aparecem uma série de clubes que querem novas competições, mais dinheiro para os clubes mais ricos, mais dinheiro para um número limitado de trabalhadores desta indústria, que são as estrelas do futebol, ou seja, mais dinheiro para que tenham mais Porsches, mais Ferraris, casas melhores, não se distribuindo por todos os atores do futebol”, apontou.

Por isso, defendeu, “é preciso uma revisão ética deste aspeto”.

“Concordo que as grandes estrelas têm que ganhar muito dinheiro, mas estamos a falar de outro nível, de olhar para o que estamos a fazer, como trabalhamos, com normas de governo e transparência para que esta ética que temos que estabelecer no desporto chegue a todos e haja uma melhor distribuição da riqueza produzida pelo futebol”, disse.

Javier Tebas destacou ainda a importância da integridade no futebol, lembrando ter criado um departamento na Liga desde que é seu presidente, em 2013, para combater, nomeadamente, o ‘match fixing’.

“É fundamental que as instituições desportivas garantam a integridade das competições, é o elemento básico através do qual crescem as nossas audiências ou os nossos patrocinadores”, notou.

O dirigente frisou ainda ter apostado na vertente da “segurança que os espetadores têm que ter quando se deslocam a qualquer estádio”.

“Qualquer pessoa, qualquer adepto de qualquer equipa tem que a ir a um estádio com completa tranquilidade. A integridade e segurança das pessoas é responsabilidade da Liga desde que saem de casa até que regressem”, disse.